1 de março de 2015

Papo de Astronomia - Novidades em 2015 (1)



Por
Carlos Frederico March
(Freddy)







Astronomia... Ficar olhando o céu e imaginando os confins do Universo, porque estamos aqui, o que nos espera, qual nosso lugar nisso tudo...

E em volta de nós a realidade, o roubo perpetrado pelos políticos, não apenas do PT mas de toda a corja que consegue um lugar iluminado pelo sol do poder... Fruto do voto da massa ignorante, comprada com programas assistenciais de pequeno alcance. Soubessem eles o quanto o país poderia ter progredido se todo o dinheiro desviado tivesse sido corretamente aplicado em programas para o bem da nação... Tanto pobres como ricos, todos teríamos nos beneficiado, ao contrário da realidade, que beneficia a poucos.

Cadeia para eles, é o que desejo!

No entanto, o Universo prossegue independente das mazelas de um ou de vários povos - Síria, Líbano, Venezuela e Guiné Equatorial, entre outros tantos, estão aí para não nos deixar mentir. Em consonância com o Universo, por obra de várias nações de 1º mundo os programas científicos continuam, mesmo que dependentes de verbas cada vez mais restritas, mesmo nos EUA. A cada ano a NASA recebe menos, e tem de refazer seus programas de exploração dentro de novos e mais enxutos orçamentos. Vida real, fazer o quê?

Lá vamos nós, portanto! Desde 12 anos de idade eu estudo astronomia. Os primeiros passos me foram dados por minha saudosa mãe, que me instruiu dedicadamente nas nossas conversas na cama, lado a lado. Ela já era essencialmente cega e conversa era tudo o que ela tinha a nos dar. Eu usufruí. Ganhei um telescópio em 1965, mas nem sabia direito como usá-lo, só fui aprender 17 anos mais tarde.

Naquela época, o que se sabia do sistema solar se limitava a 9 planetas e um cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Cometas não eram mais mensageiros do além para assombrar a humanidade, mas não deixavam de ser incógnitas. Bolas de neve que derretiam ao se aproximar do Sol? Ninguém sabia ao certo.

Desses 9 planetas, mal conhecíamos Júpiter e Saturno através de imagens incertas dos grandes telescópios como o de Hale, com 5m de diâmetro no Monte Palomar. De Marte e Vênus, quase nada, apenas discos mais ou menos borrados. Urano, Netuno, Plutão e asteroides nada mais eram que pontos pouco maiores que estrelas nas imagens fotográficas.

Nem a própria Terra a gente sabia como era vista do espaço, e da Lua só conhecíamos a metade que ela nos mostra em solo. O russo Yuri Gagarin foi o primeiro humano a ver a Terra lá de cima, em 12/4/1961.

Sondas americanas e europeias (principalmente russas) abriram o livro do conhecimento à comunidade científica, através de imagens nunca dantes registradas. Exemplificando com algumas americanas, em 1962 a Mariner 2 mandou para a Terra as primeiras imagens de Vênus, de 1964 a 1973 as Mariner 4 ~ 7 fizeram o mesmo em Marte, em 1973 a Mariner 10 visitou Mercúrio.  Júpiter e Saturno foram inicialmente visitados pelas sondas Pioneer 10 (Júpiter - 1973) e Pioneer 11 (Saturno - 1979).

Em 1977, foram lançadas as Voyager 1 e 2, sendo que a segunda realizou o que é conhecido hoje como a Grand Tour, com imagens detalhadas de Júpiter, suas imensas luas e anéis (antes desconhecidos), depois Saturno e então as inéditas imagens de Urano  (em 24.01.1986) e Netuno ( em 25.08.1989), que também exibiram anéis e novos satélites.
 
