29 de agosto de 2012

Eleições americanas, uma guerra suja



Por
Ricardo W Carrano
Greenville - Carolina do Sul - EUA

 

A história conta que as eleicões de 1960, quando John Kennedy se elegeu, derrotando Richard Nixon, foi até hoje a eleição mais apertada que o pais já viu. Kennedy derrotou seu rival Republicano por apenas 113.000 votos, ou 0,16% do total, o que lhe deu uma vantagem no Colégio eleitoral de apenas 84 delegados, mas suficiente para sentar-se no salão Oval da Casa Branca, dizem as más línguas que teve roubalheira, que como não foi comprovada, passa ainda hoje por "chororo" dos republicanos.

Hoje segundo todos sabemos, aparentemente a situacão é ainda mais complicada onde um empate técnico nas pesquisas existe já há uns três meses, mesmo antes dá novamente bem dividido, e o americano de classe média (onde me incluo), também está:

Os democratas com suas políticas assistencialistas, têm muita força, militância e baseiam-se naquela velha história socialista de que os ricos é que são o problema, sem mencionar que seus programas sociais adicionam dígitos ao colossal déficit do pais que o presidente Obama prometeu diminuir mas só fez este aumentar em inimagináveis U$ 5 trilhões durante sua administração.

Apesar disso, Obama tem o mérito de ter uma política externa de aproximacão, de parceiros americanos, de fortalecer laços (como no caso do Brasil), e de tratar os inimigos em potencial da mesma maneira (Ira por exemplo). A economia e desemprego,  ao menos estão estabilizados por baixo, como resultado destes  programas estatais, que tem no seu projeto de Seguro Saúde seu carro chefe. 

Neste ponto mesmo os que como eu inicialmente foram contra, dão crédito ao Presidente porque é praticamente uma unanimidade  o fato de que o cidadão comum americano precisa deste programa ou ao menos precisa que algo comece a ser desenvolvido.

O partido democrata, no entanto tem o problema de ter que conviver com a esquerda americana nos seus quadros o que hoje se reflete numa rejeição eleitoral já estabelecida contra o Presidente Obama.

Por que? Bem, como disse acima, a maioria dos americanos, e eu concordo, considera que o colossal debito de U$ 15 trilhões é a maior vulnerabilidade deste pais, e que a atual administração nao tem e/ou não sabe como equacionar o problema, tendência comprovada pelas próprias politicas do governo Obama.

Os Republicanos defendem a imediata redução do déficit. Mostram Obama como incompetente e até mesmo anti-patriótico por não promover  os cortes necessários de modo a começar a reduzir esta dívida. Só não dizem e isso o americano também se pergunta, é como é que vão fazer para cortar o déficit, reduzindo e não  aumentando impostos, o que é puro papo de campanha.

Têm em Mitt Romney um candidato moderado, de comprovada experiencia empresarial  (oposto de Obama) que consegue agradar a classe média. Romney nao tem algumas das fraquezas de John Mcain, ou seja tem tanto ou mais dinheiro que Obama para fazer a campanha, não está ligado a administração Bush e tem por estes fatores uma rejeição pequena, apesar do fato de que terá que levar consigo  a extrema direita americana, que já prestou vários desserviços a este pais, é causa de boa parte dos ataques que ocorrem na midia entre os dois lados.

Aqui não existe horário eleitoral. Os candidatos colocam anúncios na TV , Jornais, Web, etc, podendo veicular estes anúncios até 48 horas antes da eleição. A propaganda nesta eleição, tem se caracterizado pela sua temática quase sempre difamatória e em muitos casos de agressão pessoal, por ambos os lados, o que tem despertado sentimento de repulsa geral.

O primeiro debate está marcado para dia 3 de outubro, e ai é que a coisa se decide. Quanto a mim, estarei registrado para votar, mas diferente do Jorge, meu primo, provavelmente não comparecerei às urnas, pois tenho o direito de não querer votar em nenhum dos dois. 

Eu me considero independente (nem democrata, nem republicano), sou apenas simpático ao Libertarianismo. Seja lá como for, parece que esta já é a eleição mais apertada com a campanha mais suja das últimas décadas. Para os que gostam, será um prato cheio pois outros capítulos virão....
  

