22 de dezembro de 2020

Depois resolvo que título dar

 

Poderá ser "Como tudo começou", ou "A ambição política de um governador", ou "Os estudantes secundaristas na década de 1950", ou ainda e finalmente qualquer outro pertinente.

Ao fim e ao cabo, se tudo correr bem, ficarão explicadas as possibilidade de títulos, posto que o "como tudo começou" contará meu encontro com Wanda companheira de 56 anos de jornada; deixará clara  a "ambição política" de governante fluminense e o espírito e "comportamento dos secundaristas" no passado.

Sabem quantas horas de viagem, no trem maria-fumaça, eram necessárias para cobrir o percurso Niterói - Cachoeiro de Itapemirim, no final dos anos 1950?

Ou seja, desde aqui nesta imagem  a seguir 

Estação de trem, em Niterói

Até aqui nesta outra logo abaixo?


Estação em Cachoeiro de Itapemirim

Eram, por baixo, doze horas de viagem, cansativa e desconfortável.

Está aí o Carlos Lopes (Carlinhos) que não me deixa mentir sozinho (rsrsrs). Fizemos esta viagem, enquanto estudantes do Liceu Nilo Peçanha, de Niterói, nos anos 50 do século passado.

Mas éramos todos jovens, e a sensação  de liberdade, e a aventura projetada, compensava tudo. Com efeito viajaríamos desacompanhados dos nossos pais e de professores.

Iriamos participar de uma competição estudantil na cidade capixaba, promovida pelo Liceu local, com o auxílio da prefeitura, juntamente com estudantes de outros "Liceus", como os de Campos-RJ, e os de Vitória, Colatina, Mimoso do Sul, todos do ES, e se me não falha a atribulada memória, um outro da cidade mineira de Carangola.

Não vou relatar a viagem e nem a competição. Vou antecipar que em face do contato com os liceistas locais e da boa camaradagem que fizemos, passados não muitos meses um grupo de estudantes, moçoilas, de Cachoeiro, veio até Niterói, a passeio, sem programação de competições esportivas.

Se lá, quando os liceistas de Niterói fomos para aquela competição já citada acima, ficamos hospedados nas instalações do Liceu de Cachoeiro, quando as meninas de lá vieram a Niterói, ficaram hospedadas nas instalações do Caio Martins.

Lá houve apoio da prefeitura e das famílias dos estudantes que acabaram por acolher, cada uma delas, dois ou três niteroienses para nos oferecer as três refeições diárias.

Aqui a alimentação das cachoeirenses era servida no próprio Caio Martins, que possuía infraestrutura para tanto.

Órgãos públicos, como o governo do Estado do Rio de Janeiro,  e entidades estudantis, como a Federação dos Estudantes Secundários de Niterói (FESN), viabilizaram estas viagens e encontros.

Um grupo de estudantes de Cachoeiro em visita ao Palácio do Ingá, recepcionadas pela primeira dama.

Duas destas capixabas na foto acima, amigas até hoje, eram as alunas que carregavam, nas paradas festivas, o brasão do colégio. Wanda, minha namorada, e Tereza, namorada do Salvatore Noce, estão também na foto abaixo:



As estudantes do Liceu de Cachoeiro também enfrentaram a mesma viagem de trem na vinda e na volta.

Pela via rodoviária a distância de 383 Km, que separa uma cidade da outra também era muito demorada. Boa aparte da estrada, a partir de Venda das Pedras, não era asfaltada e quando chovia durante muitos dias a pista ficava enlameada dificultando o trânsito.

Esta circunstância, e agora farei um spoiler, juntava os interesses de Camilo Cola, proprietário da Viação Itapemirim, com o governo fluminense (antigo Estado do Rio de Janeiro), e por isso vez ou outra, menos vezes do que eu gostaria (e precisava), ganhei passagens para ir namorar em Cachoeiro (retirando a cortesia da Viação, no DER).

O asfaltamento ou não do trecho da estrada em terra batida, poderia ou não atrair a concorrência da Viação Cometa, por exemplo, para a ligação Niterói-Vitória.

