14 de setembro de 2011

Criacionismo e evolucionismo

José Funes
padre jusuita
José Gabriel Funes nasceu em Córdoba, Argentina. Apesar de argentino*, concedeu uma interessante entrevista publicada no jornal O Globo (16.08.2011), sobre a discussão, já perfunctoriamente abordada neste blog, entre as teorias criacionista e evolucionista.


Funes é astrônomo, pela Universidade Nacional de Córdoba, tendo se graduado mais tarde em filosofia pela Universidade del Salvador, ainda na Argentina. Depois foi pra a Itália, onde se graduou em teologia na Pontifical Gregorian University, em Roma. Atualmente é o diretor do Observatório do Vaticano. Poderíamos dizer que ele conhece os dois lados na moeda?

De qualquer sorte, na citada entrevista, ele tenta se equilibrar entre ciência e religião, e pretente provar que a interpretação científica para a origem do universo, não invalida a explicação da igreja.

Colhi apenas duas das perguntas a ele formuladas e sua respostas:

O senhor concorda que o Big Bang é a melhor explicação para a origem do Universo? O que sente quando dizem que ele não precisou da ação de Deus para acontecer?

JOSÉ FUNES: A teoria do Big Bang é a melhor explicação científica que temos hoje para a origem do Universo. Temos várias evidências de que o Universo tem cerca de 14 bilhões de anos e, com os dados que temos, é, sim, a melhor explicação disponível. Deus, para nós cristãos, não é a energia escura, a gravidade ou qualquer outra explicação científica de como o Universo se fez. Esse não é o Deus cristão. O Deus em que acreditamos é o pai de Jesus, autor da criação, o pai amoroso que toma conta de nós e nos ama tanto que nos enviou seu filho. Claro que se pensarmos Deus como a energia escura, a força da gravidade etc, não precisamos de Deus para explicar a realidade do Universo.

Sendo, ao mesmo tempo, cientista e padre, como o senhor equilibra questões de ciência e fé?

FUNES: Não vejo contradição entre fé e ciência, pois a verdade é uma só. Creio que as duas ajudam e apoiam uma a outra. Claro que cada uma tem sua própria linguagem, método e perspectiva, mas podemos aprender da diversidade entre as duas. Houve conflitos no passado e provavelmente teremos conflitos no futuro, mas podemos superar esses conflitos com o diálogo.

Eu, o blogueiro, tenho uma certeza: “Só sei que nada sei”

Recorri a Sócrates, e vou me valer de Descartes, para encerrar:

"A filosofia nos ensina falar com aparência de verdade sobre todas as coisas, e nos leva a ser admirado pelos menos eruditos. . . omissis ... Contudo, apesar da filosofia ter sido cultivada por muitos séculos pelas melhores inteligências que jamais viveram, não há, nela, uma só questão que não seja objeto de disputa, e, em conseqüência, que não seja dúbia"

* Apesar de argentino, tem a ver com nossa aversão aos hermanos. Mas vamos combinar que a Gabriela Sabatini, os bons Malbec, Jorge Luis Borges e Bariloche são degustáveis e admiráveis. Mas o que mais invejo é a legislação penal ter previsão de prisão perpétua. E para culminar, o Magnano nos levou a uma classificação heróica no basquete.

Foto: Google

8 comentários:

Freddy disse...

Carrano,
Astrônomo amador desde os 12 anos de idade, confesso que a teoria do Big Bang, apesar de matematicamente ser a única no momento adequada para explicar tudo que vemos (e o que não vemos mas admitimos existir), não me parece algo razoável do ponto de vista do bom senso.
Preconiza um início a partir do Nada e um fim infinito, outro Nada sem sentido algum...
Não consigo aceitar. A verdade deve ser algo diferente disso tudo.

Abraço
Carlos

Anônimo disse...

Email, pauloluiz41@hotmail.com

Os dois lados da moeda.

