Trocamos ideias, eu e minha mulher, sobre a eventualidade de reencarnarmos, num mesmo período e - quem sabe? - voltarmos a casar.
Chegamos a conclusão que gostaríamos, com alguns ajustes.
Por exemplo, ela deveria escolher Niterói para seu renascimento. Minhas viagens para Cachoeiro de Itapemirim foram penosas, longas e cansativas.
Também a hospedagem, nos feriadões, era muito precária, eis que por motivos financeiros ficava em uma pensão muito modesta, com um banheiro coletivo.
Claro que poderíamos dispensar o período de namoro, de dois anos, e também o de noivado, outros dois, posto que já nos conhecemos bastante.
Ela precisaria rever sua posição absolutamente contrária à entrada de cachorro no interior da residência, que sempre achou descabido.
Nas duas ocasiões em que, morando em casa térrea, com quintal, tivemos cachorro, eles eram proibidos de entrar nas dependência internas.
Imagine só, ponderava ela, subir na minha cama. Nem mesmo no sofá.
Entretanto comentei que ela precisaria talvez rever, flexibilizar, seu pensamento, porque quem sabe valesse a pena não termos filhos, substituindo-os por cachorros, com razoáveis vantagens.
Ela ficou de pensar a respeito, porque muito pelo contrário ela quando menina e adolescente planejava ter muitos filhos, a exemplo de sua avó e sua mãe, que tiveram proles numerosas.
Temos dois, o que considero uma bom número, se é para ter filhos. Preocupações com a saúde, as febres altas que implicavam em noites mal dormidas, sem contar o choro intermitente na fase de berço e as chegadas tarde da noite, quase madrugada, na adolescência, foram momentos sofridos.
E, convenhamos, criar filhos custa muito caro. Poderíamos ter viajado dez vezes mais do que o fizemos. Poderíamos da próxima vez, numa nova vida em comum, quem sabe, ir conhecer o oriente, onde nunca estivemos.
A lua de mel com absoluta certeza será muito melhor e bota melhor nisso, porque a experiência e identificação do que é bom e do que é muito bom já está revelado.
Se por caso esta postagem for lida pelos nossos filhos, espero que sejam capazes de abstrair nossa vida e convívio real, e aceitar como um delírio, um devaneio, as nossas conjecturas sobre um novo matrimônio quando reencarnarmos.
Talvez sem os filhos, que entretanto, se reencarnarem, terão a oportunidade de nascer numa família melhor, com pais mais sensatos, preparados para educar e orientar. É o lado positivo de nossa rejeição a filhos.
Tudo isto é surreal eis que sequer estou convicto sobre a reencarnação, e minha mulher não acredita. Mas se nos encontrarmos de novo, aqui ou em outro "mundo", direi para ela: eu não disse?!
4 comentários:
Sensacional !
Parabéns pela ideia de um post assim, e muito mais pelo texto.
Tenho que "grokar" (como dizia Freddy) para comentar com mais profundidade, pensando como seria eu e a Matriarca Vascaína ...tenho que conversar com ela para depois escrever.
Se não comentar, é porque não sobrevivi ao debate com ela.
Super FDS a todos do Pub.
Obrigado, Riva.
Bom final de semana para vocês também.
Esse tema da reencarnação sempre me fascinou, Carrano. Atrevi-me até a escrever um pequeno livrinho onde abordo superficialmente a matéria, "en passant", é claro, pois não tenho conhecimento religioso ou filosófico para um enfoque mais profundo. Acho que te mandei um exemplar de "O RENASCER"... Mas, foi muito oportuna a menção que você fez a respeito de tema tão delicado e tão obscuro para nós.
Pois é, Carlinhos, recorri à licença poética que a ficção permite para, ao invés de fazer renovação votos, reafirmar meu acerto na escolha da companheira que, somados os 54 anos de casamento, aos dois de namoro e mais dois de noivado, somam 58 anos de extremas alegrias e realizações, entremeados de raros e passageiros aborrecimentos.
O texto não guarda, por pura ignorância na matéria, nenhuma relação com preceitos religiosos, crenças ou superstições.
Valeu seu generoso comentário.
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