Clique no link e leia o original, com ilustrações. Publicado com autorização do autor, meu filho homônimo.
"A fila para o iPad2
No dia 11 de março, foi lançado em Nova York o iPad 2. Quero dividir com vocês a experiência que vivi, mas não vou falar sobre as características técnicas do aparelho, seus inúmeros recursos e aplicativos. Deixo isso aos especialistas em tecnologia.
Quero comentar sobre o fenômeno do ponto de vista das pessoas. A loja da Apple na 5a Avenida iria abrir somente às 17h do dia 11/03 para venda do iPad 2. Às 15:50h, quando cheguei lá, a fila já dava a volta inteira no quarteirão, descendo pela rua 59, passando por trás (6a Avenida) e voltando pela rua 58. Detalhe: a fila era dupla.
Dezenas de jovens de camiseta azul com o símbolo da maçã organizavam a fila, para que ela não bloqueasse a entrada de garagens ou lojas. Tudo funcionando.
De vez em quando, alguém abria a janela do carro e perguntava para o que era a fila. Ao saberem da resposta, quase sempre diziam “ah, o iPad 2…”
Na fila, as inevitáveis conversas de quem está meio sem ter o que fazer. Atrás de mim, uma jovem queria comprar dois (o limite permitido pela Apple), um para o namorado e outro para o chefe. Pediu para tirar uma foto dela na fila, para provar ao chefe que foi um sacrifício…
Ao meu lado, um indiano (que estuda em NY) conta que entrou no site da Apple às 6h, e a expectativa era de 8 dias para entrega na cidade de NY. Mas que, ao retornar ao site às 11h, essa espera já ultrapassava 3 semanas.
Um chinês tentou furar a fila (pois é, lá também…) falando ao telefone, mas o pessoal da fila “dedurou” e ele se mandou.
Às 17h, pontualmente, a fila começou a andar, enquanto a temperatura caía para menos de 5°C.
Converso com um dos rapazes de camisa azul, e pergunto se haverá iPads para todos. Ele diz que não sabe, mas acha que a Apple se preveniu dessa vez, já que no lançamento da primeira versão faltaram aparelhos.
Além das lojas da Apple, o iPad 2 também podia ser adquirido nas lojas da AT&T, Verizon e Wal-Mart. Isso contribuiu para diminuir a “pressão” sobre as lojas da empresa.
No papo da fila, o estudante indiano pergunta para outra moça por que ela está comprando um iPad. Resposta simples e direta: é legal e um símbolo de status. De fato, o “status” é um valor recorrente no mundo da tecnologia, e a Apple é, provavelmente, a empresa que melhor traduz esse valor para seus clientes.
Depois de duas horas e quarenta minutos, entro na loja. Os funcionários fazem um corredor, e batem palmas, dando as congratulações por “ter conseguido”.
Ao descer as escadas (a loja é no subsolo), a primeira pergunta: pagamento em dinheiro ou cartão? Daí eles perguntam qual o modelo desejado. E em 10 segundos o aparelho está dentro de uma sacola, o cartão está sendo passado num iPhone e o recibo vai por e-mail (e vai mesmo, já recebi). Ou seja, quase 3 horas, e a venda não levou 2 minutos.
Na saída, as pessoas gritavam e exibiam seus aparelhos, como troféus, para a pequena multidão do lado de fora, que se divertia com esse excesso de entusiasmo.
No dia seguinte, sábado, volto à loja e o vendedor me diz que naquela noite venderam mais de 7 mil iPads 2. Incrível. Das 6 versões disponíveis (16Mb, 32Mb e 64Mb com wi-fi ou wi-fi + 3G), apenas uma versão em preto, de 64Gb, tinha ainda algumas unidades.
Algumas pessoas ficaram na fila por até 40 horas, e me disseram que minhas 2h e 40 minutos não foram nada. Uma estudante vendeu seu lugar na fila por 900 dólares. Vai usar o dinheiro para assistir a um show da Lady Gaga… Veja o vídeo abaixo.
Minha curiosidade, agora, é saber se Steve Jobs voltará e se a Apple será capaz (de novo) de criar filas tão grandes."
Um comentário:
A indagação do autor, está respondida numa boa metéria publicada na revista VEJA, edição do dia 9 deste mês (nº2207).
O futuro do iPad, que já perdeu um terço de espessura da primeira para esta segunda versão, é atingir a grossura de uma folha de papel e ser tão flexível quanto até 2016.
A maleabilidade pode demorar, mas a redução da espessura certamente ocorrerá num curto espaço de tempo.
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