2 de setembro de 2011

Agricultura orgânica - correspondência recebida

Por
Sergio Henrique Soares Carrano*
Greenville, South Carolina, USA (em trânsito)



Recebi do autor do texto uma correpondência eletrônica, que vai abaixo publicada com a devida autorização:


"Prezado Jorge,

Aqui é seu primo Sergio Carrano, filho de Hamilce e Eneida, irmão de Ricardo. A propósito, estou neste momento na residência de Ricardo em Greenville, South Carolina, USA. Em função de uma apresentação que vou fazer em um Congresso de Agricultura Orgânica na Coréia do Sul no fim de setembro, resolvi passar uns dias nos Estados Unidos para matar um pouco da saudade de meu irmão e sua família, bem como praticar um pouco do idioma inglês.

Então o assunto é agricultura orgânica. Me envolvi com a regulamentação da legislação brasileira – Lei 10.831/2003 (dispõe sobre o Sistema Orgânico de Produção Agropecuário), quando prestei consultoria jurídica a uma fazenda de produção de alimentos naturais em Silva Jardim, no Rio de janeiro há cerca de 15 anos. Me apoxonei pelo assunto e desde então tenho dedicado parte de minha carreira como advogado, atuando como consultor jurídico especializado nesta legislação.

Temos sim uma legislação específica para a produção orgânica. O aparato jurídico composto de Lei Federal, Decreto de Regulamento e quase uma dezena de Instruções Normativas – Regulamentos Técnicos, entraram em vigor em janeiro deste ano. O Projeto de Lei foi apresentado na Câmara dos Deputados em 1999 e tramitou durantes anos, até que, em dezembro de 2003 a lei federal foi sancionada pelo Presidente Lula e depois veio a regulamentação.

Como sou advogado com MBA em Relações de Consumo (Direito do Consumidor), me dediquei especialmente na construção dos regulamentos relativos à garantia da qualidade orgânica, ou seja, na elaboração dos critérios que visam a dar ao consumidor final a informação de que o produto foi de fato elaborado mediante as regras de produção.

Na venda direta do produtor ao consumidor, como se faz em pequenas feiras locais, basta ao produtor ser cadastrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e, ele poderá exibir no local da venda um certificado que atesta que seu produto é orgânico. Esta é a chancela fornecida pelo próprio MAPA.

No caso de produtos processados e embalados, o fabricante deverá optar por ser inspecionado por uma entidade certificadora ou por um Sistema Participativo de Garantia, sendo ambos, processos de avaliação da conformidade orgânica que permitem ao produtor, utilizar o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (Siorg) na rotulagem do produto. Esta é a chancela fornecida por uma entidade autorizada pelo MAPA.

Em resumo, se você adquirir um produto orgânico em uma feira local, observe se o produtor está devidamente cadastrado no Ministério da Agricultura. Do contrário, duvide se o produto é de fato orgânico. Po outro lado, se você adquirir um produto orgânico embalado, verifique se no rótulo existe o selo do Sisorg.

Na dúvida sobre a procedência do produto orgânico, o site www.prefiraorganicos.com.br é o enderêço oficial do Governo – MAPA, que informa sobre todos os produtores que estão cadastrados e aptos a vender produtos orgânicos.

Obrigado pelo contato e forte abraço."


* Sergio Carrano – www.sergiocarrano.adv.br
Advogado especializado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas - FGV/RJ e pós-graduado em Direito do Consumidor pela Escola Superior de Advocacia da OAB/RJ

Fotos: SEBRAE

4 comentários:

Gusmão disse...

A Coreia do Sul é referência mundial em agricultura orgânica?
Sabe que eu por vezes me sinto lesado ao comprar produtos como sendo orgânicos, pagando mais caro, sem ter certeza da procedência e de que não foram usados aditivos químicos? Como fiscalizar uma grande quantidade de pequenos agricultores que vendem seus produtos diretamente em feiras?
Acho que foi neste blog mesmo que li uma tentativa do blogueiro de ter uma horta orgânica em sua casa na roça e não conseguiu sucesso. Sem agrotóxicos as lagartas comiam tudo.
Mas o assunto é interessante.
Abraço
Gusmão

Jorge Carrano disse...

Não sei, Gusmão, se o Sergio terá oportunidade de responder sua pergunta sobre a Coreia. Afinal ele está em viagem e estudando, e pode não ter tempo para acessar o blog. Apenas comento que nem sempre um país que promove os eventos tem autoridade ou é referência. Veja que o Brasil já patrocinou conferência mundial de meio ambiente. E que eu saiba estamos muito longe de preocupação com o tema. Mas enfim, com a palavra o Sergio.
Efetivamenete mencionei em post antigo, meu insucesso com a horta sem agrotóxicos. Mas vale lembrar que sou amador e fiz bobagens, como arrancar os pés de carurú que ajudariam no processo.
Obrigado pela visita.

Freddy disse...

Pessoal,
Pode parecer retrógrado, mas de momento ainda fujo dos orgânicos! Alguém já tentou tomar uma cerveja orgânica? Tentem a Eisenbahn Natural: uma m... !! Vinhos orgânicos? Outra b... !
Sem contar que são mais caros, não bastasse a incerteza da seriedade do produtor.
Pode ser que meus filhos se beneficiem disso, mas acho que morro antes!
Em tempo: Eisenbahn é uma das mais conceituadas e premiadas cervejarias artesanais brasileiras, sediada em Blumenau, infelizmente agora adquirida por uma das gigantes => garantia de declínio.

Abraços
Carlos

Jorge Carrano disse...

Os conceitos de agricutura orgânica, economia sustentável, energia limpa e outros modismos, são interessantes e, diria mesmo, fundamentais para a sobrevivência do planeta. Se é que o planeta tem algum futuro longo pela frente.
Abraço