23 de setembro de 2011

Novas formas de autopromoção

Estudo de caso: Jade Justine Towse

Por
Carlos Frederico M. B. March


O uso de redes sociais para divulgação é uma atividade que recentemente está ganhando uma força inimaginável. Sim, tem os websites oficiais de cada firma ou empresário ou profissional, blogs, mas em geral acessados por quem procura especificamente algo daquele assunto ou ramo de atuação em particular.

O YouTube, até pouco tempo atrás, era reduto de filmetes e brincadeiras despretensiosas. Dentro de meu rol de interesse, eu habitualmente o acessava para conseguir filmetes amadores de bandas das quais gosto e que, na carência de vídeos oficiais, as tomadas através de câmeras escondidas dentro de casacos ou de celulares supriam tal carência.

Em pouco tempo as próprias bandas e cantores(as) começaram a postar seus próprios filmetes, clipes e até mesmo tomadas de fãs nos concertos porque depender da rede oficial (gravadora, produtora, divulgadora) pode ser muito caro ou até impossível. Para dar um exemplo, nunca saiu um vídeo oficial do After Forever, banda holandesa de heavy metal extinta recentemente, mas no YouTube e nos sites de torrent você consegue ao menos dois bons concertos inteiros mais várias tomadas individuais de sua curta carreira, cujo término frustrou toda uma legião de fãs.


Ainda não sou expert nas várias redes existentes, entre elas se insere o MySpace, que é um dos canais adequados para tal divulgação independente. Meu post se refere a uma única experiência que me pareceu demonstrativa de como a coisa pode ser usada como meio de divulgação e autopromoção por uma jovem comum.

Fã que sou de heavy metal gótico melódico, uma das facetas do gênero que embasa minha paixão é a presença de mulheres no cenário. Como devem saber, o cenário metal é, em geral, violento no sentido de ríspido, agressivo, com alusão a morte, tortura, adereços metálicos, som rascante e alto. No entanto, a vertente que me agrada não só exibe mulheres como também o conteúdo musical é melódico, a harmonia é palatável. Inúmeras peças têm muito do jeitão da música erudito na forma e no conteúdo, misturando o uso de instrumentos modernos com orquestras e até corais em longas melodias, com tema, enredo e cenas encadeadas. Nos anos 70-80 tínhamos nessa linha o rock progressivo, hoje já temos várias óperas-metal muito boas.

OK, deixemos de lado a genética do heavy metal e passemos ao YouTube. Por mero acaso achei um vídeo do que parecia uma menina muito novinha tocando uma música do Metallica (heavy metal) em "cover" - coloca em volume baixo a música e executa a parte que lhe compete para demonstrar sua performance.

http://www.youtube.com/watch?v=uytma1w1hE0&feature=related (Metallica, Master of Puppets) - mais de 1.230.000 visitas!

Jade Justine Towse é o nome dela. A execução, apesar de não ser tecnicamente exemplar, me cativou justo pelo contraste entre a aparência da guria e o que ela faz.


Interessado, deu-me vontade de prosseguir, já que havia outros posts dela no YouTube. E, tendo lido comentário da própria de que ela era baixista por opção e que a experiência dela como guitarrista era restrita, tentei dois com ela no baixo:

http://www.youtube.com/watch?v=uytma1w1hE0&feature=related (Jackson 5 - I want you back)

http://www.youtube.com/user/JadeJustineTowse#p/u/16/EbV3k-oHGj0 (Grease - You're the one I want)
Gente, olha nos vídeos o tamanho do baixo comparado à guria! Cada vez mais impressionado, fiquei pesquisando os vários posts dela e vi um de piano que também achei interessante:

http://www.youtube.com/user/JadeJustineTowse#p/u/4/hWya1PDrnHo (Boogie Man)


 
















Eu toco piano, não sou um virtuose mas estudei a sério anos - um acidente cortou meu pulso direito e minha carreira, limitando-me movimentos dos dedos. Achei legal a facilidade com que Jade faz o baixo com a esquerda e o swing da música com a direita. Mais uma vez, apresenta uma virtuosidade bastante limitada, mas ainda não vinha ao caso, pois espera lá! Eu já assistira a pequena Jade tocando guitarra heavy, baixo pop e piano boogie! Minha humilhação começava a crescer!

Enfim dispus-me a entrar no YouTube e me cadastrar como seguidor dela. Então o cenário todo se revelou. Jade, originária do Reino Unido, começou aos 6 anos e toca teclado, piano, órgão de igreja, baixo, guitarra e (uff) sax alto. Hoje cruzou o globo e mora nas Filipinas onde tem uma pequena banda local. Gosta de tirar as músicas de ouvido por não ter saco de ler as partituras (como eu). Simpática e sorridente, diz num dos posts que adora sua aparência jovem e mignon - é o grosso das perguntas a ela feitas via rede => vai fazer 20 agora (outubro/2011) e comenta, marota, que aos 50 provavelmente terá corpinho de 30.

