24 de agosto de 2025

JAGUAR - o cartunista

 

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, (Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 1932 – Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2025).


Faleceu hoje. RIP.



Soube há pouco e não terei tempo, e tampouco inspiração, para uma homenagem. Não a altura do que ele merecia.

Busquei no blog algo que pudesse reiterar e logo surgiu na tela uma postagem sobre uma viagem de minha sobrinha à França.


Na aludida postagem a Claudinha manifestava muitas opiniões coincidentes com as do Jaguar, explicitadas em crônicas no jornal "O Dia".

"Vejam só a opinião do Jaguar, festejado, mui justamente, cartunista, humorista e cronista, sobre viagem que fez França.

Em primeiro lugar ele achou nojentos os garçons dos bistrôs e restaurantes de Paris. Achou-os – os garçons – arrogantes e metidos a besta. Contou o Jaguar, em crônicas publicadas no jornal O Dia, há já alguns anos, que eles ficavam mortalmente ofendidos se fossem estalados os dedos para chama-los, e, mais ainda, se fossem chamados de garçon. E acrescentou, com seu humor peculiar, que chamar “Ô meu”, então, nem pensar.

Segundo o cronista, se o sujeito (garçon) detestava, ao ser implorada sua atenção, o mais remoto sinal de urgência, você ficava mofando na mesa sem comer nem beber.

Entretanto, a exemplo do que comentou a Claudia, também o humorista achou a cozinha francesa imbatível. “As batatas fritas não deixavam gordura no guardanapo de papel”. A única coisa que eles sabem fazer mesmo é comida, segundo Jaguar.

Eu acrescentaria o vinho. E no que concerne aos contras, deve-se mencionar que até 2005, pelo menos, quando foram banidos os Gauloises e Gitanes, tinha-se que conviver com o forte cheiro destes cigarros nos bistrôs e, também, com o cheiro dos cachorros levados pelos frequentadores, também nos restaurantes, e que ficavam estirados sob as mesas. Os cachorros, não os frequentadores.

As praias do Sena, citadas pela Claudia, foram comparadas pelo Jaguar ao Piscinão de Ramos. Ela – Claudia - pegou leve neste particular.

Não localizei crônica de sua autoria em meus arquivos.  Mas achei parte de uma na qual informa não ter endereço eletrônico e  dificuldades com o virtual.

Ei-la: "Acho que eu deveria constar no ‘Livro Guinness dos Recordes’ como o único jornalista que não tem e-mail. Quem me pergunta passa da indignação (pensa que estou debochando) ao pasmo (ao ver que estou falando sério). Virtualmente, não existo. Ou, na melhor das hipóteses, sou um homem de Neandertal, 32 a.G (antes de Gates, que nasceu em 1955). Vou dar uma de profeta: a velha medida de tempo, a.C.(antes de Cristo) será trocada, mais cedo ou mais tarde, por a.G. Um amigo se ofereceu para criar um blog para mim. Não tenho a menor ideia do que vem a ser um blog."

Além de cartunista era ótimo cronista.

Excelente referência ao magnífico Aparicio Torelly - Barão de Itararé.


5 comentários:

Jorge Carrano disse...

Inesquecível o personagem Gastão, criação do Jaguar.
Sentia ânsias de vômito todas as vezes em que se deparava com situações tão absurdas, tão deprimentes, tão bizarras, tão esdrúxulas, tão repugnantes, tão vexatórias quanto algumas que ocorriam repetidas vezes.

Jorge Carrano disse...

Em 1969, juntamente com seus colegas cartunistas Millôr Fernandes , Ziraldo e outras celebridades jornalísticas, fundou o inovador jornal satírico O Pasquim.

Jorge Carrano disse...

A não ocorrência da batalha é lembrada como uma das mais famosas "histórias" do Brasil, e a cidade de Itararé passou a ser associada a essa expectativa de um evento sangrento que nunca se concretizou.
• O jornalista Apparício Torelly, que adotou o nome de "Barão de Itararé", popularizou essa ideia em suas obras, contribuindo para o caráter jocoso do evento.

RIVA disse...

Um mago do cartoon.
Não sei como seriam aturadas suas criações pelo Judiciário de hoje, fora os processos por "ismos" diversos, bullying, etc.

Jorge Carrano disse...

https://cbn.globo.com/cultura/noticia/2025/08/24/morre-aos-93-anos-o-cartunista-jaguar-um-dos-fundadores-do-pasquim.ghtml
https://oglobo.globo.com/ela/noticia/2025/08/24/em-ultima-entrevista-ao-globo-jaguar-relembrou-amizades-boemia-e-carreira-foi-uma-vidinha-boa.ghtml

Última entrevista, concedida à Rede Globo. Chama a atenção o grupo que frequentava o Cobal, no Leblon. Este encontro era muito referenciado pelo João Ubaldo em suas crônicas dominicais.
Tenho uma amiga que sem participar diretamente do grupo, frequentava o mesmo espaço.
“Tínhamos um grupo muito ligado. Nos víamos diariamente no Cobal no Leblon. Sábado de manhã era sagrado. Ia todo mundo pra lá e ficava o dia inteiro. Era Tom Jobim, Chico Caruso, João Ubaldo, Paulo Cazé. Não tinha uma tribo… Tinha advogado, médico... O Oscar Niemeyer me adorava. A grande homenagem que tive na minha vida, na verdade, não teve. O Oscar ligou pra mim e falou que queria fazer uma homenagem pra mim no Sambódromo, um obelisco. No alto, teria uma estátua minha. Recusei. Teve outra que também não teve. O dono do Cobal era muito amigo meu. E ele resolveu fazer uma homenagem pra mim. Só que… Ali era uma confusão, vivia cheio de gente. E ele me chamava de Lan (cartunista italiano radicado no Rio). Aí ele chegou e falou: “Fiz em sua homenagem”. Era um painel, cheio de azulejos, mas fez pro Lan. O Lan nunca tinha ido lá.”