31 de janeiro de 2012

Fernando da Motta Carrano

Foram tempos difíceis. Lourival Fontes, um arremedo de Joseph Goebbels, ministro da propaganda do terceiro reich, seu ídolo certamente, era o Diretor do Departamento de Propaganda e Difusão Cultural.

Embora Getúlio não fosse um genocida, como o Führer - Adolf Hitler - era todavia uma ditador. De meia pataca, mas era.

Um ditador que gostava de chimarrão, vedetes e era preocupado com a classe trabalhadora. Deixou uma boa herança para os trabalhadores materializada em leis de proteção.

Em sua carta-testamento, quando do suicídio, escreveu que à sanha de seus inimigos deixava o legado de sua morte. Mas para a classe operária deixou um legado importante.

Bem, o Dr. Fontes, do DPDC, criou uma espécie de Gestapo para controlar a população e em especial os meios de comunicação.  Assim é que a atividade de jornalista só era permitida a quem tivesse registro profissional na carteira de trabalho. Sem registro não era possível exercer a profissão.


Vale lembrar que não existiam as fuculdades de comunicação social e os jornalistas eram formados dentro das redações, na prática diária, fazendo  reportagens, redigindo matérias e editoriais.

Esta foi a formação de meu pai, que tendo exercido várias funções na vida, inclusive mais tarde no serviço público, tinha uma profissão: Jornalista.


Registro profissional
Eis o registro obtido na carteira profissional, com a ocupação de redator. Mas ele ralou para alcançar seu registro profissional. Começou como linotipista e foi revisor, antes de poder redigir e assinar os primeiros textos jornalísticos. Trabalhou em vários órgãos de imprensa do antigo Distrito Federal, mas foi no Diário Trabalhista que conseguiu a primeira oportunidade como redator.


Redator no Diário Trabalhista


Quando eu nasci, em 1940, ele trabalhava de madrugada, como linotipista, no Diário Oficial da União, cujo prédio majestoso ficava na  Av. Rodrigues Alves, perto da atual Estação Rodoviária, no Rio de Janeiro.

Na área de imprensa, sua última função, foi a de diretor do Diário Oficial, mas do antigo Estado do Rio de Janeiro. Foi sob sua gestão, de 5 anos, que a sede do órgão oficial de imprensa do Estado, mudou de um barracão de madeira na Rua  Jansen de Mello, para um prédio moderno (onde ainda funciona) na Rua Marques de Olinda.

Durante algum tempo foi produtor e apresentador, com outros jornalistas, de um programa jornalistico na Radio Mauá, que enfocava, principalmente, as coisas de interesse do Estado do Rio de Janeio (antes da fusão).

As fotos abaixo são de diferentes etapas da construção do prédio do Diário Oficial (instalação da rotativa e inauguração do prédio), e revelam que as obras começaram no mandato de  um governador - Amaral Peixoto - e foram concluídas com  outro - Miguel Couto Filho.

Aparecem, em primeiro plano, Fernando Carrano, o governador  Amaral Peixoto e, a direita,  o vice-governador Robertro Silveira (pai do atual prefeito de Niterói).

Na outra foto, Fernando Carrano e o governador Amaral Peixoto (de terno mais claro e óculos), no dia da instalação da rotativa.








Finalmente, Fernando Carrano saudando o governador e agradecendo o apoio dado a iniciativa de construir novas dependências para o Diário Oficial.







Já quando da inauguração do prédio e  início de funcionamento, o governador era o Miguel Couto Filho, que aparece, ao lado da esposa, na missa celebrada no pateo interno. A menina de cara emburrada e blusa escura, é a minha irmã Sara, que tem ao lado a outra irmã, Ana Maria e, ao lado desta, minha mãe Edith.




Seguem-se fotos da visita as instalações, aparecendo em primeiro plano, o governador Miguel Couto, a autoridade eclesiástica da época, cujo nome não lembro, e Fernando Carrano.




Na foto em sequência, temos ao centro Fernando Carrano, o deputado e então secretário de governo, Raul de Oliveira Rodrigues e o governador Miguel Couto.