Continua nas próximas postagens, ou não.

9 comentários:

Jorge Carrano disse...


éramos um grupo de mais de trinta estudantes nesta viagem de trem.

Sob os auspícios da FESN fizemos outras por via rodoviária.

Jorge Carrano disse...


A "delegação" das moças de Cachoeiro era chefiada pela mãe, da Thereza (foi namorada do Salvatore Noce), que era a melhor amiga de minha mulher, e que ainda se comunicam. Ela tem uma pousada em Miaípe, praia capixaba.

Calfilho disse...

Essa nossa excursão a Cachoeiro deixou saudades. Fui três vezes à cidade: uma, antes da ida do Liceu de Niterói, com FESN; a segunda, justamente essa, a do Liceu; e, uma outra, de ônibus, também a convite da FESN, quando eu já estava no primeiro ano da faculdade. Não sabia dessa vinda do Liceu de Cachoeiro a Niterói.

Jorge Carrano disse...


Foi exatamente nesta vinda delas a Niterói, que começamos a namorar.

Nos conhecemos em Cachoeiro, mas ela tinha namorado e eu de minha parte também tinha uma namoradinha em Niterói.

Mas a verdade é que alguma coisa nos atraiu, porque quando ela veio na excursão já não tinha namorado e a primeira coisa que as amigas disseram quando chequei ao Caio Martins foi: "olha a Wanda foi até a farmácia mas não demora."

Ora isto tinha algum significado. Certamente ela queria me encontrar, senão porque a informação de que ela não demoraria, se nada havíamos marcado?

Pois é, quando foram conhecer a sede da FESN, na Rua XV de Novembro, selamos o namoro firmando um pacto verbal de mútua fidelidade em face da enorme distância que nos separaria e só muita lealdade permitira vingar algo entre nós.

Desta data até hoje, são decorridos praticamente 60 anos, pois segundo ela registra este nosso encontro ocorreu num 5 de janeiro de 1960.

E quando afirmo que a possibilidade de dar certo era remota, vocês nem sabem ainda que durante os 4 anos entre namoro e noivado (tinha naquela época), nós nos encontramos apenas 55 dias. E trocamos cerca de quinhentas cartas.

É ou não é uma novela?

Jorge Carrano disse...


A esposa do governador, Sra. Ismélia, na foto recepcionando uma parte do grupo de estudantes do Liceu de Cachoeiro de Itapemirim. Muito elegante e simpática.

Jorge Carrano disse...


Para efeito de registro já que tenho mencionado o Grêmio do Liceu e a FESN, vou enumerar alguns dos estudantes que lideravam e/ou dirigiam estas entidades estudantis quando participei:
No GLNP (Grêmio o Liceu): Fernando Autran, Irapuam Assumpção, Carlos Augusto Lopes Filho, Roberto Bartijoto, Roberto Perecmanis e a alto astral Verinha, entre outros.
Na FESN (Federação dos Estudantes Secundários de Niterói): Jorge Rodino, João Bazhuni, Sergio Mauro Vargas Belém, Emanuel Sader, Hermes Santos, Silvio Lessa, Emetério Leitão, e outros.
E na UNE (que congregava os universitários): Claudio Moacyr de Azevedo, João Kiffer Neto e Roulien Camilo, entre outros

Jorge Carrano disse...


Faltou consignar a existência da COFES, que era a Confederação dos Estudantes Secundários, que congregava as federações municipais.
O presidente da COFES, no período relatado, era o Pedro Teófilo de Mello Simão.

Riva disse...

Vendo essa foto da Dna Ismélia, como seu filho JR Silveira é parecido com ela.

Ele está comigo na 1ª foto do meu post

http://jorgecarrano.blogspot.com/2020/12/coisas-que-ficaram-em-minha-memoria.html

Jorge Carrano disse...


Teria sido melhor para ele ao invés de herdar os traços fisionômicos da mãe, ter assumido a liderança e o carisma do pai, na política.

A diferença entre um e outro é abissal.