 
















E o que tem isso tudo a ver com esse post? É que Jade Justine fez toda uma propaganda pessoal no YouTube desde fevereiro de 2009, ainda menor de idade, apresentando aos poucos na rede seus dotes musicais como performer através de posts isolados. Sabia provavelmente que o chamariz seria o contraste entre sua estampa de adolescente e o enorme baixo ou a rispidez do heavy metal em suas performances na guitarra.

Em tempo, um ácido comentário masculino acerca de outra menina que também trilha uma carreira que tende a ser bem sucedida por conta de sua juventude e beleza tem um fundo de verdade: fossem os tais vídeos postados por um rapaz, provavelmente ninguém o assistiria uma segunda vez. Mas vamos lá, como diria o poeta, as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental! E eu acrescento, do alto de meus 60 anos: a juventude é maravilhosa!

Ela já havia se inscrito no MySpace http://www.myspace.com/jadejustinetowse desde junho/2008, mas quem é que procuraria uma tal de Jade Justine lá? Até hoje sua visibilidade no MySpace é pequena. No entanto, através de seus posts caseiros audiovisuais inseridos no YouTube, Jade aos poucos se fez conhecer, angariou seguidores e hoje tem nele um canal só seu com 13.040 inscritos, seus vídeos já contam com mais de 3.285.000 visitas no total, está começando um trabalho musical nas Filipinas e se lançou no mundo!

É hora de usarmos todos esses recursos que a tecnologia moderna de comunicações nos apresenta. O mundo inteiro está aqui, à nossa frente, virtualmente ao alcance de nossas mãos, o dia todo!






Fotos extraídas do MySpace/JadeJustineTowse

10 comentários:

Gusmão disse...

Peraí, Carlos, você vai ao extremo de gostar de heavy metal gótico melódico só porque tem presença feminina?
Eu prefiro ouvir música mais melódica, mais harmoniosa, mais romântica e ter a mulher ao meu lado.
Mulher com boa presença, em banda, temos a Paula Toller.
E se me permite um reparo, alguns sites e blogs tratam de coisas bem específicas. Mas não é o caso deste, onde voces falam de tudo, inclusive de um gênero, para mim exótico, cujo nome teria dificuldade de memorizar: heavy metal gótico melódico. E já teve agricultura orgânica, ideogramas, apicultura hindú e outras temas populares, segundo verifiquei em breve pesquisa. Mesmo no terreno musical, já falaram de sambas de enredo, sambas clássicos, jazz e tango.
Bom final de semana para voces aí do GE (que não é a lâmpada, mas também produz luz)
Gusmão

Jorge Carrano disse...

Gusmão,
Apressei-me em liberar seu comentário porque, de certo modo, é elogioso (e nós gostamos de elogios). Mas estou sem tempo, neste momento, para abordar alguns aspectos de seu comentário. Deixarei por conta do autor da matéria. Depois voltarei.
Bom final de semana para você também.
Abraço
Em tempo: lâmpada não produz apenas luz. Produz gênios também. (rsrsrs)

Gusmão disse...

Só para deixar mais claro, o que é realmente bom é simples. A simplicidade é uma virtude. A começar pelo nome. Veja exemplos: samba, frevo, jazz, tango, blues, baião.
Tudo nome curto, imples, que independe de adjetivações.
Heavy metal gótico melódico, é quase um parágrafo inteiro para definir o estilo.
Abraço
Gusmão

Freddy disse...

Hoje estou em Friburgo, zen (palavra curta!).
Eu me considero bastante eclético em música, já que fui criado com erudita, estudei piano clássico, depois vieram Beatles, Rolling Stones, a seguir Pink Floyd, Jimi Hendrix, The Who e a coisa se espalhou.
NO ENTANTO, uma coisa eu posso afirmar com convicção: DETESTO samba, bossa nova e a maioria dos ritmos ditos latinos. Fazem mal à minha saúde.

Em termos de música brasileira, gosto de algo regional vindo de Minas, Goiás, Mato Grosso, (Beto Guedes, Sérgio Reis, Almir Satter, Marcus Vianna, hoje em dia Paula Fernandes), não desgosto de ritmos nordestinos (por conta de minha paixão por festas juninas).

Sobre a presença feminina, é porque eu gosto de voz de mulher. Voz de homem não me agrada (exceções há). Minha mulher já diz o contrário. Por que será?!

