Três por quatro, de frente e sem chapéu. Este era o formato padrão de fotos para documentos, exceto passaporte.
E fundo branco. Este era o aviso, melhor, a advertência, que recebíamos quando necessário tirar fotos para documentos, inscrição em concursos e coisas do gênero, que fossem mais solenes e formais.
Nesta época eu possuia uma caneta Parker 51, que abastecia com tinta azul real permanente. Existia uma lavável. Acredite.
Bem, o mata-borrão já não era tão necessário, pois as canetas-tinteiro de ponta metálica, substitutas das penas, que eram molhadas vez por outra na tinta, estavam caindo em desuso, em face do surgimento daquelas que tinham internamente sua carga de tinta, fruto de uma bombinha com a qual era abastecida diretamente do tinteiro, que vinha a ser um potinho cheio de tinta, fabricado pela própria Parker. E havia outra boa caneta, da marca Sheaffer, concorrente da Parker. Mais ou menos como Windows e Linux.
Depois vieram as esferográficas. Que dificilmente serão superadas em praticidade, preço e eficiência. Perdem, apenas, no quesito luxo. Quem faz questão compra a Mont Blanc, uma versão Rolls Roice da velha Parker 51. Ah! Sim, havia uma Parker 21, mais barata e pouco menor.
E os campeonatos de foot-ball? Observem que a competição não era de futebol, coisa que somente ocorreu muito tempo depois, por causa das várias manifestações nacionalistas e dos vigilantes do idioma. Ficamos a salvo do balípodo, juro, que era uma das propostas para fugirmos do anglicismo.
E a locução de uma partida de futebol exigia conhecimentos rudimentares da lingua e pronúncia inglesa. A grafia não era essencial, os jornalistas cuidavam disto na imprensa.
Assim, o zagueiro que fazia papel de líbero, era o stopper. O goleiro era o goalkeeper, o impedimento era chamado de off side, o escanteio era corner. Bem, ainda é. O centro avante era o centerforward, assim como a centro médio, ou médio volante armador, era chamado de certerhalf. Havia dois halfbacks, o da direita e o da esquerda. Hoje chamados laterais.
A primeira rolada de bola, para início da partida, era chamada de kick off. O locutar anunciava: foi dado o kick off. E a falta ainda era cobrada como foul.
Então tinhamos que para ouvir um mero jogo de futebol, eram necessários conhecimentos básicos de inglês ou, como no meu caso, um bom ouvido, para poder reproduzir as palavras, sem a menor idéia de como eram escritas. Para início de conversa, o jogo era um match e a seleção do Dunga seria o scratch nacional.
E no Bob's, rede de lanchonetes que surgiu algum tempo depois, o prato de ovo frito (estrelado) com presunto era comandado assim pelo atendente: sai um "romanegue" (ham + egg)
Era interessante ver o negão, discutindo, afirmar que Danilo era melhor “centeralfe” do que Bauer.
Ah! De novo. Podia-se chamar o negão de negão, sem que parecesse discriminação ou algo ofensivo. Vejam os poetas populares falando, muitas vezes, deles mesmos.
"A nega do peito é aquela,
que faz o feijão costumeiro,
não vou mudar de mulher,
só porque ganhei dinheiro"
Curioso que os nacionalistas, com a penetração da informática e uso já disseminado da internet, queixam-se que os termos são ingleses. Vai levar tempo até que se aportuguesem as expressões americanas, como já ocorreu com deletar, por exemplo, que já é um verbo introduzido em nosso dia-a-dia, e constará certamente dos futuros dicionários do idioma pátrio. Se já não está.
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