4 de dezembro de 2009

Viagens & comes & bebes (parte III)

Lembram da Gerbeaud, em Budapeste, e seus doces maravilhosos ? Pois bem. Não fazem torta de chocolate (sachertorte) como a do Hotel Sacher em Viena. Na alta temporada de turismo no leste europeu, há fila para comer um pedaço do famoso bolo. Se estiver sem tempo, vá a outra confeitaria e peça uma apfelstrudel, que é uma torta com pedaços de maçã e passas envolvidas em uma massa leve polvilhada com açúcar. Estando, como estamos, em Viena, vale mencionar a casa de chá e cafés Haas & Haas, que tem um pátio ajardinado e serve coisas ligeiras e leves. E de preço acessível. Em alguns outros cafés, famosos e tradicionais, que recebiam artistas e intelectuais renomados, como o Griensteidl, o Ministerium e o Central, você é bem servido (os garções podem estar de smoking), bebe um café de primeiríssima qualidade, mas paga os olhos da cara. Destes últimos cafés citados, para falar sobre tenho que recorrer as anotações de viagem, eis que os nomes, tirante o Central, são impronunciáveis e indecoráveis. Se você não é alemão, ou austríaco, tente dizer Schwarzenberg, de primeira e sem gaguejar. Tentou ? Pois estou seguro que a pronúncia está errada. Pois é, este é outro famoso café vienense. A propósito, na rua Graben você encontra muitos cafés, podendo neles passar umas duas horas tomando um melange (café misturado com leite quente) e descansando os pés das longas caminhadas pelos pontos turísticos que a cidade oferece.


Está certo, em Montmartre, bairro de Paris, conhecí cafés charmosos e também freqüentados por artistas e intelectuais, mas os austríacos estão no mesmo nível de elegância e têm menos sofisticação, no pior sentido da palavra. Vide Aurélio.

Mas se o assunto é jantar, e você não quiser comer ouvindo um concerto de violinos, violas e celos, então Paris é melhor mesmo do que Viena, onde isto é mais comum. E janta-se barato e gostoso na Place du Tertre, no mesmo já mencionado bairro de Montmartre. Come-se, certamente, menos do que em qualquer trattoria do bairro de Trastevere, em Roma. E com menos algazarra também. Os pratos italianos são mais substanciosos num primeiro momento.

Mas se o assunto é vinho, que me perdoem os periféricos, mas os da Borgonha não têm similar no mundo, por mais pasteurizados que estejam os sauvignon da vida. Tem italianos bons, tem os bordeaux excelentes, tem chilenos bebíveis, mas você pelo menos uma vez na vida deve perder amor ao seu rico dinheirinho e pedir um borgonha. Divide a garrafa e, lógico, a conta, com a mesa do lado. Não precisa pedir um Gran Cruz premium, top de linha, super extra. Asseguro que sua reação, depois, será a de dizer: “eu pensava que já havia tomado vinho”.

Falei rapidamente da cozinha italiana, pois ela será alvo de capítulo especial. Mas antes que eu esqueça, se é que será possível esquecer, o espaguete que comi num ristorant localizado na escarpa de Capri (ilha oceânica) perto de Nopoli (Itália), é inenarrável. E simples. O molho, com manjericão, tomate tipo cereja (meio adocicado) e outras ervas locais, tornou o simples espaguete uma coisa divina. E não esqueça de imaginar a vista: você está sentado numa mesa que fica no lado externo do restaurante, ao ar livre, perto de um penhasco, debruçado sobre o Mar Tirreno, com vista da Baía de Napoli e ao fundo o Vezúvio. Não tenho culpa se tive a sorte do dia estar esplendoroso, com sol brilhando e céu azul, e a temperatura civilizada de 22 gráus.

Em matéria de vista deslumbrante, aqui mesmo no Rio temos para todos os gostos. Com a vantagem que se chega aos locais utilizando somente reais. Quem já subiu o Corcovado ou andou de bondinho até o Pão-de-Açúcar, sabe do que estou falando.

Na verdade, pouca gente sabe que Capri, embora pequeníssima, tem a uma montanha alta, se considerarmos o tamanho da ilha. A primeira metade da ilha, e conseqüentemente da montanha, é que se chama Capri. A segunda metade, parte mais alta até o cume, ao qual se chega de teleférico, se chama Anacapri (acima de Capri). Consta que tem até administração distinta. Pois é de lá, do cimo da montanha, que a gente vê, se o tempo ajudar e não houver muito nevoeiro, uma cor de mar que aqui no Rio não tem. Violeta.

Um comentário:

Freddy disse...

É curioso. Quando elogio doces portugueses, alemães, austríacos ou italianos, sempre me refiro à sua versão tupiniquim.
Jamais comi um doce sequer na Europa que me satisfizesse.
Acho que fiquei viciado no sabor do açúcar de cana...

Com relação a vistas, decerto que ainda não vi no mundo algo similar à do Corcovado e do Pão de Açúcar. A de Cerro Campanário em Bariloche vem a seguir. O mix de terra, água e civilização cria um quadro maravilhoso. Com neve nas montanhas então, babo!!

Longe de mim desprezar as demais, estou apenas classificando.