24 de maio de 2010

Queremos raça...

Ora, com que então as torcidas querem dos jogadores de seus clubes que eles se empenhem, que deixem no campo o suor e o sangue, se necessário, na busca da vitória.

Este clamor, das arquibancadas, é uma coisa comum nos estádios brasileiros. As vaias, nos estádios europeus, quando a equipe está apática em campo, não deixam dúvidas de que a torcida quer é a vitória, ou, pelo menos, empenho máximo dos jogadores com este objetivo.

Na contramão, alguns críticos, seja porque são realmente românticos, seja porque querem fazer tipo contestador, ficam falando sempre em futebol arte, em contraposição ao futebol objetivo, competitivo.

Palavras como comprometimento, superação, entrega, doação, utilizadas por alguns técnicos para definir o que esperam de seus comandados, em especial utilizadas pelo Dunga, são uma versão mais acadêmica, mais erudita, do que é entoado pelo povão: “queremos raça, queremos raça...”

Não que uma coisa exclua necessariamente a outra. Poderíamos ter uma equipe de talentos na arte do domínio da bola, com visão de jogo e a habilidade de uma foca adestrada e, não obstante, esta mesma equipe ser aguerrida, combativa, com os atletas focados na vitória.

Dois dos melhores jogadores da atualidade, Messi e Wayne Rooney, mesmo quando são desarmados, correm atrás do adversário para recuperar a bola. Mas são uma honrosa exceção.

Mas a história comprova que não é isto que acontece. Seleções brasileiras como as de 1982 e 1986; a húngara de 1954; as holandesas de 1974 e 1978, só para citar exemplos de seleções - excluindo clubes que investiram fortunas em equipes dos sonhos - sucumbiram diante das pragmáticas alemãs, das defensivistas italianas e da guerreira uruguaia, como em 1950.

Neste último campeonato citado, tínhamos um time de virtuosos: Zizinho, Danilo, Jair, Chico, só para citar alguns, e perdemos para o guerreiro chamado Obdúlio Varella. Poderíamos até empatar, e conseguimos abrir o marcador. Mas os uruguaios foram à luta e viraram o resultado para 2x1.

Eu, de minha parte, fico com o critério do Dunga, diga-se de passagem um injustiçado. Tido e havido como um cabeça de bagre, foi um jogador importantíssimo, inclusive autor de passes precisos, muito bem executados. Só não vê quem não quer, pois os vídeos teipes estão aí mesmo.

Quando defendo a postura combativa, não estou endossando o pontapé, o carrinho pelas costas, o agarrar, e outras atitudes antidesportivas. Falo da marcação serrada, não deixando espaços para o adversário. Antecipar as jogadas.

Isto é o que o povo quer.

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