28 de janeiro de 2015

Fui infeliz e não sabia


Foi um somatório de sonhos e expectativas.  Por isso, quando regressei de São Paulo, onde vivi e trabalhei de 1988 até 1995, resolvi que moraríamos no interior. Na roça, lato senso.

Bem, não poderia ser um interiorzão,  para não dificultar a vida dos filhos – e quem sabe amigos -  que poderiam querer nos visitar, e também porque em caso de emergência médica ou hospitalar a locomoção não poderia ser demorada.

A cidade escolhida foi Maricá, mais precisamente o distrito de São José de Imbassaí. E fiz a bobagem de comprar uma casa. O certo, agora conjecturo, teria sido alugar uma, por certo período,  para ter experiência de adaptação ao lugar e ao estilo de vida.

Mas não, motivado por uma expectativa, e empolgado, a partir da leitura de “Um ano na Provence”, de Peter Mayle, achei que poderia fazer algo parecido. E me dei mal.

Não foi porque São José de Imbassaí não se compara à Provence; nem tampouco porque nem de longe me pareço com o famoso autor britânico (nem física, nem financeira e nem intelectualmente); simplesmente porque aqui é Brasil. Entenderam ou querem que desenhe?

Uma casa nunca está pronta e a que comprei, além de tudo, foi mal construída. Feita nas coxas. Certamente com material e mão-de-obra desqualificados.

Para coloca-la habitável, despendi quase tanto quanto paguei pela aquisição. E não demoraram a aparecer defeitos inimagináveis.

Deixo-os para mais tarde. Neste passo, relatarei sobre o lugar em si e as limitações e contratempos enfrentados.

O lugar era pobre (e deve ser ainda), muito pobre. Comércio precário. Sem mão-de-obra capacitada (nem pedreiro, nem eletricista, nem encanador, nenhuma profissão). Ir até Marica nem sempre resolvia. Quase nunca.

A rua onde localizada a casa não era  asfaltada. Não havia nenhum calçamento senão a terra batida e poeirenta. A cada veículo que passava defronte à casa, uma nuvem de poeira inundava o seu interior.

Mas se chovia o problema era pior, embora de outra natureza. Lamaçal, de ficar impossível transitar pela rua. Até mesmo os veículos patinavam, derrapavam e quase ficavam atolados.

O pior é que era uma das ruas principais do que seria, originariamente, um condomínio de nome até pomposo “Balneário Campo Mar”. Em consequência tinha um trânsito relativamente constante na dita rua.

Mas o condomínio não saiu do papel e o que se materializou foi um salve-se quem puder. Construções de tamanhos, formas e orçamentos os mais distintos. E muitos terrenos abandonados, nos quais bois e cavalos buscavam alimento.

Acreditem!  Bois (e vacas) principalmente, vagavam pelas ruas livres e impunimente. Por que implicava com isso? Aprendi, pouco depois de mudar, que eles são portadores de carrapatos. E estes bichinhos antipáticos, espécie micro de morcegos, saiam do mato do terreno abandonado, contíguo ao meu, subiam o muro e desciam do meu lado. Uma praga difícil de controlar.

Ensinaram-me um remédio, um produto químico, que eu deveria colocar ao redor da propriedade. Pouco resolveu. Com isso o Bill exigia cuidados especiais.

Naquele trecho do distrito, algumas poucas casas chamavam a atenção (para o local), como a minha, que foi construída em dois pisos, entretanto outras, em sua maioria, eram  mais modestas. Bem modestas.

Meu terreno era mais largo do que profundo, assim a fachada ocupava toda a frente de uma quadra, voltada apara a tal rua principal,  com uma rua transversal de cada lado.

Havia uma Associação de Moradores. Mediante o pagamento de uma módica importância mensal ficava-se associado.

Era nesta Associação, que distava  cerca de um quilômetro e pouco de minha casa, que o carteiro (funcionário dos Correios) entregava a correspondência destinada a todas as casas do lugar. O associado, entretanto, pagando mais uma quirela recebia em casa. Um empregado da entidade fazia a entrega domiciliar usando uma bicicleta.

Mas não se podia confiar. O empregado faltava ao serviço ou tirava férias, ou o pneu da bicicleta furava ou qualquer outro motivo, justificado ou injustificado, poderia nos deixar sem a correspondência.

