13 de outubro de 2013

Assuntos polêmicos


Amigos e parentes me recriminam por abordar temas tão polêmicos quanto controvertidos no blog.

Para muitos, política, religião e futebol devem ser assuntos evitados porque geram discussão e produzem pouca luz, que seria, em última análise, o fator positivo dos debates, confrontos de opinião.

Todos acabam tendo razão, pois têm suas razões.

Só de pirraça continuarei nos próximos dias tratando destes assuntos. E começo com religião, tema do último post, antes do comercial sobre a palestra de meu filho, no próximo dia 24. Se você é da área de marketing e adjacências não deveria perder.

Bem, vamos de religião. Por que tendo sido batizado, crismado, feito primeira comunhão e sido coroinha, hoje rejeito a religião católica e também todas as outras oficiais ou clandestinas?

Isto se deve a uma série de fatos. Foi um processo lento e gradual, que culminou com meu casamento.

Na infância você vai aonde te levam. Ou pelo menos era assim no passado. Os pais escolhiam a religião, o colégio, o filme e os livros que você deveria ler.

Quando você aprende a ler um universo novo se abre a sua frente, se você se apaixona pela leitura.

Ora, quando li que Deus emprenhou Maria para gerar seu filho, que viria salvar o mundo, fiquei muito decepcionado. Mesmo que tenha sido através de inseminação artificial (gravidez assistida), achei uma sacanagem com José.

Isto porque Deus todo poderoso que já criara Adão, poderia muito bem criar um bebê, dar-lhe vida e fazê-lo seu filho dileto com uma grande e impossível missão na Terra. Salvar o ser humano.
 
Temos aqui, nesta versão, vários motivos para minha decepção com este Deus criado pelos apóstolos e que a igreja católica até hoje repercute.

Se Deus tudo sabe e pode, deveria saber que o ser humano não tem salvação. Então porque atribuir uma missão impossível a seu próprio filho. E depois abandona-lo a própria sorte, na cruz. A ponto dele reclamar: Pai, porque me abandonaste?

Realmente pegou mal.

Poderia ter livrado José da pecha de corno, deixando que ele engravidasse Maria pelas vias convencionais e, depois do nascimento, pediria para adotar a criança e dar-lhe a espinhosa tarefa.

Isso se não tivesse feito a criança em barro, como fez com Adão. Opção muito melhor.
 
Botava num berço num lugar decente, não num estábulo e mandava alguns anjos avisar a todos os interessados.

Mas deixemos as razões históricas, bíblicas, do início da cristandade, e pulemos para o século XIX, quando minha descrença na religião atingiu um ponto irreversível.

Deu-se que iria casar em Cachoeiro de Itapemirim, como os fieis seguidores do blog estão carecas de saber. Não com uma capixaba, mas sim com uma mineira que lá residia.

Havia uma exigência, para casamento na igreja de lá,  de apresentar um documento (não lembro como chamavam), fornecido pela paróquia da região onde eu morava em Niterói.

No caso, a Paróquia do Sagrado Coração, na Vila Pereira Carneiro, onde eu fora, acrescente-se, coroinha.

Sabendo do fato, fui até a referida igreja para obter a autorização. Expliquei ao padre, que não conhecia, que por umas destas artimanhas do destino fui me envolver com uma mineira que residia no Espirito Santo e, por razões óbvias, lá iria me casar.

Ele disse que para me fornecer a autorização (seja lá que nome tivesse), eu deveria comprovar que sabia rezar a Ave Maria, o Pai Nosso e  o Credo. Ponderei que eu tinha sido coroinha ali mesmo, em tempos idos e consequentemente sabia as orações.

Ele respondeu que mesmo assim deveria, ali naquele momento e diante dele, fazer as orações. Achei desnecessário e disse que não faria. Ele radicalizou respondendo que então não forneceria o tal papel necessários par casar fora dos limites da paróquia.

Levantei e fui embora.

Modelos Louis Vuitton
Olha só o que pensei. Primeiro o padre duvidar da palavra de um fiel. Vá lá que seja, fieis não têm palavra. Mal acabam de confessar e comungar prometendo não mais pecar, e já na saída da igreja estão de olho nas pernas torneadas da mulher do vizinho; e as mulheres invejando ou criticando a bolsa  Louis Vuitton da mulher ao lado.
 

Mas duvidar da palavra tudo bem. O que não me conformava era quanto a exigência de saber rezar. Ora, sempre imaginei que a casa de Deus estivesse sempre de portas abertas para os que necessitam de ajuda.

O pior, entretanto, estava por vir e não demorou. Minha irmã mais velha, de maneira inconsequente me convidou para ser padrinho de sua filha caçula. Eu irresponsavelmente aceitei.

