4 de dezembro de 2020

Da pontinha da orelha

 


Usar a expressão ninguém usa mais, e lembrar só alguns poucos de nossos leitores, fieis e eventuais.

Rose Rondelli
Uma coisa da pontinha da orelha era muito boa, muito bonita ou muito gostosa. A torta de nozes estava da pontinha da orelha; a Rose Rondeli era da pontinha da orelha.

E chuchu este legume insípido, que dá muito na cerca, também tinha seu nome associado  a grandiosidade,  a superlativo. Rockeffeler é rico p'ra chuchu. Todo mundo sabia que significava ter muito dinheiro.

Alias que este mesmo legume sem graça (precisa do camarão para ser consumido) entra numa outra locução, que também caiu em desuso, designativa de quantidade. "Dar mais do que chuchu na cerca" queria dizer dar muito e com facilidade.

Tinha uma vizinha que era referida desta maneira.

https://www.englishexperts.com.br/forum/como-dizer-dar-mais-que-chuchu-na-cerca-em-ingles-t59487.html

Estas expressões idiomáticas, por assim dizer, levam-me aos apelidos que podíamos grudar nas pessoas  no tempo anterior ao politicamente correto.

Alguns eram tão criativos, originais e bem-humorados que nem mesmo as vítimas se aborreciam.

O baixinho, virava "pouca sombra"; o cara valentão, forte e temido poderia ser "tem razão". Este último um ótimo apelido; quem discordaria de alguém com tais características?

Tive uma amigo, colega de trabalho, de nome Péricles, cujo apelido era Maracanã. Sabem por que? Era grande, feio e mal acabado. Nesta época o Maracanã ainda estava por terminar, faltavam os acabamentos (revestimentos, etc) que demoraram muito.

A gorda era rolha de poço; o alto e magro, caniço; o manco virava deixa que eu chuto. Os negros, antes de virarem Pelé, eram chamados de Sabará, alusão ao ponteiro do Vasco.

O politicamente correto impingiu perdas ao humor, assim como o tal VAR ao futebol.



3 comentários:

RIVA disse...

Verdade, lembro de muitos apelidos e termos, hoje impensáveis sob risco de judicialização, bullying, assédio moral, etc.

Olhem só :

- Girafa - o cara não tinha pescoço
- Curval - amigo que tocava sax, e ficava no formato do instrumento
- Foguetão e Espanador da Lua - amigos muito altos
- Chupador - cara dentuço
- Ficha de õnibus = dar mais do que chuchu na cêrca : passava na mão de todo mundo
- mocorongo
- pra Meireles : até hoje não sei porque, mas significava "muito"
- deu mole ... ????

Nunca vou esquecer a 1ª vez que um cara me chamou de BICHO, gíria da Jovem Guarda. Putz, fiquei muito puto, quase me engalfinhei com o cara !!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkk



Jorge Carrano disse...


Estou surpreso de você lembrar do "pra Meireles".

Acho que pouca gente lembra desta gíria, que deve estar catalogada entre "palavras e expressões" mortas, como o latim enquanto idioma de uso corrente.

Ana Maria disse...

Mês passado usei o ditado " todo corcunda sabe como se deita " no Whatsapp conversando com a mãe da Alessandra, e para surpresa minha nenhuma das duas o conheciam.
Acharam engraçado, mas nunca haviam ouvido antes.
Regionalismo, provavelmente.