27 de setembro de 2011

Roger Scruton

Roger Scruton

Se eu tivesse talento para a escrita e dispusesse de um espaço nobre para divulgar minhas opiniões, certamente escreveria coisas muito parecidas com as respostas dadas por Roger Scruton, intelectual conservador britânico, em entrevista publicada nas páginas amarelas de VEJA (edição 2235).

Tenho consciência de que o fato de eu subscrever as posições assumidas pelo entrevistado Roger Scruton, não confere mais prestígio e importância ao seu pensamento. Espero, entretanto, que também não tire o peso e relevância das coisas que ele disse.

Scruton foi professor nas universidades de Oxford e Boston e é um pensador instigante e temido pelas posições corajosas que assume, fora de sintonia com a maioria dos acadêmicos.

Vou reproduzir alguns trechos da aludida entrevista, sugerindo, todavia, que leiam, se ainda não o fizeram, a íntegra publicada em VEJA.

SOBRE IMIGRAÇÃO

“Não sou contra a imigração. Minha opinião é que os imigrantes só se adaptarão a um pais se forem incorporados legal e culturalmente à nação que os recebe.”

SOBRE SER MINORIA NO MUNDO ACADÊMICO

“Eu acordei do meu delírio socialista durante os tumultos de maio de 1968 em Paris. No meio da destruição, das barricadas e das janelas quebradas, percebi que aqueles estudantes estavam intoxicados pelo simples desejo de destruir coisas e idéias, sem a mínima preocupação em colocar algo relevante no lugar”.

E arremata Scruton suas considerações (suprimi parte) sobre o tema com uma afirmativa contundente: “Nas universidades muita gente pensa , mas poucos refletem profundamente”.

SOBRE O OTIMISMO

“O otimismo prejudicial é o desmedido ou, como disse Schopenhauer, o otimismo mal intencionado, inescrupuloso. É o tipo do pensamento que está por trás de todas as tentativas radicais de transformar o mundo, de superar as dificuldades e perturbações típicas da humanidade por meio de um ajuste em larga escala, de uma solução ingênua e utópica, como o comunismo, o facismo e o nazismo. Otimimo e utopia em excesso geralmente acabam em nada, ou, pior dão em totalitarismo. Lenin, Hitler e Mao pertencem a esta categoria de otimistas inescrupulosos.”

SOBRE A UNIÃO EUROPEIA

“É uma ilusão, se não uma loucura, acreditar que os alemães e os gregos podem pertencer a mesma organização e se adequar às mesmas normas financeiras. Como impor a mesma moeda, o mesmo sistema e o mesmo modo de vida ao alemão trabalhador, cumpridor das leis, respeitador da hierarquia, e o grego fanfarrão e avesso às normas?”


Reitero que se você tiver mente aberta e gosta de refletir não pode deixear de ler a entrevista e/ou um de seus 42 livros publicados. E deverá ser publicado brevemente, segundo a revista, o último deles, intitulado “As vantagens do pessimismo”. Estou curioso e pretendo ler.



Existem obras publicadas em língua portuguesa ("Beleza", Guerra & Paz, 2009; "Estética da Arquitectura", Edições 70, 2010; "O Ocidente e o Resto", Guerra & Paz, 2006 e "Breve História da Filosofia Moderna", Guerra & Paz, 2010).

Um comentário:

Freddy disse...

Hoje em dia, Carrano, acho-me bastante pessimista... Já é público e notório que as soluções para os maiores problemas que afligem as sociedades são do conhecimento de todos, a divulgação de tudo que se pensa é ampla, impulsionada agora mais ainda pela Internet e comunicação por redes sociais.
No entanto, o Poder constituído é forte em cada país, região, estado, assolados pelas desgraças (maiores e menores) e barra qualquer tentativa de solução.
Relatos sensatos como esse me lembram palavras do (desculpe) falecido Ibrahim Sued: os cães ladram (nós) mas a caravana passa.
Abraço
Carlos