17 de dezembro de 2013

Saudade do futebol brasileiro

Por
RIVA




Sou de uma geração que teve uma adolescência no futebol maravilhosa. Despertei para o futebol em 58, com a nossa conquista do Mundial. Em 59 fiz minha opção pelo FLU, e de lá para cá vivenciei momentos espetaculares de alegria e de tristeza, mas sempre dentro da maior esportividade.


Frequentei o Maraca em grandes e inesquecíveis dias, o Caio Martins, Ítalo del Cima, Conselheiro Galvão, Teixeira de Castro, Rua Bariri, Laranjeiras, Moça Bonita, sempre em clima de fest...a pelas torcidas maravilhosas de todos os clubes.

Integrantes da Grande Resenha Facit



Apaixonado tricolor
Tive a felicidade de ouvir e ler Sandro Moreira, Nélson Rodrigues, João Saldanha, Scassa, Luís Mendes e tantos outros grandes jornalistas, que NUNCA deixaram sua paixão por seus clubes ultrapassar os limites do jornalismo ético, puro, isento, da justiça desportiva.


Hoje, Deus me livre, dá nojo assistir a ESPN, o SporTV ... um monte de pseudos jornalistas, corporativistas, cada um pensando exclusivamente nas suas cores, mal intencionados ... 

Aquela imagem do pai protegendo seu filho no meio da selvageria das torcidas de Atlético PR e Vasco diz tudo ... é o retrato do nosso futebol de hoje (dirigentes, contratos, torcida, muitos "jornalistas" esportivos), é o retrato do BRASIL BANDIDO a que me refiro em meus posts, de vez em quando.

Ontem, o STJD fez a sua parte. 

Quem não fez ainda foi o meu FLU, que deveria se pronunciar e declarar que vai jogar a Série B, e ver a reação da CBF quanto a isso.

Quem não fez a sua parte também foi a FlaPress, nojenta, repugnante, que encobre o escabroso fato da irregularidade da Lusa ter salvo o Flamengo do rebaixamento.

Tenho alguns amigos que, como sempre dissemos, "se transformam quando entram em campo". Se transformam em outro personagem. Mas sempre compreendemos essa atitude em alguns nos nossos jogos de futebol amador, e tudo sempre terminou em abraços, beijos e numa cervejinha depois do jogo.

Mas hoje me surpreendo com a miopia de alguns desses amigos para com tudo que está acontecendo em nosso futebol no Brasil. Não porque eles têm opinião diferente da minha, mas porque sua opinião em relação ao julgamento de ontem é desprovida de raciocínio justo, lógico, legal. Essa opinião vem coberta de um estranho rancor, de uma estranha e cega aversão ao outro, em todos os sentidos da palavra "outro".

Não sei se a proximidade do NATAL amenizará isso tudo ... acho até que não, infelizmente. 

De qualquer maneira fica o meu registro, e uma imensa saudade de formadores de opinião como os que mencionei acima, que foram professores de Esportividade na minha formação como torcedor de futebol, do meu Fluminense. 

Que tipo de torcedor esses atuais formadores de opinião estão criando ?


21 comentários:

Jorge Carrano disse...

Riva,
A Grande Resenha Facit, apresentada inicialmente na extinta TV Rio e depois na Globo, era imperdível, e não só para apreciadores de futebol.
O elenco de debatedores era de excelente nível. Nelson Rodrigues independe de maiores apresentações, entre outras qualidades literárias, era um frasista de primeira linha; Sandro Moreyra, ótimo jornalista (filho de poeta); João Saldanha, culto, inteligente e poliglota; Armando Nogueira, dono se um estilo elegante de escrita, foi diretor de jornalismo da Globo durante muito tempo. Enfim, o time era muito bom. Tinha o chato do José Maria Scassa (além de tudo rubro-negro), mas era compensado pela presença do Victorino Vieira, que "representaria" o Vasco. Nelson Rodrigues era o tricolor da equipe, que ara dominada por botafoguenses, tais como o João Saldanha, o Armando Nogueira, o Sandro Moreyra e o apresentador Luis Mendes.
Mas como eram pessoa sensatas e educadas, procuravam manter a isenção possível na apreciação dos fatos.
Lembro de uma noite, que jamais esquecerei, na qual o Nelson Rodrigues (de quem sou fã de carteirinha, imortalizado que está na obra que deixou), deu um troco no Scassa que o deixou sem fala. É verdade que o Nelson não fazia apreciações de ordem tática, não era efetivamente o gênero dele. E por vezes parecia cochilar durante os debates. Mas o Scassa resolveu provocar o Nelson quando este fez um comentário sobre um FLaXFlu. Disse o José Maria Sacassa: "Ô Nelson, você não entende nada de futebol". Com aquela tranquilidade característica, boca mole e fala arrastada Nelson respondeu, de pronto: "Meu querido Scassa, eu sou um dramaturgo, e futebol é paixão, logo posso falar com autoridade. A paixão é matéria prima do dramaturgo."
Como gosta de dizer o autor do post, pano rápido.

