19 de março de 2017

Jazz, clássico e pop

Nas décadas de 40 e 50, do século XX, além de ter sido coroinha, optado pelo Vasco da Gama como clube para  preencher meu coração, adotado  a Portela como Escola de Samba preferida, jogado pelada, brincado de pique  e pulado carniça, também ouvi muita música.

No rádio, como já mencionei ad nauseam neste blog, sintonizava a rádio Metropolitana para ouvir um programa intitulado “Pelas Esquinas de Beverly Hills”, que  tocava muito jazz e em especial as grandes bandas (big bands), como Tommy Dorsey,  Artie Shaw, Benny Goodman, Glenn Miller e outros.



E também Artie Shaw:


Até que meu pai comprou uma radio-vitrola, na época de boa qualidade e recursos técnicos, como poder empilhar os discos (78 rpm) e ouvi-los em sequência. Executava também os LPs e os compactos de 45 rpm.

Claro que, tendo a eletrola, era necessário comprar os discos. Então passei a ouvir, vez ou outra, nos finais de semana, com meu pai em casa, discos com gravações de  clássicos, em especial óperas.

Foi assim que aprendi a admirar Giacomo Puccini, sobretudo por causa de duas óperas: Turandot e Tosca.

Ouvi tanto o terceiro ato da Tosca, na interpretação de Mario Lanza, que até hoje sei de cor alguns versos.

Eram recorrentes as conversas entre meu pai e minha mãe sobre os melhores tenores. Ela muito fã do Mario Lanza, acho que por causa da exposição a que ele ficou submetido quando foi para Hollywood. Ficou popular.

Ouçam, da ópera Turandot, a ária “Nessun dorma”, na voz de Mario Lanza, preferido de minha mãe.

Tito Schipa
Já meu pai, mais velho, achava que ninguém chegaria aos pés de Enrico Caruso. Gostava muito, também, do Tito Schipa, mas a lenda de que Caruso era capaz de fazer vibrar o lustre de cristal impressionava bastante.

O terceiro ato da Tosca – E lucevan le Stelle – pode ser ouvido acessando o link a seguir, na voz de Luciano Pavarotti, que não era da geração acima mencionada, mas tornou-se muito popular neste século XXI, a ponto de meu filho Ricardo ir para São Paulo assisti-lo no Estádio do Pacaembu. Eu morava na capital paulista naquela época.

Conheci também, porque tínhamos um disco, a cantora lírica peruana, chamada Yma Sumac, ótima soprano mas  que cantava muita música folclórica e até mambos.

Para quem nunca ouviu falar coloco o link a seguir:



7 comentários:

Ana Maria disse...

Pois é. Assim como nós(Jorge e eu), acredito que muitos outros brasileiros da nossa geração tenham tido oportunidade de ouvir música clássica.
Hoje as crianças e os jovens ouvem funk.




Jorge Carrano disse...

A OSB ainda apresenta a série "Concertos para a juventude".Veja a agenda do ano passado:

http://www.osb.com.br/concertoseingressos/temporada.aspx?SERIE_ID=98&ano=2016&mes=0

Acho que muita gente ainda se interessa por ARTE no geral, inclusive os jovens. Mostras de pinturas, por exemplo dos impressionistas, no CCC, no centro do Rio, atraíram muita gente. Mesmo em Niterói já é possível, ainda de forma embrionária, acompanhar exposições. Veja

http://blog.correios.com.br/correios/?cat=202 Até alguns poucos anos, a

A Sinfônica da UFF fazia apresentações grátis, aos domingos, no Municipal. Meu filho Ricardo não perdia. Se não me engano, a compra do prédio do cinema Icaraí tinha por finalidade abrigar a orquestra. Não sei no que deu.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Orquestra_Sinf%C3%B4nica_Nacional_da_Universidade_Federal_Fluminense

No Brasil a Lei Rouanet libera recursos para Chico Buarque, Jô Soares, e outras estrelas, que não precisam de incentivo. Política absurda.

Fiquei humilhado em Viena e outras cidades no chamado Leste europeu Budapeste, Praga, p.x), onde diariamente e em todos os lugares (igrejas etc) é possível assistir concertos.

Riva de volta disse...

Não se sinta humilhado, porque os austríacos quando aqui vem ficam maravilhados com nosso samba, nosso Carnaval, com o funk, com a MPB, bossa nova.