O mais prudente era, vez ou outra, dar um pulo lá para checar se havia alguma entrega. Como era também na dita associação que estava instalada uma das únicas linhas telefônicas do distrito, aproveitávamos para ligar para aparentes e amigos.

Só que a demanda era grande e, informado o número a ser chamado, esperava-se a vez de ir até a cabine. Havia uma ordem para as ligações, segundo a hora de chegada e pedido da ligação, mas se o seu número telefônico, eventualmente, estava ocupado, depois de duas tentativas você iria para o final da pilha de papelotes com os números e pessoas a serem contatadas. Podia levar horas.

Pode-se dizer que estávamos quase isolados do mundo civilizado, tais as dificuldades de expedição e recebimento de correspondência e ligações telefônicas.

Sim, Niterói estava a 19 quilômetros, mas era alcançada através de uma estrada horrível, esburacada e mal sinalizada. Com trânsito intenso. Depois, bem depois, e já não morávamos lá, a estrada foi melhorada, duplicada em um trecho e recapeada.

Os tipos do lugar eram muito estranhos. Está certo, o ser humano pé estranho em todo lugar. Mas lá eram estranhamente diferentes.

Os caras trabalhavam um ou dois dias, e depois passavam outros dois bebendo  até acabar o dinheiro que ganharam.

Ninguém tinha ferramenta adequada. Nem os que capinavam tinham enxadas, nem os pedreiros colheres e alisadores, nem os encanadores tinham chaves de boca ou alicates.

Logo, eu precisava ter uma caixa de ferramentas completa, incluindo máquina de furar, as brocas, carrinho de carregar massa, pá, ancinho, machado, enxada,  etc.

O sonho da minha mulher de termos frutas e verduras sem agrotóxico morreu antes da primeira safra. As lagartas comeram as hortaliças antes de podermos colher alguma coisa. E o pulgão dominou as laranjeiras, que já existiam no quintal.

Ensinaram-me uma mistura, natural, que combateria a infestação. Era uma infusão com fumo de rolo. Fedia bastante, e portanto nos molestava pelo odor desagradável, mas nem as lagartas e nem o pulgão se abalaram com a pulverização.

Resolvi radicalizar e partir para o produto químico. Pedi na loja um que fosse pouco agressivo. Mas era preciso, ainda assim, usar máscara. Então comprei máscara e a bomba para pulverizar. E luvas. O cheiro era muito ruim. Mas só para mim.

A terra, por outro lado, não era propícia para cultivos. Muito pobre, praticamente areia. Mas não aquela branca, e sim aquela cor de terra acinzentada. Não sei se existe uma nomenclatura própria para ela.

A solução, recomendada pelo matuto do lugar, era adubar com estrume. De preferência de galinha. Não tinha ideia de que o estrume de galinha fertilizava melhor. Você pensa que é fácil conseguir titica de galinha? Não é não, e quando consegue paga caro.

Quase tão caro quanto as dezenas de garrafas e garrafões, quebrados ou inteiros, que comprei para colocar os cacos sobre os muros que cercavam a propriedade. A garotada e os pais desmiolados tentavam pular o muro para pegar laranjas, limões  e mangas.

O triste desta história é que eles moravam na mesma região e tinham lá seu pedacinho de terreno. Só que a terra era nua, sem um mísero pé de couve plantado. Preguiça, indolência, falta de vergonha e princípios.

Retrato da parcela abandonada do  povo, e que agora vive das bolsas públicas.

Antes que as lagartas fiquem muito para trás, quero registrar que elas não eram as únicas espécies indesejáveis que resolviam viver sob minhas custas, já que eu pagava o IPTU.

Havia grilos, sapos e vaga-lumes. Estes, os conhecidos pelo nome, eis que alguns outros insetos nunca consegui identificar para poder registrar a ocorrência de invasão.

Sobre os mosquitos, numerosos e invencíveis, precisaria escrever duas laudas para explicitar como eram inconvenientes, agressivos, famintos, verdadeiros vampiros. Por falar em vampiro, houve um período em que aparecerem muitos morcegos. Segundo o matuto de plantão, por causa da mangueira carregada de frutos.

Se eu colocasse uma espécie de bandeira, que tremulasse ao vento, fazendo barulho característico, eles iriam embora. Nunca tentei.