Netuno, foto da Voyager 2 (crédito: NASA, JPL)
As sondas Pioneer 10 e 11 e as Voyager 1 e 2 foram os primeiros artefatos produzidos pela Humanidade a ganhar o chamado espaço sideral. Todas já ultrapassaram de longe as órbitas dos planetas conhecidos, sendo que a Voyager 1 foi a primeira a se libertar do jugo do Sol em agosto de 2012. As Pioneer já silenciaram, mas as Voyager continuam mandando dados importantes.

O final dos anos 90 nos brindaram com a descoberta dos primeiros astros de médio porte no sistema solar, alguns deles dignos de comparação com Plutão, nosso então 9º planeta. Por conta disso, em 2006 a União Astronômica Internacional acabou por definir planeta de uma maneira que excluiu Plutão do rol e incluiu na nova nomenclatura de planeta-anão: Plutão; Ceres, o maior dos asteroides; Éris, um astro que vem dos confins do sistema solar, numa órbita de 560 anos; Makemake e Haumea, que são os maiores de inúmeros dos novos corpos celestes descobertos.

Temos sondas passeando por Marte e mandando imagens soberbas de seu solo em princípio inóspito, mas que com algum esforço pode se tornar habitável. Já escrevi dois posts referenciando Marte:


A sonda Cassini nos brinda até hoje com as mais lindas imagens de Saturno e seus anéis, além do módulo Huygens ter sido o primeiro a ser lançado em direção a Titã, sua maior lua e a única do sistema solar a ter uma densa atmosfera e lagos de metano. O Huygens pousou em Titã em 14/01/2005 e a Cassini encerrará sua extensa missão apenas em 2017 - temos muito ainda pela frente!

Saturno visto de trás, com Terra (crédito NASA, JPL - Caltech)

Não abordarei aqui os novos planetas descobertos em estrelas próximas, que já são na casa de centenas, muitos dos quais em situação similar à da Terra, ou seja, potencialmente habitáveis. Isso será matéria de um futuro post astronômico.

2015 é um ano especial para mim. Em paralelo com inúmeras descobertas e avanços em cosmologia e física quântica, formação galáctica e planetária, 3 eventos em particular fecham meu ciclo de aprendizado sobre o Sistema Solar, iniciado há 52 anos. São eles:

Março/2015: Visita da sonda "Dawn" ao maior dos asteroides, Ceres, hoje em dia reclassificado como planeta-anão. Ela já havia feito ciência de ponta ao visitar Vesta, o 2º maior asteroide do Cinturão, orbitando-o por mais de 1 ano.

14/Julho/2015:  A sonda "New Horizons" fará pioneira passagem por Plutão, com expectativa de chegada de dados inéditos sobre o planeta-anão e seu séquito de luas nos meses a seguir (a transmissão será lenta). Em junho são esperadas as primeiras grandes novidades, pois suas poderosas câmeras desde já estão apontadas para o destino.
  
Agosto/2015: o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko passará pelo periélio, que é o ponto de maior aproximação do Sol. É o seu período de maior atividade e tudo será testemunhado ao longo dos próximos meses pela Rosetta, que o orbita desde agosto/2014. A Rosetta foi a primeira sonda a orbitar um cometa e o módulo Philae, por ela lançado em direção ao 67P, foi o primeiro artefato a pousar na superfície de um cometa.

Em próximos posts procurarei detalhar cada um desses eventos. 

19 comentários:

Freddy disse...

Gente, eu fiquei tão emocionado quando a Voyager 2 tirou essa foto de Netuno que comprei pela Internet um poster com ela nos EUA (quase 1 metro de altura), emoldurei e essa imagem ficou em meu "quarto do som" durante anos.

Pra quem tem Facebook: "- É azul em fundo preto ou branco em fundo dourado??"
<:o) Freddy

Ana Maria disse...

O Universo era um mistério. Pelo visto o homem está construindo lentes cada vez mais potentes para desvendar os véus que faltam.
Mas mesmo assim é lindo, mágico.
Só Deus para criar tal perfeição.

Riva disse...

