28 de setembro de 2012

Chega de charme

Por
Gusmão
(rodneygusmao@yahoo.com)

Confesso que cheguei a me entusiasmar com a novela “Cheias de charme”. Utilizando espaço cedido pelo titular do blog, postei aqui comentário elogioso.

Mas chega de charme. De lá para cá, com a novela na reta final, minha opinião se não mudou inteiramente, pelo menos modificou 90 graus, no sentido anti-horário.

É que houve um exagero nas sequências de cantorias, com personagens e convidados do mundo musical, alguns dos quais com apelo popular, mas que não me tocam o sentimento.

Virou quase um musical tantas as cenas de vídeos de shows e apresentações em programas da emissora (Faustão, Luciano Hulk, Ana Maria Braga,  etc).

Na verdade um truque para promover a grade da emissora ao tempo em que estes apresentadores promoviam a novela.

De novo, e um bom filão, foi o uso da WEB, com divulgação de clipes das músicas e personagens, para divulgar fofocas próprias da trama e para , óbvio, intercomunicação. A internet foi quase um personagem.

Poucas vezes houve tanta inserção de merchandising quanto em “Cheias de Charme”. Praticamente em todos os capítulos, e algumas vezes de mais de um produto no mesmo episódio: vendiam carros, produtos de beleza, produtos de higiene doméstica, bancos, entre as coisas que agora me ocorrem. Muito explícito e por vezes fora de contexto.

E a linguagem diferente acabou sendo deixada para trás e aparecerem todos os clássicos clichês telenovelísticos: filhos que só conhecem os pais depois de muitos anos; falsificação de exames de DNA; sósias, triângulos amorosos em profusão;  casais de classes sociais diferentes, mau caratismo dissimulado; enfim, um enorme cardápio de lugares comuns.

E também as clássicas  situações de desmascaramento de personagens inocentes  e honestos,  e bandidos, vilões e malfeitores redimidos.

O elenco esteve bem, com destaque para a Claudia Abreu  (Chayene) e Marcos Palmeira (bem no papel de cafajeste, malandro, golpista).

Foram muitas as participações especiais. Uma apelação aceitável, quando  as aparições são bem inseridas no roteiro.

A novela teve um viés humorístico interessante, com boas sacadas, nos diálogos e nas situações.

Não me conformo com o fato de Maria da Penha (Tais Araújo), empreguete que ficou rica, ascendeu socialmente, tendo como melhor amiga uma advogada e que foi trabalhar – como assessora – num escritório de advocacia, continuar errando nas concordâncias (grosseiramente) e falando errado, como por exemplo dizendo “mermo” ao invés de mesmo.

Foi mal. Discriminação? Se até o ex-presidente Lula deixou de falar menas verdade, ao invés de menos verdade, bem que a pobre da Penha poderia ter melhorado seu linguajar.

Por último, e isto me incomodou desde o início, deram muito espaço e visibilidade para um moleque transgressor, rebelde sem causa fora de época (estiveram em moda nos anos 1960), que causou danos ao patrimônio privado e invadiu propriedade alheia, acabar por se dar bem e virar famoso (embora tenha continuado marrento).

Não gostei da promoção de um pichador que  ganha notoriedade, fora das páginas criminais,  e vira dono de Galeria de Arte.

E um empresário que monta um escritório de advocacia para defender causas sociais. Paladino dos pobres e excluídos. É pura ficção mesmo.
  

12 comentários:

Jorge Carrano disse...

Termina hoje, não é Gusmão?

Gusmão disse...

Sim, termina hoje.
Na próxima semana começa uma que fez grande sucesso no passado, tendo como protagonistas dois excelentes atores: Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Nesta nova versão que vai começar, os atores principais serão Irene Ravache e Tony Ramos.
Prometo que não comentarei (risos).

Ana Maria disse...

Gusmão tem razão. A novela abusou do "merchan" e dos números musicais. Isso para nosso gosto pessoal, que creio, está alinhado com a minoria. O povão quer ver estrelas e astros inseridos nas novelas e o atendimento da globo sempre foi bombardeado com pedidos de informações sobre roupas, acessórios e decorações que aparecem na novela. Melhor então, lucrar com isso. As novelas da Globo são superproduções, com custo monumental.
É estranho ver a Empreguete trabalhando no escritório, ainda que no cargo de assessora, de ponte entre os advogados e a classe de empregadas domésticas.
Estranho, mas, como o autor do post ressaltou, até o Lula comete esses errinhos gramaticais.
Quanto ao todo, não gostei de algumas tramas e soluções, mas fazer o que? Tb não gosto de algumas delas na vida real.

Jorge Carrano disse...

Bem-vinda, Ana Maria.
Conte-nos como encontrou os Pampas. Fazia muito frio por lá?
Pela TV, as imagens mostravam neve.
Bj.

Freddy disse...

Estou com a Ana Maria: também não gosto de muitas das soluções que a vida real escolhe para suas tramas...

Bom fim de semana
Freddy

Ana Maria disse...

Grata pela recepção. O frio em Porto Alegre não me assustou. Igual ou até menor que o da minha serra.
Quem deve estar congelando é o Ricardo dos Anjos, lá em Nova Petrópolis.

Ricardo dos Anjos disse...

Congelado nada. Dia claro de sol após dissipação de nuvens pela manhã. Neste exato momento
(dia 28/9, às 22h45)o termômetro marca 12ºC... Para amanhã previsão de 23ºC a máxima com mínima de 12°C
Domingo esquenta mais e a máxima atinge 28 graus.

Jorge Carrano disse...

Bem, Ricardo, para mim 12º C é frio pra burro.

Freddy disse...

Por isso não subi pra Friburgo na 3a feira. Havia previsões de "máxima" de 12 graus nos dias que seguiam (!!)
Dei sorte, pois peguei uma pequena gripe e teria ficado muito mal lá em cima, na friagem...
Abraços
Freddy

Gusmão disse...

Parece que, com exceção da Ana Maria, ninguém aqui assistiu a novela enfocada. Ou preferiu não se entregar.(rsrs)
Bom final de semana.

Ricardo dos Anjos disse...

Em Terê, onde deixei casa e amigos, os termômetros marcaram
-1ºC e num dia seguinte -4ºC, segundo postagens no Face. Como fiz estágio de 7 anos lá, tiro de letra o frio daqui, com geada e tudo que diz respeito. Só não nevou, embora os habitantes de Nova sonham com isso.

GUSMÃO disse...

Esta novela está sendo reprisada.