Os sapos incomodavam meu fiel amigo Bill. Pastor manto negro que veio para minha casa com dois meses de nascido e se tornou um adulto respeitável e respeitado, até pelos caipiras do lugar.

Quando apareciam – os sapos -  o Bill ficava impaciente e lá tinha eu que levantar no meio da noite, mesmo com chuva, para expulsar o diacho do anfíbio anuro.

Quando narrei isto no blog, há algum tempo, um biólogo, educado, alertou que eu fazia muito mal em pegar o sapo, com minha vassoura de tiras metálicas, e arremessa-lo sobre o muro, para o terreno baldio contíguo. Os sapos, disse o biólogo, são partes importantes no controle e equilíbrio da população de insetos. O difícil seria explicar isto ao Bill.

E alguém me amedrontou dizendo que os sapos têm um veneno mortal e se o cachorro o mordesse teria problemas.

O Bill deveria saber disso, tanto que a vez em que mais se aproximou do sapão (enorme), quando eu cheguei atendendo aos seus latidos, ele estava com a pata sobre as costas do sapo, mas sem ameaçar morder.

As nuvens de mosquitos, mais legiões do que tinham os romanos, chegavam ao final da tarde, início da noite. Durante o dia apareciam alguns poucos já instalados na casa.

Telas de malha bem apertada foram colocadas nas janelas. Mas elas tinham que ser retiradas e lavadas com muita frequência por causa da poeirada que já noticiei lá em cima. A solução engendrada foi prendê-las com velcro. Alguns metros e algumas bisnagas de cola foram necessários.

Também copiei do Peter, na obra citada, a ideia de ter uma mesa no quintal. Comprei uma de concreto, assim como os bancos. Coloquei embaixo da mangueira, mas não conseguíamos sentar e fazer uma refeição ou simplesmente ficar tomando um refresco com um petisco qualquer. O tempo todo caia um pedaço de casca de galhos, ou insetos, ou folhas, e não se tinha sossego.

E colocar em outro ponto, que não fosse sob a mangueira, implicava em não ter sombra. E o sol era inclemente. Conclusão, a mesa só era utilizada para sobre ela colocar os cães na hora de escovar os pelos depois dos banhos.

Estão acompanhando meu raciocínio? Não era uma maravilha a vida no campo, longe da poluição urbana? Sem carteiro, sem telefone e sem água, mas com muito carrapato, mosquito, sapos e poeira.

Sem água? Ah! Ainda não informei que não havia, claro, rede de água tratada entregue pela concessionária. Havia um poço manilhado.

Na primeira estiagem maior a vasão foi diminuindo, diminuindo, e não me restou alternativa senão furar um artesiano.

O poço artesiano é um caso especialíssimo. O sujeito que morava nas redondezas e anunciava que furava poços artesianos, numa placa tosca de madeira e agredindo o idioma (furasse artesiano), e que ingenuamente e irresponsavelmente contratei, não queria nada com o trabalho.

Chegou lá em casa e ficou coçando o queixo enquanto caminhava pelo terreno em busca do lugar ideal, segundo ele. O lugar escolhido era ideal para ele, mas não para mim. Implicaria em  fazer uma rede longa de tubos e conexões até alcançar a caixa d’água, e colocar uma bomba potente.

Mas vá lá, se é aí que você acha que vai jorrar água, pode começar. Ele furava vinte centímetros e parava. Por vezes ia até o bar mais próximo e ao retornar furava mais dez centímetros.

Para não cansa-los com esta história abrevio e informo que quando o furo alcançou a marca de oito metros de profundidade, e segundo ele a água não dava sinal de vida, minha impaciência deu sinal de vida.

Como eu já estava com os “bagos plenus”,  paguei-lhe parte do contratado e desisti.

Mas o problema de suprimento de água persistia. A solução emergencial foi comprar  bombonas  de PVC e duas vezes por semana vir até Niterói, enche-las e levar para nosso consumo e cozinhar. A pouca água que ainda brotava no poço ficou para banhos e descargas no banheiro.

Aí, um pedreiro que contratei para refazer o reboco em volta da casa, até a altura de cerca de um metro, em virtude da umidade absorvida do lençol freático sobre o qual foi construída a casa (por esta eu não esperava), disse que tinha um irmão que furava poços. E teve uma grande ideia. Por que não fazer o artesiano por dentro da manilhado. Já se sabe que aqui tem um veio.

