25 de janeiro de 2020

Trolleybus


Enviei esta foto abaixo para um amigo de minha mesma geração, lançando um repto: lembra disto?


Ele, cujo nome preservarei por enquanto, posto que não pedi autorização para publicar sua resposta, revelou ter uma memória muito boa. 

E fez-me um relato histórico do transporte urbano, à época dos famosos ônibus elétricos. E uma apologia ao glamoroso (então) bairro do Ingá.

Com sua resposta, que segue abaixo, fui ao Google e pincei outra imagem de um trolley-bus, no Ingá, em 1954, que incluo ao final.


Claro, Carrano. Não sei se já contei isso, mas eu morava no Ingá, na rua Nilo Peçanha, onde meu avô construíra um edificio, quando foram inauguradas as duas primeiras linhas de trolley, ambas com o nome Jardim do Ingá, lá por 1954 ou 1955. Eram as linhas 2 e 3 (a que aparece na sua foto).

Todas duas vinham do centro de Niterói. Uma vinha pela rua Presidente Pedreira, ia até o Jardim, dobrava à esquerda na Paulo Alves, depois novamente à esquerda na Tiradentes e voltava ao centro. A outra vinha pela Tiradentes, dobrava à direita na Pereira Nunes, depois ainda à direita na Presidente Pedreira, para voltar ao centro. Lembro bem que o trajeto dessa última iria passar pela Nilo Peçanha, em vez da Pereira Nunes, e a garotada da rua torcia para que isso não acontecesse, para não atrapalhar nossos "rachas" na rua. Ouviram a gente.

Depois foram inauguradas as linhas 4 (Canto do Rio), que passava pela São Sebastião, que foi asfaltada para os trolleys. A linha 5 (São Francisco), a 6 e 7 ( Avenida Sete) e a 8 e a 9 (Circulares, uma indo pela praia de Icaraí e voltando pela antiga Estácio de Sá e outra fazendo o caminho inverso na volta ao centro.

Foi a grande novidade da época.

Aqueles anos, Carrano, foram extraordinários, pelo menos para mim. O Ingá era uma delícia de bairro para morar. Quase não havia trânsito, muitas casas baixas, fui criado na rua Nilo Peçanha, onde ficava o dia inteiro.

Cursava, na época, o ginasial do Liceu e tinha vivido em apartamento para onde depois voltei, na Amaral Peixoto. No Ingá, tinha a rua, a praia, cafifa, bola de gude, barraquinha de São João, futebol na rua e na praia.

Lembranças, meu amigo, lembranças...


Abraço





No Ingá (Praia das Flechas - em 1954)

12 comentários:

Jorge Carrano disse...


Depois de muitos anos a cidade voltará a ter ônibus elétricos em circulação.

Pelo que li há algum tempo, a prefeitura estaria adquirindo uma frota de 40 unidades, que devem operar nas linhas do BHLS TransOceânica.

Diferentemente dos modelos que estamos comentando aqui e as imagens revelam, estes novos serão movidos a bateria, e não ligados por aqueles chifres diretamente na rede elétrica, aérea.

Jorge Carrano disse...


Deus do céu!!!

Como estou atrasado. Acabo de ser alertado que a TransOceânica já foi liberada e está em operação desde o ano passado.

Fui ao Google e verifiquei que o corredor com 9,3 quilômetros de extensão e 13 estações estende-se por 12 bairros e liga a Região Oceânica à Zona Sul de Niterói através do túnel Charitas-Cafubá.

Os novos ônibus são climatizados, têm piso na altura do passeio público e capacidade para 90 passageiros, além de acessibilidade total.

A velocidade máxima permitida para os coletivos é de 40 km/h no corredor expresso e 30 km/h nas estaçõs.

Riva disse...

Dois comentários ...

1
Também não sabia que essas linhas já estavam operando. Transito raramente pela Roberto Silveira e pela Região Oceânica, então uma vez ou outra vi um desses ônibus, mas desconhecia serem elétricos. Apenas observei que eles têm portas nos dois lados.

2
A última foto do post é maravilhosa. Passo nessa esquina da Paulo Alves com a Praia das Flechas duas vezes por dia. Que fotografia !!

Jorge Carrano disse...


Moro perto desta esquina - Paulo Alves X Praia da Flechas - mas o bairro já não é tão glamoroso e tranquilo quanto quando aqui morou meu interlocutor no e-mail que virou este post.

Riva disse...

Hmmmm

Amigo Blog Manager, a foto me impressionou.
Não sei nem nunca poderei saber nossos graus de empatia com fotografias ...

Eu fiquei impressionado demais com a foto e com o que vejo todos os dias pela janela do 49.

Demais !!

Jorge Carrano disse...


Esta esquina tem seu charme, Fica ao lado do Praça César Tinoco onde idosos podem se exercitar nos aparelhos de ginástica lá existentes e as crianças podem brincar, seja nos equipamentos de recreação, seja no espaço disponível.
A vista desde este cruzamento é magnífica: o Rio de Janeiro do outro lado na baia; o MAC; a ponte que leva até a igreja e sede dos escoteiros (lobos do mar), enfim tem seu encanto.
Mas o bairro em si, que foi sede do palácio do governo estadual (antes da fusão) e onde se localiza a faculdade de Direito da UFF, com seu prédio, porque não dizer de arquitetura magnífica, sem falar nos museus Janete Costa e Antonio Parreiras, e o casarão do Jambeiro, com seu jardim repleto de micos e periquitos, tudo isto na Presidente Pedreira, lamentavelmente perdeu parte do prestígio que desfrutou no passado.

Ana Maria disse...

Vivi esta epoca dos ónibus eletricos em Niteroi, mas não tenho nenhuma recordação saudosista.
🙄🙄🙄

Riva disse...

Minha saudosa Tchurma do Pé Pequeno, no Largo do Marron, quando ele parava para pegar passageiros, tirava as hastes do trolleybus dos fios, para ele não conseguir andar.

Era uma das "brincadeiras" da Tchurma !

Jorge Carrano disse...


Essa turma era levada da breca, hein Riva?!

Jorge Carrano disse...


Para os que são jovens a menos tempo:
Dicionário
Expressão ser levado da breca.
criança ou pessoa irascível, impossível de aturar, traquinas, endiabrado, caprichoso
acontecimento inesperado, pouco usual, espantoso, fora do normal

Riva disse...

Kkkkkkkkkkkkkkk

Lembra do racionamento de energia elétrica ?
Acho que era 3x por semana, das 17 às 18h.

A Tchurma saía na rua com esparadrapo pra colocar nas campainhas das casas.

Quando a energia voltava era um desespero total, principalmente para as donas de casa cujas casas tinha uma enorme escadaria. Na minha rua tinha muitas casas assim kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

Jorge Carrano disse...


Ótimas traquinagens, Riva.

Perdi estas.