12 comentários:

Gusmão disse...

Pelo visto os americanos padecem do mesmo mal de nós brasileiros. Não têm candidatos carismáticos, com forte liderança e aceitação popular.
Boa sorte para o autor do post e para os americanos em geral.

Jorge Carrano disse...

Vejo que o Gusmão madrugou hoje. E acordou bem lúcido. Lá como cá, faltam homens sérios, competentes e que tenham vocação política. As três coisas num só homem é muito difícil.

O Jorge aludido pelo autor do post sou eu, e ele quer dizer que não obstante estar desobrigado de votar, por causa de meus 72 anos de idade, irei às urnas.

Abraços, Gusmão e Rick.

Anônimo disse...

Com todas as dúvidas que possam ter, os americanos jamais elegeriam um Lula. Ou elegeriam?
:D Fernandez

Incógnita disse...

Eles podem não ter candidatos carismáticos (como falou o Ricardo) ou competentes (como aventou o Jorge), mas acredito que não possuam postulantes desonestos, populistas e mal-intencionados como temos aqui no Brasil. Estou me sentindo uma investigadora para tentar conseguir algum canditado merecedor de meu voto.

Ricardo disse...

Obama comeca a ter um novo problema: Ele e' um cara gostavel, (likable como dizem), e eu mesmo acho que ele e' gente boa, mas isso nao tem nada a ver com a capacidade, e a campanha de Romney esta' usando isso de maneira eficaz, assim como quando vc trabalha com aquele cara legal e boa praca que e' incompetente. Os Democratas ficam insistindo naquele papo furado que qqer coisa que voce discordar do Obama e' racismo.

Jorge Carrano disse...

Também não terão retardados, como nosso ex-presidente, que em entrevista ao NY Times disse não acreditar na existência de mensalão. Podem constatar pois a imprensa deu ampla publicidade aqui no Brasil.
Ora, o coisa ocorria na sala ao lado dele no palácio do governo, envolvendo seu chefe da casa civil.
Ou tem seriamente comprometidas suas funções cognitivas e é um retardado incapaz da prática de atos na vida civil, ou então é um daqueles cornos bem mansos porque todo mundo sabe e ele não.
Isso já é escárnio.

Ricardo disse...

Sempre divido do NYT, que e' considerado (e eu tenho certeza) jornal da esquerda festiva de NY, que tem o habito falar maravilhas sobre qqer um de seus entrevistados quase sempre socialistas. O jornal esta' em serias dificuldades financeiras a uns bons 6 anos, e nao tem a importancia em quantidade de leitores que diz ter. Tudo marketing, e' mais famoso e lido fora do pais que dentro com excessao do povo da Ilha. O Washington Post e o USA Today (de tematica mais popular) sao os mais lidos no pais.

Freddy disse...

Dando minha opinião sobre a pergunta do Dr. Z (alô, Fernandez!) o sistema é a democracia, que preconiza que a vontade da maioria prevaleça.
No Brasil a maioria votante é pobre, desinformada, manipulável, alvo fácil de programas assistencialistas. Por isso "o molusco" ou seus indicados ainda vencerão por um tempo.
Reverter o processo significa investimento responsável em educação, e isso vai demorar - tanto a ser implementado como para se colher os resultados.
Abraços
Freddy

Ricardo disse...

Pra somar algo ao que o Gusmao, Jorge, Incognita, Anonimo e Freddy falaram, digo que os americanos estao fulos da vida tambem c/ o seu Congresso o qual consideram corporativista e puramente partidario sem comprometimento com as necessidades do pais. Isso e' geral. Bem, eu tenho uma visao sombria a respeito do futuro das democracias no mundo como um todo, devido ao emburrecimento generalizado prato cheio para o populismo. Eu tb infelizmente nao acho que isso se modifica pelo voto, em lugar nenhum, isso porque votar deveria ser um privilegio (nao um direito) de quem passou por algum exame de conhecimentos sobre estrutura politica e tambem porque nossas democracias permitem que aos nossos "representantes" no legislativo coisas com reeleicao ilimitada em mutios casos quase que vitalicia. Isso porque nao ha' como esperar que investimentos macicos em educacao (se e' que isso um dia vai acontecer) tenham efeito politico positivo a longo prazo em lugar nenhum, tb. Um exemplo pratico disso e' que nem todo mundo que quer ser Medico, Advogado, Engenheiro..etc vai conseguir se formar ou mesmo exercer a profissao com competencia. Abracos a todos.

