24 de junho de 2019

REGALIAS


Tomando uma cerveja, ouvíamos noticiário radiofônico. A repórter mencionava decisão que facultaria a menores infratores o direito a visitas íntimas.

Ouvi da companheira  de copo e conversa o seguinte comentário:

- Acho isto um absurdo. Quem está preso é porque cometeu algum delito. E quem comete crime tem que ficar privado de tudo que tinha quando em liberdade e não dava valor.

Aduzi que isto faz arte da ressocialização, de dar ao detento um minimo de dignidade. Como diria o  Brizola, o preso também é cidadão.

- Este populista foi responsável pelo aumento da criminalidade no Rio de Janeiro, em face das benesses que concedia aos presidiários e aos criminosos em geral. Tinham que ter tratamento digno? Pergunto, digno de quê? Digno de seu caráter delituoso, ou não?

- Tem uma assassina que mandou matar os pais a pauladas enquanto os mesmos dormiam. Aí a lei dá a ela o direito de liberdade para comemorar o dia dos pais. 

E continuando a explicitar sua indignação:

- Indulto é um acinte, uma excrecência. Quem erra tem que ser punido, com rigor proporcional, mas cumprindo a pena integralmente.

Eu, apologista da pena de morte, concordei intimamente, embora ponderando, por amor ao debate, que  é preciso não esquecer que são seres humanos, que merecem atenção, cuidados e todos os esforços de recuperação para o convívio social devem ser dispendidos.

Minha interlocutora acrescentou em tom de indagação: será que estas pessoas que têm indulto de Natal, antes de serem presas passavam  o dia de caráter religioso, festivo pelo aniversário do filho de Deus, com a família?

- Será que esta criminosa cujo nome complicado todos sabem quem é, e outros milhares da mesma laia, sequer mandavam uma mensagem, ou telefonavam para o pai ou a mãe nos dias comemorativos?

Achei melhor trocar de estação, abrir outra cerveja e cochichar para minha mulher: você hoje está muito amarga.

Ela replicou, de pronto, amarga está a vida.

Nota do autor: muito se fala e discute sobre a liberação do uso de drogas leves. Não ouço falar na  introdução, na lei maior, da pena de morte. A ideia é mesmo reduzir o número de transgressores do mundo, como fazemos com as laranjas podres do balaio e o cirurgião faz com o câncer, extirpando-o.

Claro que a pena de morte não se aplicaria ao assassino pontual, o corno que deu flagrante; o que matou em defesa pessoal ou de sua família e ao policial na defesa da sociedade.

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