Naquela época o padrinho (e a madrinha), eram como segundos pais. Tinham uma enorme responsabilidade não só espiritual, mas também material. E eu não estava preparado para ser padrinho.

Mas deixe-me voltar ao foco, que é a decepção com a igreja católica. Quando fui até a igreja para contratar o batizado, uma tarefa e ônus do padrinho, o padre me perguntou se eu queria com sagração ou sem sagração.
 
Disse eu que não sabia a diferença e ele respondeu. A resposta me chocou: Sem sagração custa sete cruzeiros, com sagração custa dez cruzeiros. Juro que foi esta a resposta o que me levou a ser irônico e desrespeitoso e dizer que então queria com sagração  pois se era mais caro deveria ser melhor.

E assim, de decepção em decepção fui abandonando a religião. Não a fé, que veio e ficou depois de fatos concretos.

Admito que deve haver uma força, uma energia, quem sabe um ser onipotente, que foi responsável por tudo que temos ai diante de nós no universo infinito. 


Supernova de Kepler
 
Peter Higgs

Isto porque explicar até a partícula a ciência vem fazendo. Falta agora explicar o surgimento da tal partícula (bóson) que explodiu e saiu de controle.
 

11 comentários:

Freddy disse...

Outro dia, numa palestra espírita, ouvi que faz parte desse recente credo (séc. XIX) adaptar-se frequentemente às explicações da ciência. É um grande avanço em cima de outras religiões, como a católica, os protestantes em geral e os radicais islâmicos.

Estudando as religiões ao longo dos séculos, vê-se que em geral elas procuram explicar os fenômenos do Universo desconhecidos de cada época, além de estarem de certa maneira adaptadas às sociedades onde nasceram. À medida que vão sendo dadas explicações científicas, as religiões vão sendo substituídas por outras mais aderentes à realidade do momento histórico.

No limite, espera-se religião nenhuma. Ou não? Se a explicação final recair sobre um Deus Criador do Universo, quem sabe?

Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Bem, não batizei meus filhos para dar-lhes total opção religiosa. Sendo o caso, escolhendo inclusive os padrinhos eis que os pais impunham padrinhos aos seus filhos. Alguns, anos mais tarde já crescidos nem tinham afinidade pelos padrinhos escolhidos pelos pais.
Bem, meus filhos nunca decidiram pelo batismo. São pagãos mesmo.
Flertaram com o budismo, mas no fundo não têm uma religião definida.
Ainda bem, porque como decretou o poeta, "a religião é o caminho mais longo para chegar a Deus."

Riva disse...

Eu trilhei o mesmo camminho que vc, Carrano.
Fui obrigado a muitas coisas quando criança, e uma delas foi seguir a religião católica. Também fui coroinha, e até hoje sei muita coisa da missa, em latim.
Também nunca mais esqueci as preposições a,ante,até,após,com,contra,de,desde,para,per, perante,por,sem,sob,sobre, trás ...

Não dá para conversar sobre isso, quanto mais escrever ! rsrsrs

Na década de 80, um movimento denominado neodescaralhismo, debateu uma tese bem interessante sobre Adão e Eva, mas infelizmente, não posso colocá-la aqui, porque o "pau vai quebrar" se o fizer e vc publicar !

Pra mim já é bem complicado tentar aceitar o infinito ..... religião é coisa inventada pelo ser humano. O infinito não.

Freddy disse...

Eu sou astrônomo amador. Por quê? Porque em minha infância pude descansar numa espreguiçadeira no quintal de nossa casa no Pé Pequeno, conversando com meus pais e avós e olhando o infinito sobre minha cabeça e já naquela idade percebendo o quanto somos nada perante tudo!
Acho que vou fazer um post sobre isso.
Abraços!
Freddy

Jorge Carrano disse...

Faça, Freddy!
Aguardamos curiosos.
Obrigado.

Riva disse...

Carrano, é impressão minha ou os acessos diminuíram ?
Ou o êxodo ocorre apenas com os comentários ?

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Antes pelo contrário, nos últimos dias os acessos aumentaram bastante.
Estamos em torno de 200 diários ao invés dos 130 (em média) dos últimos meses.
Os comentários sim, escassearam.

Jorge Carrano disse...

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Está aí, Riva, a estatística copiada às 14 horas de hoje.

Riva disse...

Show de Bola !!!

Helga Maria disse...

Tenho comentado quando tenho algo a dizer. As vezes só leio, e as vezes fico dois ou três dias sem ler, mas recapitulo.
Acostumei com o estilo descontraído de abordar as coisas, embora o machismo seja patente.
Helga

Jorge Carrano disse...

Historiado Leandro Karnal:


http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/jo-soares-entrevista-leandro-karnal/4541702/