30 de março de 2011

Keith Jarrett

O homem do concerto que nunca se repete. Esta seria a marca registrada de Keith Jarrett,  compositor e pianista americano. Suas técnicas de improvisação conjugam o jazz a outros gêneros e estilos, como a música erudita, o blues, e gospel. Fez um caminho mais ou menos inverso ao de Ben Webster, pois migrou do sax soprano para o piano. Nos últimos vinte anos, a maioria de suas gravações tem sido com piano acústico. Webster, diferentemente, fixou-se mais no sax tenor, depois de iniciar carreira como pianista.

Além de piano, sabe-se que Jarrett toca cravo e bateria.

Começou em 1972 a sua famosa série de concertos improvisados da qual resultaram gravações que se tornaram populares, como "Solo Concerts", "Köln Concert" e "Sun Bear Concerts".

Nos anos oitenta, Jarrett executava tanto o clássico quanto o jazz.

Não está entre os meus pianistas prediletos. Mas como está chegando ao Brasil, onde se apresentará nos dias 6 em São Paulo e no dia 9 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, achei oportuno falar dele e de outros instrumentistas que fazem o jazz verdadeiro, clássico, único admitido pelos experts, posto que são fiéis a um dos requisitos básicos do jazz em estado puro que é a improvisação.

Segundo os entendidos, dois elementos são absolutamente necessários numa performance de jazz: o swing e a improvisação.

Em entrevista concedida ao jornal O Globo, ele disse, corroborando o acima mencionado,  que a platéia terá apenas aquela chance de ouvir algo que jamais será repetido.

E é assim mesmo. O Arthur Dapieve, que escreveu a matéria, foi extremamente feliz ao dizer que Keith Jarrett "sobe ao palco com a cabeça limpa de qualquer tema predeterminado, lança as mãos ao piano numa espécie de transe e improvisa durante um longo tempo, num fluxo aparentemente inesgotável de idéias e melodias".

E é por isso que não o elenco entre meus preferidos. Eu gosto de reconhecer o tema que está sendo executado. Aceito releituras, mas se o músico se afasta tanto da partitura, da linha melódica, das harmonias originais, a ponto de não se identificar o tema, já me incomoda um pouco. Já vira uma outra obra. Que não se repetirá, pois fruto de improviso.

Pior do que o Jarrett é o Sonny Clark. Tem álbum (ou CD) do Sonny, no qual estão registradas apenas 4 músicas, ou 4 faixas. Em “The Great Paris Concert”, por exemplo, a faixa “Amplitude” tem duração de 19:59min. Só improviso, cansa.

Ganhei, não faz muito tempo,  um CD do John Coltrane, com seu sax tenor, no qual ele executa “Lush Life” durante 13:53 minutos. Só muito aficionado, apaixonado e conhecedor para apreciar.

Bem, felizmente, para mim, a partir dos anos 90, Keith Jarrett passou a gravar alguns standards, em trio, com o baixista Gary Peacock e o baterista Jack DeJohnette, formação com a qual esteve no Brasil em 1989.

Tenho, com esta formação em trio,  um CD intitulado “Up for it”, no qual estão registrados My Funny Valentine e Autumn Leaves, entre outros standards. Bom disco.

No momento Jarrett está, de novo, mais dedicado à música clássica, pela qual é apaixonado. Deve sair, brevemente, um álbum de música erudita, no qual estará acompanhado de violino.

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