24 de janeiro de 2012

Hábitos, costumes, tradições e suas origens

Por
Rodney Gusmão Cavalcanti


Regimento Arariboia  (3º RI)
Quando prestei serviço militar, que ara obrigatório e era difícil escapar, a menos que você fosse reprovado nos exames médicos/físicos, sendo portador de miopia profunda (usando óculos de fundo de garrafa), tivesse pés chatos, a ponto dos joelhos se tocarem ao caminhar, ou fosse extremamente raquítico, com cerca de metro e meio de altura e pesando 50 quilos, fiquei sabendo de um costume que se consolidou e quase se perpetuou, a partir de um fato pontual.

Mas antes de falar do fato, quero acrescentar que as outras hipóteses de escapar do sérviço militar eram: ser arrimo de família (ou seja estar trabalhando e o sustento da família depender do salário do jovem a ser incorporado),  ou ser apadrinhado (parente de algum oficial graduado, por exemplo). Bem, ser apadrinhado, em qualquer lugar do mundo e no Brasil em todos os setores, ajuda muito.

Mas vamos ao caso ocorrido no extinto 3º Regimento de Infantaria, que ocupava uma grande área no bairro de Neves, em São Gonçalo.
Havia postos fixos de guarda – óbvios – como na Portaria do quartel, e no morro atrás das dependências, onde eram mantidos os porcos (enormes).
Mas havia um posto, criado circunstancialmente, quase no meio do pátio interno em local que não fazia o menor sentido. Até que alguém se deu conta do fato, foi investigar o porquê e um sargento mais antigo explicou que o banco existente no local havia sido pintado e porque a tinta estava fresca colocaram um soldado para tomar conta e alertar. Você acredita nisso?

Outro, bem interessante, que não presenciei mas foi relatado por meu cunhado, ocorreu na companhia fabricante de fósforos, na famosa marca olho, que também funcionava numa enorme planta no mesmo bairro de Neves, mais próximo da divisa entre Niterói e São Gonçalo.

As caixinhas de fósforos eram todas fabricadas em madeira. E eram revestidas de um papel azul, colado na madeira com cola feita de polvilho. Obviamente precisavam secar, por causa da umidade da cola (água e polvilho).
Assim as embalagens saiam das máquinas e eram expostas ao ar no pátio, para secar.

Pardal-doméstico
Só que havia árvores plantadas ao redor deste pátio e nestas árvores, muitos pássaros (em especial pardais). Logo, defecavam sobre as caixinhas e as estragavam.
Uma das alternativas era manter um empregado munido de um enorme bambu, que ele levantava verticalmente e agitava, para espantar os pássaros. Foi crido o cargo de espantador de pardais. Muito depois, segundo relato do cunhado, construiram enormes secadores, a vapor, que secavam as embalagens.

Eu pretendia falar de tradições e costumes conhecidos de todos, mas pesquisas na internet nos dão a conhecer a origem deles, com mais consistência  do que eu poderia dar.

Se alguém quiser pode, nos comentários, acrescentar algum hábito consagrado ou costume inusitado que conheça e possa ser interessante.

11 comentários:

Jorge Carrano disse...

Meu caro Gusmão,
Seu post confirma a assertiva de que em Niterói, até a inauguração da ponte, todo mundo conhecia todo mundo e frequentavamos, participando de várias tribos, os mesmos lugares. Se não conhecíamos diretamente, conhecíamos alguém que conhecia o outro. Com muita possibilidade você estudou com amigo meu ou morou perto de algum.
Ora veja você. Trabalhei na Fiat Luz, referida por você como marca olho, pois era a marca de fósforos mais conhecida da companhia e, realmente, era assim que as pessoas se referiam a fábrica de Neves: marca olho.
Quando conheci a fábrica, já funcionavam há muito tempo os secadores com esteiras internas, que faziam lentamente um percurso de alguns metros, mudando de nível, até que as embalagens, caixinhas e gavetinhas saiam dos secadores (a vapor), e caiam numa esteira maior, de lona, que as levava para outro setor, para receber os palitinhos.
Mas a história do espantador de pardais me foi contada pelo Péricles Sodré, hoje conceituado pintor e ilustrador que lá trabalhava na mesmo época que eu.
Outra coisa que posso confirmar é que havia apadrinhamento nas incorporações para o serviço militar. Aos 17 anos era obrigatório o alistamento e aos 18 a apresentação para prestar serviço.
Eu não escapei, mas consegui, via pistolão de um primo que era do oficialato, ficar fora da tropa e servir como burocrata na 2ª Circunscrição de Recrutamento, que estava instalada na Rua Cel. Celestino, continuação da Rua da Conceição, no Centro da cidade.
O serviço era das 11 às 17 horas, de segunda às sexta-feira. Aos sábados e domingos ficávamos sujeitos a plantão num sistema de rodízio entre os recrutas que lá trabalhavam, todos apadrinhados.
Abraço

Carrano disse...