Um dos pontos "obscuros" na minha adolescência é esse "telescópio" que Freddy ganhou em 1965. Sim, porque éramos de uma família/cultura/geração do "tomalá-dácá", e eu até hoje não sei o que ganhei de presente por conta desse telescópio ... suspeito que não ganhei nada - rsrsrs.

O "telescópio", que eu me lembre, nada tinha a ser aprendido de como operar, ou como usar. Só mirar e olhar !
Era na verdade uma luneta que vinha com 2 ou 3 lentes de aproximação (aumento), e as únicas coisas que podíamos visualizar eram a Lua (ficava realmente muito bonita) ou balões na época de São João (rsrs).
Sim, porque qualquer outro astro celeste ficava reduzido a uma bolinha de luz, sem nenhuma definição.
Ah, sim ... também usei para bisbilhotar algumas casas da vizinhança ... fase de adolescente !

Toda vez que vejo essas fotografias clicadas das naves mencionadas no post, fico pensativo e com dúvidas atrozes :
- sobre a nossa imensa pequenez
- sobre a veracidade da foto, em termos de detalhes e cores - são retocadas pela nossa tecnologia ?
- sobre como será tudo isso daqui a uns 200 anos, sem o meu testemunho
- sobre o infinito, incompreensível para mim
- sobre a vida em outras galáxias - em que estágio está ? na mesma direção que estamos ?

Jorge Carrano disse...

Como editor, ou blog manager, tive o privilégio de ler a sequência de posts.
Vale a pena acompanhar, mesmo quem
não é, como o eu, um astrônomo diletante como o Freddy.

Freddy disse...

Hmmm... Muitas questões que merecem longas respostas (sou prolixo).

Ana Maria, uma vez eu li:
"Os cientistas subiram a encosta da montanha do conhecimento. Com perseverância e bem cansados, chegaram finalmente ao seu topo, onde foram recepcionados e aplaudidos de pé pelos teólogos, que já lá estavam faz tempo..." (rs rs). Tema para debate!

Paulo (Riva), de novo não... Não sei quando nem em que ordem, mas os últimos grandes presentes foram pra você uma guitarra vermelha e uma bateria, também vermelha; pra mim um telescópio e uma guitarra Giannini. Ah, sim, me deram um fusca azul em 1970, que eu devolvi em 1974.

Sobre a veracidade das fotos clicadas pelas sondas e pelos telescópios atuais (grandes e pequenos): hoje em dia todas são processadas por computador. Nossa visão é muito limitada em comprimentos de onda, só vemos o arco-íris. Os telescópios e sondas vêem também em infravermelho, ultravioleta, raios-X... O processamento por computador associa cores (artificialmente) a cada uma das diversas imagens nos diversos comprimentos de onda (incluindo a luz visível) e formam uma imagem final que, certo, você jamais enxergará a olho nu. Mas é ciência, e como tal, válido. Isso merece até um post, vou pensar.

=8-) Freddy

Freddy disse...

Sobre o telescópio, nada mais enganoso que a descrição de Riva. Em primeiríssimo lugar, era um DFV nacional e, portanto, tosco. NÃO tinha mira, como qualquer telescópio estrangeiro tem, por mais vagabundo que seja. Em sendo do tipo refletor (newtoniano), essa mira era fundamental. A gente tinha que olhar por fora, meio que de lado, na direção desejada, e depois torcer para que o objeto pretendido aparecesse na ocular.

Também por ser refletor, seu campo ideal de atuação era a observação de nebulosas, aglomerados estelares e galáxias próximas. Não planetas, por ter aumento reduzido. A Lua era um bom alvo, mas depois de certo tempo cansa.

Cada tipo de telescópio tem seu uso específico. Os refratores em geral proporcionam grandes aumentos, podendo ser usados com sucesso vendo planetas, mas em contrapartida são ruins para nebulosas e galáxias.