Por fim, o prédio que estava sendo inaugurado.

As fotos pertencem ao grande acervo que meu pai deixou de imagens e documentos da época dos governos de Amaral Peixoto e Miguel Couto Filho.


17 comentários:

esther disse...

Que linda trajetória a do seu pai. Carrano. Interessante que quando fui para jornal pouco havia mudado, excetuando a repressão que veio depois. Que o Jourdan aproveite estes documentos importantes no Museu da Imprensa que ele criou e desconheço. Falarei com ele e pedirei para escrever algo sobre o assunto. espero que seja o mesmo tel.
abraço

Jorge Carrano disse...

Obrigado Esther.
O Museu da Imprensa foi idealizado pelo Jourdan e quando foi inaugurado funcionava exatamente neste prédio que aparece no post.
Há muito não ouço ou leio sobre o museu.
Estou tentando contato com o Jourdan, para saber se ele se interessa pelo material que tenho, que doarei para perpetuação.
Tenho mais de uma centena de fotos, que de certa maneira fazem parte da história do jornalismo no estado.
E uma raridade, imagino eu. A edição nº 1, do Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro.
Abraço

Gusmão disse...

Parabéns pelo pai vitorioso, que pelo depreendido lutou muito.
Abraço

Jorge Carrano Jr disse...

A primeira vez que vi um linotipo, já era adulto e estudante de comunicação. Foi curioso pensar que o meu avô trabalhou tanto tempo com aquela espécie de máquina de escrever gigante, uma mistura de Gutenberg com Olivetti. Hoje, apesar de toda a facilidade para compor textos proporcionada pelos computadores e outros equipamentos, vivemos ainda uma época de poucos criadores originais e português ruim, resultado da péssima educação de nosso povo. Ideias vazias. E fico feliz de saber que meu avô era ainda melhor na organização das ideias em um discurso eficaz, do que na manipulação dos pequenos caracteres de chumbo.

Jorge Carrano disse...

Filho,
Seu avô se orgulharia e enxergaria em você seu (his) sucessor no bom manejo das palavras, impressas ou oralizadas.
Beijo

Carrano disse...

NOTAS EXPLICATIVAS:
1- O Jourdan que tanto eu quanto Esther mencionamos, é proprietário e editor responsável pelo "Jornal de Icarai", semanário em formato tablóde, e pelo diário "A Trinbuna".
2- Esther Maria Lucio Bittencourt, é jornalista, com graduação acadêmica e poeta. Para minha alegria, amiga há muitos anos.
Edita o Jornal Primeira Fonte, cujo blog é encontrável em www.primeirafonte.glogspot.com

Estas informações são para os que estão chegando agora a este blog e para os que por aqui passarem ocasionalmente.

Anônimo disse...

Amigo,

Lembro do em que soubemos da falecimento do seu pai e da tristeza espantada que sentimos. Talvez porque de tão jovens que éramos a ideia da morte não tivesse para nós nenhuma materialidade.

abração
castelar

Jorge Carrano disse...

Foi em 1963, Castelar amigo velho.
Foi choque para todos, porque foi vítima de enfarte fulminante.
Obrigado pela visita.
Abração

Nota do blogueiro: O Castelar está em http://www.pontoparagrapho.com.br
onde expõe ideias, projetos e sonhos.

Freddy disse...

Decerto uma bela história, Carrano.
Grande abraço
Carlos

Ana Maria disse...

Tudo bom, tudo bem, mas primeiramente me responda pq vc não identificou, na foto da Primeira Missa, a sua pessoa, lá no fundo, enfatiotado de palitó e gravata.
Depois do protesto, quero enfatizar para os sucessores que a profissão já era exercida pelo nosso avô, José, que foi chefe de papai no Diário da Noite.

Jorge Carrano disse...