Sugerido e contratado o irmão. "Vamos matar o poço manilhado, revesti-lo com selante e perfurar no fundo até uns dez metros",  sugeriu o irmão do pedreiro.

Não era fácil perfurar por dentro do poço porque as manilhas tinham um diâmetro relativamente pequeno e a profundida era pouco mais ou menos de  três metros. Mas o cara conseguiu e, para nossa alegria, aos doze metros a água brotou  com boa vasão.

Faltava apenas testar a qualidade da água. Exames de laboratório revelaram estar livre de coliformes fecais. O gosto aceitável. Muito discretamente salobra.

O poço manilhado virou um reservatório, uma cisterna praticamente. Mas deu trabalho e custou caro.

A energia elétrica era outro grande problema. Muitas vezes havia interrupção, por desarme de transformador. Por vezes ficava com apenas uma fase de alimentação, o que implicava em não poder assistir televisão (ficava com imagem estreitada). E o ventilador não funcionava. E a lâmpada parecendo aquela luz morta de porta de bordel do interior.

A televisão dependia de antena parabólica que comporei e mandei instalar. Só que numa determinada época, por volta das 17:30/ 18:00 horas, o sinal ficava prejudicado. Sem imagem e aquelas listas enviesadas de interferência.

Não havia explicação. A CERJ, acionada, disse não ser responsável. Ninguém atinava. Numa caminhada matinal, resolvi perguntar em algumas casas próximas, que tinham antena parabólica, se eles estavam com problema de recepção, apenas neste horário,  partir da 18:00 horas.

A resposta sempre negativa. O problema era só comigo.

Indo até Maricá encontrei uma loja que vendia e instalava equipamentos de telecomunicações e parabólicas. Pedi uma visita técnica e o dono da loja, enquanto anotava o endereço, perguntou o que estava havendo.

Quando relatei o fato, ele parou de escrever, abaixou-se e pegou sob o  balcão uma tampa de ralo. Destas de plástico que são colocadas nos ralos dos banheiros. Diâmetro pequeno.

Entregou-me e falou: são andorinhas! E veio a explicação, as andorinhas resolveram se alojar no cone (uma peça cônica) da parabólica. E elas se recolhem neste horário. Se você colar esta tampa na boca do cone estará resolvido.

E não é que resolveu !? Às vezes a experiência é mais importante do que a formação técnica.

Bem, o título da postagem é irônico. Na verdade ninguém que nasceu e foi criado na cidade, com água encanada e tratada com cloro, portanto potável, tem energia de 110, ou 220 volts, mais ou menos estável, não tem poeira da rua de barro batido, não tem sapos e grilos em sinfonia no quintal durante a noite, tem telefone em casa e a correspondência deixada pelo porteiro do prédio em seu escaninho, pode achar graça em morar na roça.

Ficar com seus livros e discos e nada mais, só na canção popular. 

Nossos filhos nos abandonaram, mesmo dispondo de uma ala de hóspedes a disposição. Uma boa suíte, com armários e televisão.

Algumas noites apenas a lua, se aparente, lançava luz em nosso quintal. Ficávamos sem energia elétrica, e não havia romantismo que resistisse ao silêncio absoluto, minto, havia os sapos, e à escuridão. A sensação é de ... qualquer coisa desagradável.

Felizmente nunca fomos mordidos por bicho peçonhento. Era só o que faltava. Soro, em São José de Imbassaí?

Eu, minha mulher, o Bill e a Mag, sentados na varanda, olhando estrelas só teve graça alguns poucos meses.

Além do Bill, que veio viver conosco desde o início da aventura, mais tarde adotamos (na verdade compramos) a Mag, uma pastora, também capa preta, que era muito dengosa e preferida da minha mulher.

Os mosquitos nos enxotavam para dentro de casa, onde o calor era muito desagradável, porque sem energia o ventilador não funcionava e a iluminação era gerada (o mais das vezes) por  lampião.  Quem aguenta?

O lampião de querosene era mais, digamos, comme il faut, já que nossa decoração era toda rústica, country, mas a fumaceira encardia o vidro rapidamente e empestava a casa. A solução foi adotar os mais modernos a gás.

Feliz sou agora, e era antes de me mudar para a frustrada experiência de vida saudável no campo, com enormes despesas e pouco proveito.  