Riva disse...

Sensacional .... e isso "na lata" !
Todos que vc mencionou eram feras .... saudade desses caras todos hoje na TV, rádios e jornais, ao invés desses beócios que temos visto.

É quântica (olha a especialidade do Anônimo aí ) a distância para o jornalismo esportivo de hoje.

E nossos netos e bisnetos, que torcedores serão ? Isso é assunto para Sustentabilidade, ou seja, o cuidar das próximas gerações.

Jorge Carrano disse...

Também tenho saudade, Riva.

Freddy disse...

Essa saudade dá pano pra manga.
Infelizmente, a perda de qualidade se espalha rapidamente em todos os setores da sociedade, tanto em gerência, como educação, informação, comunicação, esportes, onde quer que você me aponte eu digo que antigamente havia mais consistência. As raras exceções darão mais força ao argumento.
Quanto ao fato de interesse na semana, seria o caso de se investigar se houve ou não manobra fraudulenta - intencional - na escalação do atleta irregular com fito de livrar o Flamengo de rebaixamento.
Parece teoria da conspiração, mas é uma hipótese plausível. Se for confirmada, teremos um incêndio nos bastidores da CBF.
<:o)
Freddy

Freddy disse...

Rolou no Facebook:
http://aqipossa.blogspot.com.br/2013/12/a-manobra-do-flamengo-para-se-livrar-do.html

<:o) Freddy

Jorge Carrano disse...

Estamos parecendo saudosistas, mas sinceramente não me incomodo com a pecha.
Eu vivi uma boa época, e gosto de lembrar porque me dá prazer e alegria.
E como eramos inocentes e puros, em contraste com o que se vê hoje em dia.

Riva disse...

Complementando o aspecto do BRASIL BANDIDO ..... acabo de assisitir a seguinte cena dentro de uma Loteria Esportiva, onde estava na fila para fazer minha fézinha.

Um senho de idade foi "expulso" da fila de "preferenciais" por 3 mulheres, falando alto com ele, dizendo que preferência era pra pagar conta, fila de médico, ônibus .... PRA JOGAR NÃO TEM ESSA DE PREFERÊNCIA NÃO !!!

E tiraram o cara da fila mesmo !!

(pano rápido).

Jorge Carrano disse...

O caso narrado é um ótimo exemplo, para tentar explicar o imbróglio no STJD.
Pouco importam atenuantes ou agravantes no caso da punição para a equipe que utiliza jogador sem condições legais.
Não há dosimetria. Portanto, com boa ou má-fe, com ignorância da punição ou não. A pena é a prevista. Se injusta ou não é outra história. A lei não distingue. Na lei penal, por exemplo, embora seja crime matar alguém, se você o faz em legítima defesa, isto será uma atenuante que poderá lavar à absolvição. Mas a própria lei penal estabelece a hipótese.
É o caso da prioridade para idosos. A lei não distingue se a fila é para pagar contas ou fazer jogo. Logo, o velho expulso, sob o ponto de vista ético, está errado, mas legalmente ele teria amparo.

Riva disse...

Perfeita analogia !

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Na linha do saudosismo, olha o que encontrei num blog. Transcrevo um trecho do texto porque o titular do blog autoriza a reprodução desde que mencionada a fonte:

"Mesmo com as novas arenas, verdadeiros estádios "mauricinhos", tem-se a sensação que a terra do futebol está presenciando a marcha fúnebre de um esporte que já foi a mais legítima expressão da alma de um povo apaixonado por seus clubes e ídolos, cujos contatos ocorrem hoje somente através das telas planas dos televisores modernos.
Tomara que essa manifestação seja somente produto do saudosismo de um velho torcedor."
Extraído do post em http://www.alertatotal.net/2013/12/tomara-que-seja-so-saudosismo.html


Jorge Carrano disse...

Acabei de ler na internet:
"Como forma de protesto pela sua derrota no STJD, a Portuguesa pode vestir um uniforme igual ao do Fluminense na Série B do Campeonato Brasileiro de 2014. Inspirada em uma ideia lançada por torcedores nas redes sociais, a diretoria da Lusa quer usar o fato de os dois clubes vestirem cores parecidas (branco, verde e vermelho - no caso do Fluminense, grená), para provocar o clube carioca."