Tenho um amigo que DETESTA piano. O que fazer, se é meu instrumento de escolha? Brigar com ele? Deixar de recebê-lo em minha casa?

Mas o bom é o debate, as divergências. O que seria de um blog sem isso?
Bom fim de semana!
Carlos

Freddy disse...

Ah, sim, um adendo.
O post não é sobre heavy metal gótico melódico, é sobre como uma guria (uma joana ninguém) conseguiu autopromoção e oportunidade de trabalho através do uso paulatino e organizado de um espaço que está à disposição de todo mundo: o YouTube.
Abraço
Carlos

Jorge Carrano disse...

Vamos tentar organizar o "debate". O foco do post, segundo o Carlos Fredrico, é a menina desconhecida, que soube tirar partido de uma ferramenta barata e aficiente, de alcance mundial, para se promover. Tanto que o titulo fala em autopromoção.
Eu e você, Gusmão, podemos até não gostar do gênero (em off o Carlos me avisou que não pretende me catequisar mandando links de clips de bandas do estilo), mas a verdade é que existem milhões de fãs pelo mundo, a jugar pelos acessos no YouTube. Alguma valor artístico devem ter.
Em matéria de voz feminina (para não citar as negras, que minha mulher diz serem as minhas "negas", de forma carinhosa) citarei a Janis Joplin. Há que colocar alma no que é emitido em forma de canção. Sem prejuízo da melodia, como a Ella Fitzgerald conseguia. A Billie então era covardia.
Vejamos se nos entendemos: a promoção da arte através da grande rede e seus diferentes canais é muito bem aproveitada por alguns músicos, cantores e bandas; por causa dos filhos, acabei ouvindo, no passado, muito Dire Straits, Supertramp e Pink Floyd ( e até gostei de algumas coisas); o estilo heavy metal( gótico ou não) ainda não me convenceu, mas respeito o gosto do Carlos, que tem formação musical melhor do que a minha e, portanto, mais condições de fazer avaliações.
O respeito a diversidade de opiniões é ponto de honra neste. blog.
Todos temos alguma razão. E a razão é sempre pessoal.

Jorge Carrano disse...

Carlos Frederico,
Obrigado, de novo, pela colaboração, trazendo um tema novo que, pelo visto, permite debate respeitoso o que é,portanto, positivo.
Mas cá entre nós, como catequista (missionário) você morreria de fome, pois ainda não me convenceu (rsrsrs).
Abraço forte.

Freddy disse...

Carrano, não pretendo convencê-lo de nada, homem! Em e-mails lhe mandarei algumas coisas sobre música erudita garimpada no YouTube, que não é ponto de encontro de roqueiros não! Lá tem de tudo, bom e ruim.

Mas aproveitando o clima criado, gostaria de dizer que música nos atinge independente do gênero. Eu detesto bossa nova e samba, mas toco o "Samba da Bênção", "Eu sei que vou te amar" e mais umas 6 ou 7, vamos chamar de exceções. Fazer o que se gostei? Eu abomino pagode mas aprendi um que entrou dentro de minha mente e nunca mais saiu, ora pois!
Apesar de pianista de formação clássica e violonista de horas vagas, a distorção na guitarra elétrica me arrepia até os cabelos mais íntimos! Fazer o quê, negar o heavy metal?
Eu não discuto comigo mesmo essas questões de gênero musical, apenas curto o que me faz feliz.
Abraços
Carlos

Freddy disse...

Sobre a voz feminina...
Desde adolescente eu ansiava por ver meninas cantando e tocando nas bandas, mas ainda hoje é quase tabu! Há uma grande máfia masculina na mídia.

Tirado da Wikipedia:
"Metal Female Voices Fest é um festival de heavy metal, realizado anualmente na Bélgica desde 2003. É organizado pela agência da Organização Metal e, como sugere o título, só tocam bandas de metal com vocais femininos."

Já tem a edição 2011. Não sou só eu que gosta de mulher no heavy metal!!

Na realidade tem mulher em todos os tipos de heavy metal. No entanto, os subtipos melódico - do qual o gótico é apenas uma das facetas - e o sinfônico são os meus preferidos. Suas maiores expressões se concentram na Europa continental, mais especificamente na Holanda, Noruega e Finlândia, com alguma coisa boa também na Alemanha e Itália.

Abraços
Carlos

Carlos cruz disse...

Já viram o vídeo onde ela responde que é ela mesma tocando os instrumentos? Muita gente duvidava. Eu sigo Jade há mais de um ano e admiro a atitude dela. Espero que ela viva de música profissionalmente e tenha sucesso sem os excessos comuns da fama. Se eu conheço ela bem, ela não cai nessa: já viram o vídeo que ela toca uma paródia de uma música black eyed peas no baixo?
=)
wtg!