Nota do editor/autor: Quem acompanha o blog ha mais tempo perceberá, facilmente, que este assunto é recorrente. Uma rápida pesquisa no blog colocará na tela vários posts sobre São José de Imbassai. Basta escrever "roça" na janela de busca (tem a lupa desenhada) e pronto...
Isto porque, como alguns mestres da pintura, estou fazendo exercícios que me levem a um texto mais elaborado, no futuro, que terá como escopo falar dos tipos com o quais convivi naquela época, aqui chamados ou de matuto ou de caipira. São boas histórias. 
Antes de SJI, bem antes, mas ainda no Município de Marica, tive uma mais modesta casa em Inoã, que só usávamos nas férias e finais de semana. Os tipos do lugar também entrarão no relato que pretendo publicar em e-Book.

10 comentários:

Freddy disse...

Os assuntos são bem variados. Comentarei alguns, comparando experiências.

Bill e os carrapatos. Não, caro amigo, não apenas em Maricá e há 20 anos atrás. Quando comprei minha casa (já vendida) em Friburgo num condomínio de padrão razoável no Cônego (bairro nobre) em 2007, não estava acostumado a essa praga. Bastou nosso poodle Loopy dar UMA volta nas redondezas, preso em coleira e tudo, com cuidado para não fuçar o mato, que ele voltou com "inquilinos". Espalharam-se até em nosso quarto em Niterói, foi um sufoco cuidar tanto do Loopy como de nós e de possíveis reinfestações. Foram meses de luta para não vê-los mais nos cantos mais improváveis, tanto aqui como lá. A justificativa foi que, apesar do bairro ser nobre, bois e cavalos passeavam à toa pelas ruas.

Remédios e fórmulas caseiras contra insetos e pragas... Sei... Manja aquelas inocentes formiguinhas, chamadas de doceiras? Quando apareceram eventualmente, disseram-me para espalhar cravos no caminho delas. Deviam estar preparando algum doce legal, porque passavam por cima dos cravos como se eles não existissem! Só com inseticida e daqueles que tem de tirar as crianças e animais de perto é que elas acabaram!

Legal a solução das andorinhas!

Quarto de hóspedes? Fantasia em nossa cabeça. Usa-se tão pouco que mais vale ter uns colchonetes - as raras visitas que se danem em termos de conforto. Mesmo assim, temos de lembrar de arejá-los de vez em quando, senão ninguém poderá usá-los nem eventualmente!

<:o) Freddy

Freddy disse...

Quanto a cair uma fase, ou desarmar tudo, já voltou ao cotidiano. Estamos voltando a conviver com essa praga em Niterói por conta de "excesso de consumo", eu chamo de desleixo da concessionária Ampla. Vou ter de comprar outro no-break para meu desktop - o anterior pifou. Está impossível usá-lo com piques e quedas inesperadas, como as de ontem à tarde. Você perde tudo que estava fazendo... Claro, poderia e efetivamente estou usando meu laptop que tem bateria, mas então pra que ter o desktop e todo o aparato no escritório?

Tenho também de fazer umas rezas para proteger geladeiras, freezer, micro-ondas... Os sofisticados equipamentos de som e imagem estão em estabilizadores, espero que aguentem... Sim, porque essa coisa de processar a Ampla, como recomendam quando se perde eletrodomésticos em piques de energia, é complicada e de resultado imprevisível (cadê a nota fiscal daquele teclado que você comprou em 1990?).

=8-/ Freddy

Jorge Carrano disse...

Obrigado Freddy, por referendar munha narrativa. Parece que tivemos experiências semelhantes.
Quem não passou por estas coisas poderia pensar que exagerei.
E Friburgo, comparada a São José de Imbassaí, poderia ser classificada como Londres ou Paris.

Freddy disse...

Carrano, saiba que Mary leu e gostou, pois para ela o texto descreve seus sentimentos mais recônditos com relação a Friburgo (!)
Bem, pode parecer exagero dela mas, tendo frequentado a cidade desde 1980 com certa regularidade e em diversos ambientes - hotéis, apartamentos e por fim a casa - realmente vivenciamos muitos "causos" semelhantes aos relatados. Sapos imensos, cobras na varanda, insetos de deixar o teto quase preto, a já relatada saga com os carrapatos (mas não abordamos a infestação de pulgas), gambá morando no forro, prestadores de serviço curiosos, relacionamento (bom ou ruim) com uma gama imensa de moradores e veranistas...
Talvez isso tudo tenha aflorado à mente dela enquanto lia sua experiência na roça, mesmo que nossa "roça" tenha sido uma Paris comparada com SJI.
<:o) Freddy

Jorge Carrano disse...

