4 de dezembro de 2009

Viagens & comes & bebes (parte I)

Em Lisboa, a gente encontra uma empada aberta, sem tampa, que eles chamam de pastel. Fazer um doce com aparência de empada e chamar de pastel, só poderia ser coisa de patrícios. A verdade é que o tal pastel de Belém é um doce muito gostoso. A casa mais tradicional na fabricação e venda deste doce, fica perto e na mesma rua do Mosteiro dos Jerônimos. Assim, indo-se ao mosteiro, onde estão os restos mortais de Vasco da Gama e Pedro Alvares Cabral, pode-se depois comer os pasteis. Se você tiver pouco tempo, coma só os pasteis, principalmente se você já foi a Florença. Lá, em Firenze, tem mais túmulo de gente ilustre por metro quadrado. Numa visita a uma igreja, você se depara com os monumentos fúnebres que consevam as cinzas de ninguém menos do que Maquiavel, Galileu e Dante. Bem, você dirá que lá não tem pasteis de Belém (bairro de Lisboa), mas tem um delicioso sorvete. Os sorvetes florentinos estão entre os melhores que já provei.


Já que comecei por Portugal, com rápida incursão à Itália, devo dizer que o presunto serrano, feito em Chaves (PT) é tão gostoso quanto o de Parma (ITA). São, ambos, naquele formato de pernil trazeiro inteiro, que se corta em lascas. Caramba, só de pensar, no caso escrever, já deu água na boca. A cozinha trasmontana (Trás-os-Montes), é muito apreciada. Também nos doces a região é rica. Vale a pena experimentar os papos de anjo e as pastilhas de São Gonçalo (feitas com amêndoas e gemas), em Amarante. Ah! A propósito, lá está a famosa Pastelaria Amarante, que vende...doces.

Se estamos no norte de Portugal, e na Península Ibérica, porque não falar da cozinha espanhola, da região da Galícia, que fica logo alí. E é tão logo alí, que equivocadamente nós brasileiros chamavamos de galegos alguns portugueses que aqui aportaram nas décadas de quarenta e cinqüenta. Tal confusão se dava porque eles, portugueses do norte do país, chegavam vindos da Espanha, pois era mais fácil chegar aos portos e aeroportos espanhóis, na Galícia, do que à cidade do Porto e Lisboa. Não havia boas estradas ligando o norte a estas grandes cidades portuguesas, das quais poderiam embarcar para o resto do mundo. É comum, na região de fronteira, casamento entre portugueses e galegos. Vários nomes de portugueses são grafados a moda espanhola. Encontra-se muito Alvarez e Rodriguez, de nacionalidade portuguesa, com seus nomes escritos com a letra zê. Mas, voltando a comida, e já na Galícia, quero recomendar a paella de La Corunã. Sabe-se que a mais famosa das paellas é a valenciana. Ocorre que a citada cidade espanhola – La Corunã - tem um dos portos pesqueiros mais importantes de toda a Europa. Eles abastecem muitos apaíses do continente europeu com pescados e frutos do mar em geral. Sem contar que cultivam mariscos e mexilhões em enormes criadouros. Pode-se e deve-se acompanhar a paella, que a propósito tanto pode ser chamada de paelha como de paeja, depende da região onde se estiver, tomando um vinho da uva alvarinõ, cultivada na região. Os vinhos brancos desta casta são leves e refrescantes. E cabem no orçamento apertado, pois com 12 euros pode-se tomar uma garrafa de boa qualidade.

Em Salamanca, bela cidade, sede de uma das mais antigas e importantes universidades no mundo, e que tem uma das três mais belas praças (Plaza Mayor) da Europa, não se deve deixar de comer cordeiro assado, que eles preparam como ninguém. Minto e já me corrijo, na cidade de Bragança, em Portugal, também vale apreciar o cordeiro bragançaro. Pelo preparo, que desconheço o segredo, é para mim, por enquanto, inigualável. Mesmo comparado com os feitos em outras cidades européias.

Paro por aqui para fazer digestão. Mas voltarei (isto é uma ameaça), com comentários sobre os cafés de Viena, da rua Graben, que não perdem em nada para os cafés parisienses. Ou perdem, se você for analisar sobre a ótica da cidade em torno deles. Embora Viena seja uma cidade limpa, civilizada e elegante, obviamente não se compara a Paris.

2 comentários:

Riv4 disse...

Caramba, amigo .... aqui refestelado depois do almoço no trabalho, fiz uma incursão mais profunda no blog, e olha o que descubro : estivemos em Amarante (uma gracinha), almoçamos numa linda varanda sobre o Tâmega, mas desconhecíamos (eu pelo menos)os papos de anjo e as pastilhas de São Gonçalo (feitas com amêndoas e gemas).Bem como a famosa Pastelaria Amarante, que vende...doces.
Isa não vai me perdoar .... rsrsrs

Jorge Carrano disse...

Pois é, Riva. O blog é um repositório de úteis informações. Você deveria te-lo visitado antes da viagem (rs).