Foi com um misto de surpresa e satisfação que constatei, na VEJA, edição nº 2250, que circulou com data de 4 de janeiro último, que o velho e bom “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, ocupou a sétima posição na lista de best-sellers, no ano de 2011.
Considerando tratar-se de um livro publicado na década de 1940, e classificado como literatura infanto-juvenil, é um feito e tanto.
Embora carregue o labéu de ser o livro das misses, pelo fato de haver sido citado por 10 entre 10 candidatas a Miss Brasil, nas décadas de 1950 e 1960, como suas leituras preferidas, a obra conseguiu sublimar o estigma, e manter-se entre as mais traduzidas, sendo publicada em mais de duzentas línguas e dialetos. Trata-se, sem dúvida, de um fenômeno editorial.
O jovem sonhador, de cabelos louros e cachecol vermelho habita solitário um minúsculo planeta, onde havia uma flor, uma belíssima rosa, que por seu orgulho levou o pequeno príncipe a iniciar um périplo pelo universo, trazendo-o até o nosso planeta Terra.
Durante a viagem o principezinho encontra vários personagens, com os quais dialoga. E é exatamente em algumas destas conversas, com um contador, um geômetra, uma raposa, uma serpente, a citada rosa e outros mais, cheios de simbolismos, que encontramos o conteúdo poético e filosófico que faz do livro o sucesso que ostenta. O livro encerra alguns conceitos muito bons, de forma sutil e amena.
Destaco em particular os seguintes: no diálogo com a raposa, dois comentários em sequência são muito interessantes e pertinentes. Afirma raposa, "só se vê bem com o coração.O essencial é invisível aos olhos." E mais adiante, outra vez pela boca da esperta raposa, diz Saint-Exupéry: " tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Mas a obra não se limita a estas frases que encerram filosofia de vida. No planeta habitado pelo rei que não tolera desobediência, por exemplo, o rei dá uma enorme lição ao príncipe/menino, quando este pede um por de sol, naquele momento. Embora fosse um monarca absoluto, só dava ordens razoáveis. Como aquele não era o horário em que o sol se punha normalmente, comentou o rei: "Se eu ordenasse que um general se transformasse em gaivota e o general não me obedecesse, a culpa seria minha e não do general". E com a concordância do príncipe, arremata: "É preciso exigir de cada um, o que cada um pode dar". E, ainda, "a autoridade repousa sobre a razão".
Durante a ceia natalina, em minha casa, falamos sobre este livro. Minha neta para quem recomendei a leitura, disse que “não gostou muito”, e meu neto, que não leu o livro, disse que não gostou nem um pouco do filme.
Nada grave, que não tenha cura. Estas opiniões são como algumas doenças tipo catapora e sarampo, que só nos acometem na infância.
Nada que o tempo e o amadurecimento não resolvam. Basta para tanto que Nelson Rodrigues estivesse certo em seu aconselhamento para os jovens: envelheçam! E meus netos são ainda muito jovens.
Ainda no âmbito das coincidências, minha amiga Esther Bittencourt, jornalista e poeta, radicada em Caxambu-MG, mas ora em viagem por Santa Catarina, escreveu no outro dia, sobre Saint-Exupéry, um belo post, no blog do jornal Primeira Fonte, do qual é uma das editoras, Leiam e vejam em http://primeirafonte.blogspot.com/2011/12/senhora-do-tempo-memorias-de-zeperry-do.html
No aludido post, bem ilustrado, nos informa sobre a passagem do piloto Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry, por Santa Catarina e, em especial, pela praia do Campeche, que fica na ilha de mesmo nome, numa belíssima área de preservação permanente.
Provocada por mim, minha sobrinha e afilhada – Claudia – ora residindo em Florianópolis, fez alguns adendos, enriquecendo com mais informações sobre o escritor e as histórias sobre ele na ilha catarinense, que aproveitei para redigir esta postagem.
10 comentários:
Bem vindo à ativa, Carrano. Faço votos que tenha um excelente 2012 e que nos permita continuar, vez por outra, colaborando nesse maravilhoso espaço.
Abraços
Carlos
Feliz 2012, Carlos Frederico, para você, esposa e filhas, com muitas alegrias e realizações.