Em toda polêmica, temos que avaliar os dois lados da questão, quando a mesma for exposta a nossa apreciação. Quando duas pessoas discutem um assunto nós temos que ouvir os dois lados para podermos avaliar e julgar com acerto, isso é um ato de justiça.
Este procedimento também deve ser seguido quando se tratar de crença religiosa. Quando crianças nossos pais nos ensinam a acreditar naquilo que eles acreditam, mas quando tornamos adultos, temos a obrigação de ampliar nossos conhecimentos temos o dever de ouvir os dois lados e saber dos argumentos de quem não acredita em religião e os argumentos de quem acredita, após analisar os dois lados podemos tirar nossa própria conclusão, mas se ouvirmos somente o lado de quem acredita em religião, poderemos estar cometendo um erro de avaliação, somente ouvindo os dois lados poderemos estar fazendo justiça na sua plenitude.
A maioria das pessoas religiosas não contesta nada, mesmo sentindo que há incoerências nas explicações religiosas, por que não contestam? Porque as mesmas têm medo de estarem blasfemando e com isso ofendendo o criador. Sendo assim muitos religiosos continuam a crer e a freqüentar templos, mas no intimo não estão tão convictos de sua fé, mas escondem suas duvidas para não se esporem ao suposto castigo de Deus.
Não precisamos ter nenhum medo de expor nossos pensamentos sinceros, pois se Deus existir realmente, naturalmente ele nos julgará pela nossa sinceridade e não pela falsidade de esconder nossas dúvidas.
Sei perfeitamente, pessoas já enraizadas na crença religiosa jamais irão mudar, pois os mesmos tem medo do castigo de sofrer no inferno por toda eternidade, inferno este que é uma figura folclórica, a qual foi criada para amedrontar e manter as pessoas dominadas pelas religiões. Os destemidos que quiserem tirar duvidas e ouvir o outro lado da questão, leia os textos de um pensador e pesquisador americano do século dezenove, o nome dele é Robert Green Ingersol. Basta digitar o nome dele no Google.

Paulo Luiz Mendonça.

Jorge Carrano disse...

Caro Paulo Luiz,
Antes de mais nada, muito grato pela visita virtual e pelo comentário pertinente.
Confesso meu desconhecimento e, portanto, absoluta ignorância sobre o pensamento do citado Robert Green Ingersol.
Mas certamente seguirei sua sugestão e buscarei no Google.
Se alguma virtude tenho, ela é a disponibilidade para aprender. Quando não concordamos com o pensamento divergente, por falta de consistência, se o caso, acabamos por reforçar nossas crenças.E se são convincentes os pensamentos contrários, vale a reflexão e assimilação.
Apareça se e quando quiser.

Jorge Carrano disse...

Paulo Luiz,
De novo, começo agradecendo. Desta feita por me apresentar ao Ingersoll. Estou envergonhado por desconhcer esta figura, que pelo que li até agora (Wikipédia), foi taõ importante na história dos USA, nos campos da Política, do Direito e da Religião.
Procurarei ler o que for possível da obra dele.
Saudações cordiais.

Freddy disse...

É difícil debater religião.
Fui criado no seio do catolicismo, tenho muita coisa dele arraigada dentro de mim, misturada com minhas incontáveis dúvidas por ter uma mente científica, por natureza e por estudo.

Na oportunidade, usarei palavras de um chefe que tive, que deve também ter tirado isso de algum lugar:
"Todo fato tem 3 versões: a minha, a sua e a verdadeira".

Abraços em todos
Carlos

Jorge Carrano disse...

A fonte mais confiável onde li, dá conta de que a frase "todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira", é um proverbio chinês.
Abraço

Jorge Carrano disse...

Morre Stephen Hawking:


https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/o-que-fez-de-stephen-hawking-um-dos-cientistas-mais-influentes-da-historia.ghtml

Jorge Carrano disse...

Universos paralelos:

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2018/03/confira-o-ultimo-artigo-que-stephen-hawking-escreveu-antes-de-falecer.html