Riva disse...

Primeiro a LUSA deveria se preocupar em pagar os salários atrasados dos seus funcionários e jogadores. Para depois sim, pensar em gastar com alguma coisa inteligente de marketing .... mas inteligência não é o forte da atual diretoria deles.

Freddy disse...

Torcedor é passional, muitas vezes burro e inconsequente. Já há notícias de tricolores sendo assediados por outras torcidas na rua a troco de nada.
Menos, pessoal, menos...
=8-/
Freddy

Riva disse...

Há quem não perceba o afundamento do futebol brasileiro ....
- péssima qualidade técnica desse último campeonato, onde apenas o campeão jogou um bom futebol
- um tsunami de punições mal aplicadas durante o campeonato, possibilitando até que o torcedor entre na Justiça Comum nas próximas semanas
- a derrota do GALO há pouco é a pá de cal .... Alemanha por cima agora, e muito povavelmente em junho/julho de 2014

A cena dos jogadores adversários (vencedores do jogo) humildemente tirando as chuteiras do Ronaldinho foi emocionante, sensacional .... emblemática do que é o verdadeiro torcedor, do verdadeiro futebol !

Que saudade disso tudo !

Jorge Carrano disse...

E o CAM hein?!
Levou um banho de bola de um inexpressivo time marroquino, dirigido por um técnico tunisiano.
Antes da partida o narrador perguntou a um comentarista se o Atlético tinha time para enfrentar Bayern. Pareciam favas contadas.
Tirante o gol, bonito, numa falta bem cobrada, o Ronaldinho nada fez em campo, enquanto o capitão do Raja, um ilustre desconhecido (para mim) mandou em campo levando sua equipe à vitória (merecida) mesmo levando em conta o penalty duvidoso marcado.
Vamos e venhamos, em oitenta minutos o Atlético estava empatando em 1X1, com o adversário africano. E tomando conta-ataques a todo instante. Então não apelem para o penalty.
O futebol brasileiro já não é, há muito tempo, o melhor do planeta.

Riva disse...

Quanto ao comentário do Freddy sobre assédio - na verdade foram agressões até em crianças - a TORCIDA do FLU já está se mobilizando na web para retaliar com violência também.

Estou nessa.

Excluindo os escrotos do meu convívio em qualquer ambiente - rua, trabalho, Facebook, etc.

Porrada se paga com porrada, como me ensinou Fred March, meu querido pai.

Jorge Carrano disse...

Sua ótica do episódio, que foi a minha num primeiro momento, é bem edificante. Os marroquinos deram uma lição de humildade.É uma versão bem romântica. Mas há uma outra leitura que coloco para discussão. E acho verossímil.
E se eles estavam apenas tirando um sarro do R10 que, convenhamos, não jogou nada. Foi bem marcado, perdeu todas as divididas e errou a maioria dos passes. Fez um belo gol, é verdade.
Não poderiam os africanos estar sacaneando fingindo todo aquele respeito e fazendo uma reverência irônica?

Riva disse...

Achei realmente que o Ronaldinho exagerou no 1º tempo, tentando jogadas de efeito, todas inócuas. Se fludeu.

Mas a cena final ... continuo acreditando na humildade desses caras ...foi sensacional e emocionante.

Jorge Carrano disse...

Vejam que babado:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2013/12/troca-de-e-mails-expoe-discordia-no-flamengo-sobre-caso-do-stjd.html

Jorge Carrano disse...

Só para apimentar, transcrevo trecho de matéria hoje veiculada:
"O Fluminense escapou do rebaixamento no Campeonato Brasileiro por causa da escalação irregular do jogador Héverton, da Portuguesa, que perdeu quatro pontos. O caso, julgado na última segunda-feira pelo STJD, ainda causa enorme polêmica. Há 86 anos, no entanto, tudo foi mais simples. Após conquistar o título do Torneio Início de 1927, o Tricolor descobriu ter escalado um atleta irregular, acusou-se à organização da competição e ficou sem a conquista. As informações estão no livro "História do Fluminense - 1902-2002", de Paulo Coelho Netto, e são comprovadas por recortes de jornais guardados pelo clube."
Mais em: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2013/12/em-1927-flu-devolveu-titulo-por-escalar-atacante-de-forma-irregular.html

Tempos românticos, meu caro Riva.

Jorge Carrano disse...

Real Madrid:

http://espn.uol.com.br/noticia/544255_real-anuncia-faturamento-quase-igual-a-dos-20-times-mais-ricos-do-brasil-juntos