Cada um com seu cada qual. Filha da prima da MV mora na Áustria, casada com um austríaco, que pira com tudo quando vem aki.

Não existe só música clássica. No meu parabrisa passou muito Beatles, Stones e Jovem Guarda. A clássica fui obrigado a tentar tocar e ouvir, mas não conseguiram, porque simplesmente não era meu cada qual, era o cada deles !

#simplesassim

Ana Maria disse...

Concordo Riva. Não existe só música clássica e nossa geração sabia disso. Ouvíamos samba, rock, chorinho, jazz e muitos outras manifestações musicais.
Hoje a educação musical é nula.
Pode ser que isso seja evolução, liberdade de escolha ou seja lá a explicação da moderna sociologia e demais "logias", mas para mim é limitação.
Problemas da idade. Nós velhos somos conservadores.

Jorge Carrano disse...

O problema do Riva é de leitura.

Ele lê muito açodadamente, superficialmente. Enxerga uma árvore crescendo, mas não observa o crescimento da floresta.

Há que analisar o contexto. Noutro dia, referindo fatos de sua infância, Ana Maria, mencionei músicas populares nas vozes de Francisco Alves e Gilberto Alves, colocando links.

Porque nós ouvíamos muito rádio, coisa que mencionei.

http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2017/03/mcmxlvii-como-escreveriam-os-romanos.html

Este post mesmo iniciei falando de um programa de jazz, que já ouvia quando ele nem era nascido.

Já escrevi sobre grandes sambas de enredo, cujas letras até hoje sei de cor.

Esta geração que nasceu em seguida a nossa acha que as gerações anteriores estavam erradas por definição.

São os rebeldes sem causa das Universidade de Nanterre e Sorbone (Sorbonne, se preferir).

Parentes próximos da geração beatnik que se outorgou a missão de mudar o mundo.

Eu conheço cada apalmo deste chão, parafraseando o poeta popular. Venho de longe ... fui líder estudantil, presidente de grêmio e da federação dos estudantes, fiz fila boba em cinema (eles nem sabem o que é isso), participei da ocupação do Ginásio Jairo Malafaya, que resultou na estatização do colégio. Eram os tempos dos chamados tubarões do ensino.

Mas os mais jovens é que sabem tudo. Eu achava o mesmo em relação a geração de meu pai. Eram retrógrados, quadrados, ortodoxos.

Um dia explicarei a origem da expressão "saber de cor". Bom tema para uma postagem.

Mas o Riva é boa gente. Ademais é praticamente o último dos moicanos, se eu for muito contundente ele vai abandonar o blog. Pelo menos é o que ele atribui como causa da debandada geral (Ricardo dos Anjos, Luvanor Belga, Esther Bittencourt, Professora Rachel, Rick Carrano (primo), Elizabeth Paiva (Beth) e algumas outras que já passaram por este espaço e não ficaram. Inclusive a Alessandra.

Riva disse...

Ana, cada um tem suas influências,né ?

Alguns navegam por outros mares para conhecer o que existiu e o que existe, mas geralmente o que entra nas nossas veias deve ser o que aprendemos e ouvimos na infância e adolescência. Comigo e com muitos dos meus amigos foi assim .... já contamos isso em outros posts e comentários.

Então, apesar de tentarem me impor a música clássica, consegui me libertar e ouvir e tocar o que realmente gostava (lembram que minha mãe quebrou dois violões meus ?- na verdade um deles nem era meu).
E além disso tudo, tive a felicidade de ir aos EUA no auge do Flower Power, com 16 anos ! Nem preciso continuar ....rsrsrs

Caro Carrano, nada demais vc ser contundente. O que incomoda é que vc não é somente contundente ao defender e expor seus pontos de vista, suas leituras das situações. Vc é contundente ao afirmar que quem não pensa como vc está errado. Só isso ... apenas e tão somente isso ... rsrsrsrs. Mas tem que ser assim ao defender suas causas, não é ? Já fui assim também.
Obs : atenção Freddy, não confundir com "tem que ser do meu jeito" .... o que não significa que de outra maneira esteja errado. Significa que quase sempre eu quero fazer do meu jeito.

PS: acho melhor colocarmos uns divãs no Pub da Berê.


Jorge Carrano disse...

Obrigado pela compreensão, Riva.