Que tal falar, Gusmão, de costumes prosaicos, bizarros, pré-históricos, tais como a morte por apedrejamento (vide Irã, e outros); comer cachorro, como fazem os chineses; a função existente (ainda?) em paises africanos, de desvirginador; uma estranhíssima norma legal de país sul-americano que não me ocorre (faz muitos anos que deixei a faculdade), de não permitir o sexo com mãe e filha, ao mesmo tempo.
Enfim, habitos e costumes são questões de latitude e longitude.
Abraço

Anônimo disse...

Pesquisei no Google este negócio do desvirginador e localizei que na ilha de Guam, que fica no Pacífico, a mulher não pode casar virgem e que por isso ralmente existe um desvirginador que recebe pelo serviço.
Já o negócio de não poder fazer sexo com mãe e filha, parece que ao contrário do que foi dito, em Cali, na Colombia, a mãe tem o direito de assitir a primeira noite da filha recém-casada.Bem, acho que a mãe só pode assistir. :D Fernandez

Gusmão disse...

Acho que atirei numa coisa e acertei outra. Eu queria enfocar coisas que sedimentaram e ficaram, quando não mais se justifica.
Como exemplo cito chamar de "trocador", o empregado que fica no ônibus, na roleta, recebendo as passagens.O que que ele troca?
No passado mais remoto, o trocador tinha a função de trocar mesmo os dinheiro. Porque o passageiro depositava as moedinhas diretamente na caixa coletora na saida do ônibus.E precisava ter o dinheiro trocado (em moedas).
Mas acho que só o Carrano é desta época (rsrs)
Abraço

Paulo disse...

Na minha época de apresentação no 3º RI, o problema e terror da galera era a vistoria de um famoso sargento viadão (não vou dizer o nome), que dava A (de aprovado)em todos que tinham pau grande , em estado de repouso .... rsrsrs
Eu tinha "pistolão" ... pra não ser aprovado rsrsrs.
Sds Paulo

Carrano disse...

Alcancei esta prática mesmo. Era garoto, mas lembro.
O dispositivo onde eram jogadas as moedas era parecido com um copo de liquidificador, mas era transparente. Assim o motorista podia ver (ficava ao lado dele) se o valor correspondia ao preço das passagem.
O fundo era falso, como um alçapão, que abria quando puxada uma cordinha. A cada passageiro que desembarcava op motorista puxava a corda e o coletor engolia as moedas. O fundo voltava a sua posição normal e estav pronto para receber as moedas de outro passageiro. O trocador percorria o ônibus perguntando de você precisava de moedas. E trocava seu dinheiro.
Já viram enforcamento? O piso da plataforma se abre e os condenados despencam. O coletor do ônibus tinha um fundo assim, que se abria e as moedas caiam no cofre acoplado embaixo.
Caramba! Estou ficando velho!
Abraços

Paulo disse...

Carrano, no Irã enforcamento não tem essa plataforma não ... é uma cadeirinha baixinha que é retirada com um pontapé. E às vezes, a família da vítima pode puxar a corda devagarzinho com uma manivela.
Ainda sobre costumes, vai o link de uma discussão mais atual : http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1038218-depilacao-intima-total-e-irrestrita-e-novo-padrao-de-sensualidade.shtml

abrs Paulo

Carrano disse...

Tai outro costume que é uma tortura medieval.
Pior do que apedrejamento, e puxada da cordinha devagarinho no enforcamento, só mesmo ouvir Michel Teló o dia inteiro.
Abraço

Jorge Carrano disse...

Recado para o Paulo March:
Se você tinha "pistolão", o sargento gay deveria te-lo agraciado com um "A" de aprovado. Ou não?

Paulo disse...

Meu "pistolão" era uma "recomendação militar" para o viadão não me escolher ! rsrsrs

Abrs

Jorge Carrano disse...

Acabo de saber, pelo também amigo, jornalista e poeta, não necessariamente nesta ordem, Ricardo dos Anjos, que o Perícles Sodré, por mim citado, faleceu há pouco mais de um ano.
Grande figura o Péricles, não só no tamanho físico (quase dois metros), mas também porque era uma pessoa de bem e conceituado artista plástico.
Que o seu espirito siga seu caminho em paz.
Quanto ao Ricardo, este está devendo (?) um texto inédido, em prosa ou verso, para publicação neste espaço, para deleite de meus parcos seguidores e leitores ocasionais.