Pois é, Freddy. Você e Mary são capazes de avaliar o choque que tivemos tendo que "morar" e consequentemente vivenciar estas agruras da vida na roça.
Em outra experiência anterior que mencionei brevemente, em Inoã, nós só passávamos finais de semana e tudo era novidade... e suportávamos numa boa.
Viva o caos urbano! Se a alternativa for viver em SJI.

Ana Maria disse...

Vou transcreve suas próprias palavras : "A terra, por outro lado, não era propícia para cultivos. Muito pobre, praticamente areia. Mas não aquela branca, e sim aquela cor de terra acinzentada."
Sendo assim o que podia fazer os moradores locais, obrigados a permanecer na casa onde nasceram e vão morrer. Sem as ferramentas e equipamentos, sem seus recursos financeiros, seus sonhos e determinação?
É só ler Guimarães Rosa, Graciliano e tantos outros que nos mostraram um brasileiro diferente de nós.
Como salientou Euclides da Cunha, descrevendo os dois tipos oriundos do Brasil "O sertanejo é antes de tudo um forte. Não tem a palidez doentia dos mestiços neurastênicos do litoral.
Os neurastênicos somos nós. rs

Jorge Carrano disse...

Não me venhas com chorumelas, Ana Maria.
Você sabe muito bem que algumas culturas se davam muito bem naquele solo.
Na casa de Inoã, que você conheceu bem e onde eu tinha vizinhos (de um lado e do outro), posseiros que tiveram seus títulos regularizados quando foi loteada aquele área, não tinham nada plantado em seus terrenos, iguais ao meu (1.000 m2).
E nós colhíamos aipim (que dava muito bem), limão, mamão, manga e cana.
Eles, ao invés de plantar, preferiam roubar o que eu plantava.
Mesmo pagando caseiro ( o Souza), que você conheceu, ainda assim tinha o terreno invadido.
Eles eram e são, isto sim, muito indolentes. E cachaceiros muitos deles.
O português que era nosso vizinho no terreno quase defronte tinha uma plantação de caju com pés muito bem cuidados e que davam boas safras (o terreno dele era o dobro do meu).
Mas o português, que era barbeiro por ofício e só ia para Inoã nos finais de semana, colocava um chapeu de palha e capinava o terreno, irrigava a plantação e ainda tinha tempo de ir prosear coma gente. Tenho várias fotos daquela época.
E ali a terra tinha outras características. Se os vagabundos brasileiros tivessem a disposição do trabalhador português conseguiriam pelo mensos alguma coisa para colocar na mesa sem ter que roubar. Mandioca dava muito fácil. Você lembra que sua irmã e sua cunhada arrancavam os pés antes mesmo das raízes estarem plenamente desenvolvidas. Para meu desespero e do cunhado Eduardo, que plantavamos.
Aqui não estou fazendo estudo sociológico ou antropológico, estou narrando uma experiência pessoal.
Causas e soluções devem ser analisadas e encontradas por quem de direito.

Freddy disse...

É a tese da Belíndia. Brasil é a mistura de dois povos, um semelhante à Bélgica, outro à Índia, infelizmente ocupando o mesmo espaço físico.
O relato do Carrano é o testemunho disso, ao vivo e em cores.
Na verdade, hoje já nem acho que sejam assim tão mesclados, haja vista o resultado parcial das recentes eleições nos diversos estados.
<:o( Freddy

Riva disse...

Estou lendo o post no sábado dia 31 às 20:45h ....

Intervalo de Macaé 1x0 Aquele Time do Mal (o do Rio). Antes do jogo, torcedores desse Time do Mal invadiram o vestiário do Macaé, saquearam os pertences e agrediram os jogadores.

Esse é o BRASIL BANDIDO que venho classificando há meses, mas que apenas está acordando. A vagabundagem, a maldade, estava apenas adormecida .... Viva D. João VI

Seu post é mais uma prova do DNA do nosso povo.

Jorge Carrano disse...

Lato sensu seria mais adequado.