O Cinemark, em Niterói, tem 6 salas no Plaza Shopping. Mês passado, num domingo, programei assistir o último filme do Woody Allen, intitulado “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos” (You Will Meet A Tall Dark Stranger). Para minha surpresa não estava em exibição. Voltei à revista onde havia pesquisado e constatei que o citado filme só estaria em cartaz na quinta-feira, na sessão das 19:30h. Em outras palavras, são 6 salas, vários horários de sessões durante 7 dias na semana, e o filme só estaria em exibição num dia, numa sessão.
Em resumo, Woody Allen não tem público, senão alguns poucos fiéis que nem eu. Logo, um só dia e uma só sessão, segundo os programadores, são suficientes para satisfazer aos poucos admiradores do roteirista, diretor, ator e músico.
Idêntica situação vive José Saramago. Uma pesquisa sobre os campeões de vendas, nos dois últimos anos, revelará que o grande escritor lusitano freqüentou apenas duas vezes as listas semanais dos mais vendidos, e, ainda assim, em posições secundárias, nunca as três primeiras.
Ocorreu com “Ensaio Sobre a Cegueira”, cujas vendas foram motivadas pelo lançamento do filme homônimo. E com “Caim”, em face da morte do laureado escritor. Em suma, fatores outros que não a qualidade literária alavancaram as vendas.
O moral da história deixo a cargo do leitor. Ou estou na contramão, portanto errado. Ou pertenço a minoria mais seletiva.
Enquanto Saramago não vende como deveria, as mesmas listas de mais vendidos são freqüentadas, durante semanas, por nomes como Rick Riordan, Stephenie Meyer, Nicholas Sparks et caterva.
Sem falar da recidiva da praga Sidney Sheldon.
Pais e avós jamais regurgitarão histórias ou mesmo frases destes autores, para alimentar de cultura e saber seus filhos e netos. O que significa dizer que estes autores de consumo imediato, não pasarão para outras gerações e tendem a cair no ostracismo e total esquecimento.
Não dou um ano e obras como “O ladrão de raios”, “O mar de monstros”, “A Maldição do titã”, “O último olimpiano”, “Amanhecer”, “Eclipse”, “Lua nova”, “A hospedeira”, “A breve segunda vida de Bree Tanner”, “Querido John”, “A última música”, e “O milagre”, entre outras obras, que venderam como a última fornada de pão, estarão empoeiradas nas portas dos sebos à R$ 1,00... a dúzia.
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