Que bom sabe-lo disposto a continuar colaborando no blog, seja gerando conteúdo, seja comentando.
Seus posts muito contribuiram para que fosse atingida a média de 1.800 acessos mensais ao blog.
Forte abraço
Voltando ao Pequeno Príncipe, uma das frases que você citou dá dias de discussão numa mesa de bar, quando não consultório de psicanalista: "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Eu, pessoalmente, já me vi doido com ela na prática várias vezes, como cativante ou cativado.
Dá-lhe raposa!
Abraços
Carlos
Pois é, Carlos, muita gente só consegue ver um chapéu quando na verdade o que está no desenho é uma cobra que engoliu um boi.
Abraço
O famoso livro “O pequeno Príncipe” traz valiosos ensinamentos sobre fidelização e encantamento de clientes. Vejamos algumas passagens :
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Se vc conquistou um cliente, trate de mantê-lo na sua carteira comercial pelo maior tempo possível. É mais barato manter um cliente junto a vc, preferindo seus produtos e serviços, do que correr atrás de novos. As ações de comunicação e vendas estão cada vez mais caras e difíceis, e a concorrência, mais aguerrida.
Nossos funcionários de Vendas e de Produção devem sair de casa todos os dias pensando no que fazer hoje para continuar criando laços de fidelidade com os nossos clientes, mantendo-os fiéis aos nossos produtos.
A rosa é importante para mim porque eu me preocupo 24 horas por dia com ela – pensou o Príncipe.
E a raposa responde : Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que a fez tão importante.
Em meio a milhões de compromissos, se um cliente o procura e o aborda, naquela hora ele deve ser o único para vc, para sua empresa e sua causa. Devemos estar vigilantes, observando atentamente o seu comportamento 24 horas por dia, todos os dias, muito atentos às suas necessidades e observações.
Cabe pontuar que o marketing de relacionamento deve ir além dos SACs – Sistemas de Atendimento a Clientes – e dos novos instrumentos de trabalho dos Call Centers. Ele é da responsabilidade de todos, principalmente da alta direção e das presidências.
Se o cliente reclamar, escute-o atentamente. Pior seria se ele não reclamasse, pois vc pode perdê-lo sem saber o porque e sem tempo para se realinhar.
O essencial é invisível para os olhos.
Ao ler um relatório procure ver além dos números, enxergar os detalhes invisíveis do seu negócio. É aí que os assuntos mais importantes do business estão escondidos. Saber enxergar o óbvio é bom, mas é preciso enxergar além do que está claro. É preciso ouvir a palavra não dita, interpretar o que os gestos estão querendo dizer, observar a postura corporal, enxergar o que está no ar.
E para isso é essencial sair a campo, ver como as coisas estão no “chão da fábrica”, ver como o pessoal da ponta está conduzindo os assuntos.
Se você ainda não leu, leia. Se você já leu, releia “O Pequeno Príncipe” com outros olhos. Vai se surpreender !!
Tio,
O Daniel também não gostou. Retornando ao assunto com ele ontem, perguntei porque mesmo que ele não havia gostado e ele disse: "muito cheio de moral... parece livro obrigatório da escola...". Fazer o quê se moral está fora de moda.
Combinamos que daqui há alguns anos ele lerá novamente com outros olhos. Foi o melhor que eu pude conseguir.
Beijos,
Cláudia
Informo que o Daniel citado, é filho da Claudia, minha sobrinha, e não passa de um menino.
Fisicamente grande pois saiu ao pai, mas ainda um menino de 11 anos.
Interessante a coincidência das opiniões do Paulo e da Claudia de que é preciso ler com outros olhos.
Amigo Carrano,
O meu post é uma matéria que circulou em alguma revista especializada, há uns 10 anos. A coincidência realmente é um fato, pois eu ainda tenho essa matéria guardada; ela continua super atualizada com o mercado e com nossas atitudes, e eu a utilizo ainda nos treinamentos que dou.
Abrs
Concordo com os comentários.Esse livro deve ser relido em várias fases da vida,várias idades eu quis dizer.Com certeza surgirão novas descobertas e interpretações.
Definitivamente não é um livro APENAS para misses (rsrsrs).
Obrigado pelo comentário.
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