Por
Rodney Gusmão Cavalcanti
Antecipo as explicações para a eventualidade de alguém pensar como pode alguém que não assiste novela, saber tanto a respeito para criticar.
É simples: não acompanho, mas assisto inevitavelmente alguns trechos aleatoriamente, seja porque a televisão está ligada na Globo, por causa do Jornal Nacional, seja porque minha mulher acompanha uma ou outra.
Confesso, ainda, sem pudor, que acompanhei, não escravizado, abdicando de outros programas melhores, ou me privando de assumir compromisso nos horários, como muita gente faz., algumas novelas, digamos, diferentes, por uma razão ou outra.
O caso mais recente foi o da novela “Cordel encantado”, que misturou nobreza européia com cangaceiros no agreste brasileiro. Um roteiro bem amarradinho, bons atores, cenários bem montados, musica incidental adequada e dentro da história e boa dose de análise de comportamento sob o ponto de vista social e psicológico.
Uma das antigas que também foi possível assistir sem revolta e sem vontade de vomitar, foi a “Roque Santeiro”.
Feitas as ressalvas e abertas as exceções, vamos as criticas contundentes.
A primeira é que os autores se repetem e se copiam. Os enredos apresentam situações e personagens que já marcaram outras novelas. Por vezes do mesmo autor.
Alguém poderá dizer que Jorge Amado se repetiu muito locando suas histórias no sul da Bahia. Usando as mesmas expressões regionalistas.
Mas a temática do Jorge Amado era baseada em mundo real, não imaginário, e fazia variações sobre o tema. Gabriela era diferente de Tereza Batista, que por sua vez era diferente de Tieta.
Outra coisa insuportável em novelas é a mania de personagens se visitarem sem aviso prévio. Ninguém usa o telefone para, de maneira civilizada, perguntar se pode ir visitar a amiga, se não ira importunar. As pessoas simplesmente aparecem na porta, tocam a campinha e ... surpresa! Fulana você aqui?
Isso quando já não vão entrando pela casa, como acontece inúmeras vezes, pegando de surpresa o morador. Nas novelas os porteiros dos edifícios são uns idiotas e irresponsáveis que permitem o acesso de qualquer um. E não existem olhos mágicos nas portas. Ninguém espia antes de abrir. Daí as surpresas.
Outra coisa irritante é botar personagem para falar sozinho. Já notaram com os personagens falam sozinhos, seja para explicitar seus aborrecimentos, seja para antecipar para os telespectadores ações futuras. Poderiam, pelo menos, colocar as vozes em off, para dar a entender que o personagem está pensando aquilo.
Mas falar sozinho é coisa de maluco, de imbecil e não consigo digerir.
E, vamos combinar, o que tem de viado e lésbica nas novelas atuais, é assustador. Está over. Um exagero. O respeito as desigualdades e as preferências é politicamente correto, mas eu por exemplo, evitaria ter que conviver com tanto gay.
Tive, ao longo de meus muitos anos de vida, um ou outro colega de trabalho mais chegado ao quibe do que a esfirra. Mas sempre foi dificil para mim o convívio. Sempre tive que ficar na defensiva, nunca se sabe não é?
Mas o assunto hoje é minha quase aversão as novelas. Sou, a julgar pelos índices de audiência, um ponto fora da curva, um ortodoxo, elitista mascarado.
Mas quem aguenta as vilãs, sobretudo as vilãs que campeiam no vídeo. A disputa entre os novelistas é para saber quem consegue criar uma vilã pior do que a outra. E as atrizes procuram superar a malvadeza da vilã, que deixou a telinha. As Odetes Roitmans estão com tudo.
12 comentários:
Carrano e Gusmão
Eu vou mais além e declaro minha aversão não só a novelas como aos programas em geral. Na minha casa, desde que casamos, TV só é ligada quando alguém quer ver um determinado programa e logo a seguir desligada. Não temos o hábito de cinema, de modo que vimos poucos filmes e sempre em VHS/DVD/BRay (depende da época), nunca da programação da emissora.
Por vezes assisto jogos de futebol e programas esportivos, principalmente resenhas depois de rodadas dos campeonatos. Minha esposa também vez por outra liga para ver um programa, depois desliga. Jornal Nacional e similares não assisto regularmente há décadas, só quando há alguma catástrofe ou evento de momento, mas não como hábito. Ainda mais depois do advento das notícias on-line nos microcomputadores.
Decerto já assistimos novelas, ela mais que eu. Em termos de seguir diariamente, só me lembro de Dancing Days, Roque Santeiro, Pantanal, Ana Raio e Zé Trovão - essas duas como reação à Globo. Minha esposa ainda assiste algumas, no mais das vezes na reta final, depois de todos os prolegômenos já terem sido acertados. Por conta disso, assisti algumas a mais que as 4 citadas acima, mas só fragmentos. Portanto concordo: a cada dia que passa, elas se tornam mais e mais repetitivas. Não existe mais uma bombástica, com ideias novas que mereçam atenção.
Abraço
Carlos
Ah, sobre gays e lésbicas. Como se sabe, o meio artístico é recheado de homossexuais e casamentos frustrados, as trocas de parceiros são cotidiano. Em sendo a TV formadora de opinião, a maneira que esse segmento da sociedade achou para tornar naturais seus desajustes foi jogar no ar uma overdose deles, de sorte a que o povo passe a julgá-los como corriqueiros. Mais um exemplo do uso da mídia de massa para serviço de uma minoria que a ela tem acesso.