Ana Maria, querida irmã.
Por ser mais nova cinco anos (é isso?), sua memória anda melhor do que a minha.(rs)
O fato é que não encontrei nenhum documento ou foto que me remetesse ao nosso avô.
Sem dúvida figura de certa projeção nos meios religiosos e sociais em geral, haja vista que foi homenageado, depois de sua morte, com o batismo de uma rua, no bairro do Paraíso (melhor lugar impossível, rsrsrs), em São Gonçalo.
Valeu obrigado.
A propósito, este meu lapso comprova que é preciso deixar rastros de nossa passagem por aqui, razão maior deste blog. Tudo começou com minha ideia de deixar para os pósteros informações a meu respeito.
Vá lá que meus netos estão podendo se relacionar comigo já numa idade em que a memória registra os fatos.
O que de resto não aconteceu conosco. Convivemos muito pouco com
José Carrano y Segovia, nosso avô paterno.
Beijo

Jorge Carrano disse...

É Carlos, pode-se dizer que foi um vencedor, sem exagerar. Desde a vitória sobre e febre amarela, que atingiu alguns de seus colegas estudantes do internato, passando por estar entre os reservistas que embarcariam para o chamado "front", se a Segunda Guerra, não tivesse tido desfecho em 1945, posto que por ter pertencido a Policia Militar era automaticamente reservista até que completasse 40 anos.
A propósito, porque ele deu baixa como "cabo de esquadra" (está no certificado militar) se jamais pertenceu aos quadros da Marinha é um mistério que ainda descobrirei.
Como diziam os antigos, esta é de cabo de esquadra. Acho que esta giria ou dito popular, não é de seu tempo, Carlos.
Abraço

Freddy disse...

Carrano, acho interessante essa gana que vocês têm de resgatar o passado. Na minha família, Paulo e nossa prima Beth são especialistas nisso. Eu confesso um certo alheamento à nossa história familiar, talvez algum trauma de infância. No entanto, admiro quando alguém levanta tantos dados sobre sua origem ou de entes queridos.
Abraço
Carlos

Ana Maria disse...

Precisava entregar minha idade???

Jorge Carrano disse...

Bem, com a fusão (Estado do Rio X Estado da Guanabara)Niterói perdeu a condição de capital e muitas de suas instalações prediais ficaram ociosas. Ou mudaram a destinação, como a Assembleia Legislativa que virou Câmara Municipal, ou como o Palácio do Ingá (do Governo) que virou museu, ou o prédio das secretarias que passou a sediar o forum, e assim por diante. Outros simplesmente foram abandonados por falta de utilidade. Isto ocorreu não faz muito tempo com o prédio cuja foto ilustra o post, da Rua Marquês de Olinda. Foi leiloado e arrematado pela G Trade e agora é vendido ao Hospital de Clínicas de Niterói por R$ 11,2 milhões.

Unknown disse...

Descobri no "site" do Family Search (dos mórmons) o registro do casamento de seu avô José Carrano y Segovia no Rio de Janeiro (6a. Circunscrição de Registro Civil), em 14.10.1902. Pelo que lá consta, José Carrano nasceu em Buenos Aires, e não na Espanha, como eu imaginava.

Jorge Carrano disse...

Caro Pedro Wilson,
Há alguns poucos anos andei me mexendo na tentativa de achar os links que me permitissem postular a cidadania italiana. Creia que nem era tanto por mim, mas pelos filhos e netos.
O ponto de partida foi exatamente seu precioso livro “Encontro com os Ancestrais”. Peregrinei por cidades, cartórios e igrejas, mas sem seus conhecimentos e experiência, minhas pesquisas resultaram infrutíferas.
Quando, na cidade de Piraí, depois de alguns problemas consegui finalmente ter acesso ao inventário do Carlo Michele (onde imaginei encontrar documentos de José Carrano – meu avô), desisti de vez da empreitada.
Por incrível que pareça, no supramencionado inventário (arquivado na Prefeitura como documento histórico), não há um mísero documento de meu avô (certidões de nascimento ou casamento). E deveria, pois afinal ele era herdeiro necessário do Carlo Michele (meu bisavô).
Agradeço muitíssimo pela informação que ora me dá. Tentarei responder e reiterar os agradecimentos via e-mail, se seu ainda tiver seu endereço eletrônico.
De qualquer sorte fica aqui o registro.
Forte abraço
Jorge Carrano