Riva disse...

Um sistema eleitoral de Bedrock, é o que ainda existe por lá, inacreditávelmente.
Quem ler a "bíblia conclusiva" sobre os atentados de 2001, baseada na investigação de 10 senadores democratas e 10 republicanos, ficará estarrecido com a vulnerabilidade dos EUA em segurança, em processos.

Eles tem um marketing muito forte, isso sim.

E é esse marketing que ganha as eleições lá, que colocam um beócio (de notas C) como o Bush na Casa Branca ; é esse marketing que permite o criminoso ataque ao Iraque (apesar do Saddam), que permitiu a estupidez da Guerra Fria, a guerra do Vietnam, e que ainda trará outras guerras e invasões em busca do Ouro Negro.

Por que não marketeiam a fome e a devastadora miséria na África ?

Nessa eleição ninguém ganha ... todos perdem com a continuidade da hipocrisia. Minha esperança numa America mais humana acabou quando Gore "perdeu" aquela eleição.

Mas .... visitem os EUA ! É um país lindo, com uma infraestrutura que funciona muito bem, tem coisas maravilhosas para se comprar, e não é caro visitar.
Fiz 25 viagens aos EUA, e espero poder fazer mais 25, porque ainda não vi tudo que quero.

Sds TRIcolores, a espera dos Gambás.

Riva

Ricardo disse...

Como muitos, inclusive a maioria de midia "estrangeira" o Riva prefere falar mau do que nao compreende totalmente, compreensao que nao necessariamente se adquire com viagens ao pais as vezes nem mesmo morando por aqui. O sistema eleitoral americano, sera' o unico topico que vou comentar da sua sintese anti-americana porque quero dar informacoes aos participantes deste espaco.
A eleicao presindencial comeca nas primarias de cada um dos 50 estados. A ideia e' que cada estado escolha quem a sua popucao acha que deve ser o presidente, e e' feita desta maneira porque como os estados tem uma real autonomia, e pouco dependem da Uniao se comparados a sistemas Federativos semelhantes, sao tambem responsaveis pela organizacao, apuracao e financiamento de suas proprias eleicoes. Outro detalhe importante e' que nao existem nos EUA apenas os partidos Democrata e Republicano como muitos pensam. Existem muitos outros ate' mesmo um partido comunista, mas segundo este mesmo sistema eleitoral determina, e'preciso que um partido possua representatividade, municipal, estadual e enfim federal para que lance um candidato, mas existe ainda a opcao de um candidato se lancar como independente, como foi por exemplo o caso de Ross Perot (ex-presidente da EDS ) que concorreu como independente em 1992 contra Gorge Bush (o pai) (R) e Bill Clinton (D) que venceu.

Riva disse...

Meu caro, não é uma síntese antiamericana. Quem me conhece sabe como admiro a America, com todos os seus problemas.

Mas os políticos americanos são tão ou mais hipócritas que os nossos. Com um agravante: são belicistas.
Foram criados e educados com esse viés interesseiro e egocêntrico.
Na escola que frequentei em 69 (Curley High School de Baltimore), era obrigatório aprender russo.
Na aula de Geografia, fui na frente da classe perguntar onde era o Brasil num Mapa Mundi. Nenhum aluno sabia. Mas sabiam onde era a Rússia e o Vietnam.

Quanto ao sistema eleitoral americano, de Beddrock : http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_dos_Estados_Unidos

Posso passar o dia inteiro conversando com vc sobre a America, minhas aventuras e desventuras, um país que gostaria de visitar mais umas 500 vezes ....

Sds TRIcolores
Riva