Abraço
Carlos
Se me permite um acréscimo, Gusmão, há que considerar o excessivo uso do merchandising, muitas das vezes forçado, em situações fora do contexto da trama.
No mais, assino embaixo.
Abraço
Não ia voltar a este blog. Teve um engraçadinho fazendo piada com meu nome. Não me chamo anônimo.
Como não sou cadastrado como seguidor e meu perfil não está disponível, o fato de eu assinar Fernandez, meu sobrenome, não faz de mim uma pessoa conhecida dos participantes. Continuo sendo um anônimo.
É assim que participo de vários blogs, dando palpites quando acho opotuno. Entro como anônimo e ao final ponho meu sobrenome. Mas quantos fernandez (mesmo com z) existem? Alguém aí sabe de quem se trata? Pois é, sou como um anônimo. Entenderam?
Falando das novelas. Acho que um dos comentários radicalizou. Também não sou simpatizante, mas relação homoafetiva existe desde sempre, inclusive nas altas esferas do poder e das artes. Nem preciso mencionar os casos mais conhecidos.
É que agora estão fazendo mais alarde, mais propaganda.
A criançada vai achar que isto é normal e é o padrão.
Sinal dos tempos. Fernandez
Fernandez,
Lamento que você tenha se chateado com a brincadeira. Encare como um chiste.
Apareça sempre.
Boa notícia no mundo novelístico. Vão fazer nova versão de "Gabriela", imortalizada por Sonia Braga, na época um piteuzinho.
A Gabriela desta vez será a Juliana Paes. Tudo a ver, cor, jeitão, corpo. Além de tudo é uma atriz de razoável para boa. E vascaina!
Abraços
Quando publica post meu, fico igual a criança monitorando o blog o tempo todo, para ver se tem cometários. Fico quase em tempo integral plugado.
É ótimo ver que o assunto desperta interesse e polêmica.
Já que o Carlos mencionou outras novelas, vou fazer justiça e comentar outras que inonavaram pela linguagem ou pela ousadia.
Por exemplo, a "Beto Rockfeller", que asisti ainda jovem e foi marcante porque era muito diferente das mexicanas e colombianas que a nossa TV exibia.
Teve ainda "Os imigrantes" na Bandeirantes, acho, que também foi bem interessante.
Na Glogo, teve outra bem interesante que se chamava "Casarão".
Abraços
Baixe suas expectativas, Gusmão, a participação dos leitores é muito baixa. Até mesmo os seguidores, participam pouco, por preguiça, vergonha de se expor, ou receio de sua opinião não ser bem aceita.
Nossa dramaturgia é até bem aceitável. O Dias Gomes tinha um bom texto, o Lauro Cezar Muniz teve bons momentos e temos ótimos atores e atrizes. Nas trilhas temos músicas de Tom Jobim, Dorival Caymmi, Milton Nascimento. Nâo é pouca coisa.
Abraço
Só para não deixar em branco o comentário do Fernandez.
O fato é que cada pessoa, mesmo em outros blogs, tem seu estilo de participação.
Observem, por exemplo, o Carlos March.
Ele comenta exibindo o nome Carlos Frederico, mas também costuma assinar ao final do texto, como Carlos.
Cada qual do seu jeito vai participando.
Havendo respeito, está tudo bem. Divergências são até salutares. Alguém já disse que da discussão nasce a luz.
Abraços
Gusmão,
Corrigi, a seu pedido, o trecho truncado, sobre Jorge Amado.
Abs.
Eu não sou homofóbico, não tenho nada contra a opção afetiva de cada ser humano. Nunca rejeitei ninguém, nem na vida pessoal nem profissional por cor, religião, time de futebol, sexo ou opção sexual (duas coisas diferentes: uma se refere à anatomia humana e a outra ao que a pessoa decide fazer com ela).
(Putz, quanto a futebol e religião tem uns chatos de galocha, mas vamos lá).
Disse e reafirmo que o meio teatral, cinematográfico e televisivo tem um percentual de gays e desajustados sentimentais muito maior que outros segmentos da sociedade. Talvez pela natureza do trabalho => isso daria um post inteiro, quando não um seminário.
Concordo, sim, que se as crianças passarem a encarar com mais naturalidade a questão de sexo e opção sexual o mundo será muito melhor - ao menos a maioria das religiões terá menos armas para subjugar seus seguidores.
Dito isso, permitam-me retirar a conotação pejorativa que dei ao uso da mídia televisiva para tentar divulgar a questão.
Abraço
Carlos
Prezados,
Li tudo, e não posso ficar de fora, pois detesto novelas, ou qqer programa que me obrigue a acompanhar capítulos. E até hoje a única novela que assisti na minha vida foi O Sheik de Agadir, que não sei se algum de vcs já ouviu falar.
Como Gusmão, vejo partes, em virtude de ficar ao lado da minha esposa lendo ou navegando, e só vejo/ouço estresse, brigas, merchandise, ninguém trabalha, só fofocas, vaidades, e aquela ridícula forçação (é assim que escreve?) de barra pelo sexo (eu prefiro os pornôs explícitos mesmo).
Um desperdício total, uma mesmice total.
Abrs e Sds TRIcolores - a caminho de Tóquio !rsrs
Fui alertado pelo Carrano, titular do blog, via e-mail, que foi apontado um erro de regência verbal em meu post.
Obrigado, anônimo.
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