O melhor telescópio para mim na época teria sido um refrator (modelo similar a uma luneta comum), onde você olha na ponta oposta do céu. No newtoniano você olha de lado na boca do telescópio, não tendo portanto noção de para onde ele está apontando!

Para encurtar, eu o abandonei rapidamente logo após ganhá-lo. Em 1981, eu encontrei casualmente um colega num curso em São Paulo que reacendeu meu desejo de observar. Conversamos muito e ele me deu importantes dicas.

Depois de uns meses, eu mandei recondicionar o espelho refletor na própria DFV e, em 1982 (17 anos depois de tê-lo ganho), eu já tinha todos os conceitos necessários para saber como ele funcionava e suas limitações. Continuou tosco, difícil de apontar, mas eu já sabia o que fazer com ele.

Sim, usei-o bastante no rastreamento de balões, depois de reformado. Só que ele era astronômico, e imagem sai invertida (de cabeça para baixo)!

<:o) Freddy

Freddy disse...

Putz...
Autoanálise...
Como repeti o pronome pessoal "eu" no comentário acima...
Freud explicaria??

<:o)

Ana Maria disse...

Freud explicaria tudo Desde o comentário do Riva, passando pelo seu, com louvor para a citação que o Fusca foi devolvido. rs
Este blog é um sofá.

Freddy disse...

A história desse fusca azul é longa!
Eu jurei a mim mesmo que, a menos que a vida me jogasse em algum pântano de necessidades, eu jamais teria um fusca novamente!
Ô carrinho ruim!
<:o)

Riva disse...

O blog é notável !

Eis que resolvo, apenas 50 anos depois, a minha mancha branca na memória sobre o telescópio do Freddy. A guitarra Alex, a bateria marca Armando Wreinghell ... valeu.

O Fusca foi em função da minha viagem aos EUA em 69, que Freddy não foi por causa do vestibular.

Ganhei a vg, e ele o Fusca 68, com motor alemão. Aliás, tirei muita casquinha do fusquinha rsrsrs.

Ana Maria disse...

O sofá a que me referi é também conhecido como divã de psicanalista.

Jorge Carrano disse...

Ahhhhhh! Bom, tá explicado.

Jorge Carrano disse...

Água salgada em Marte.

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/marte-tem-corregos-sazonais-de-agua-salgada-revela-sonda-da-nasa.html

Jorge Carrano disse...

Marte.

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/10/nasa-divulga-fotos-reais-de-locacoes-citadas-no-filme-perdido-em-marte.html

Karol - Comissão disse...

Quem não sabe aproveitar a sorte quando ela aparece, não deve se queixar quando ela passar!!
www.google.com/sky

Constelações .... Leo ....

SoL e uma tarja preta ao seu lado!!!
O que escondem da gente?
O que somos de verdade!!!

Estamos indo de volta pra casa?

Brasil? Futuro?

Jorge Carrano disse...

Leiam sobre visibilidade dos planetas:

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/blog/observatorio/post/planetas-na-fila.html

Jorge Carrano disse...

Maio de 2016:

"Na próxima segunda-feira (9), um evento celeste fascinante vai acontecer: o planeta Mercúrio passará à frente do Sol, causando um minieclipse em pleno dia. O fenômeno será visível em todo o Brasil e é só uma das atrações para os amantes da observação celeste em maio, que também contará com uma tradicional chuva de meteoros, na madrugada desta sexta-feira (6), e a aproximação máxima de Marte com a Terra, no fim do mês".

Lido em: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/05/04/maio-tem-transito-de-mercurio-a-frente-do-sol/

Jorge Carrano disse...

Um novo estudo realizado com ajuda do Telescópio Espacial Hubble constatou que o Universo está acelerando sua expansão mais rápido que o previsto.

Jorge Carrano disse...

Morre Stephen Hawking:


https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/o-que-fez-de-stephen-hawking-um-dos-cientistas-mais-influentes-da-historia.ghtml