20 de dezembro de 2013

JAPAN AIRLINES flight 123




Por

RIVA





 

Acabei de “devorar” mais um excelente livro sobre investigações de desastres aéreos. Dessa vez sobre o fatídico Japan Airlines (JAL) 123, a maior tragédia até hoje na aviação civil, em termos do número de pessoas mortas de uma única aeronave.

Em 12 de agosto de 1985, o vôo 123 da JAL partiu às 18:12h do aeroporto de Haneda em Tóquio para uma rápida viagem para Osaka, com 524 pessoas a bordo – 509 passageiros e 15 membros da tripulação. Ainda era dia – claro.

A aeronave, um grande Boeing JUMBO 747, teve problemas estruturais com apenas 12 minutos de vôo, vindo a se chocar com as montanhas a 100 km de Tóquio, 32 minutos depois.

Fiquei estimulado a escrever sobre esse acidente por alguns aspectos impressionantes dessa tragédia, além da enorme quantidade de pessoas mortas. Vamos então a essas informações.

Todos esses jatos têm uma espécie de parede (bulkhead) na parte traseira da aeronave, que é o limite da cabine pressurizada onde estão os passageiros. Após essa parede não há pressurização (vejam no gráfico).

 Bulkhead

Esse avião, 7 anos antes (em 2 de junho de 1978), tinha sofrido um impacto na sua cauda, durante uma má aterrissagem em Osaka, danificando a estrutura da sua cauda, inclusive essa parede diafragma chamada “bulkhead”. Os reparos foram feitos no Japão, com supervisão da engenharia da BOEING, fabricante do avião.

Não vou entrar nos detalhes do reparo, mas todas as investigações demonstraram que o reparo foi mal feito, em desacordo com as orientações da engenharia da Boeing, apesar da supervisão da própria fábrica nessa manutenção corretiva. Essa não conformidade no procedimento de reparo enfraqueceu o local em 70%, ou seja, demorou até demais para fraturar.

A consequência foi a ruptura total dessa parede interna na traseira do avião, provocando uma explosão devido à imensa diferença de pressão entre as partes, explosão essa tão forte que simplesmente arrancou parte da cauda da aeronave – vejam a foto do avião flagrado ainda em vôo por um amador.




O Jumbo voando sem o leme vertical.


O livro conta em detalhes o drama dos 32 minutos tripulação, após ouvirem um “bang”, e sem entender o que estava acontecendo. O piloto, co-piloto e engenheiro também não conseguiam mais controlar o avião, que teve todos os comandos hidráulicos rompidos. Ainda tentaram manobras dando mais ou menos propulsão nas turbinas, ora da asa esquerda, ora da direita; mas era totalmente impossível manobrar o avião.

No livro tem também a transcrição de todos os diálogos gravados da tripulação durante esse dramático período, até o impacto final nas montanhas.

Acreditem ... 4 pessoas sobreviveram milagrosamente : Yumi Yochiai (mulher, 25 anos), Hiroko Yoshizaki (mulher, 34 anos) e sua filha de 8 anos, Mikiko Yoshizaki ; e Keiko Kawakami, uma menina de 12 anos, encontrada nos galhos de uma árvore. 520 morreram no local, quase todos instantâneamente.

RESGATE

Aqui outro fato surpreendente, e lamentável. A Força Aérea americana, alocada na base de Yokota, conseguiu chegar ao local do impacto apenas 20 minutos depois do acidente, mas foi impedida de atuar pelas autoridades japonesas, que ordenaram que saíssem do local e retornassem imediatamente para a Yokota Air Base. Ainda era dia claro.

Anoiteceu, e as equipes japonesas só conseguiram chegar no exato local na manhã do dia seguinte. E segundo relato dos sobreviventes, havia passageiros vivos, que faleceram durante a noite.

OUTROS FATOS IMPRESSIONANTES

1.    O presidente da JAL renunciou logo após o acidente.

2.    Nos meses seguintes ao acidente, houve uma queda de 25% nas vendas de passagens aéreas da JAL. E consequentemente aumento de vendas para a Nippon Airways, concorrente.

3.    O gerente de manutenção da JAL de Haneda suicidou-se, bem como o engenheiro americano da Boeing que supervisionou os reparos da aeronave 7 anos antes.


No aeroporto de Tóquio, em um dos seus prédios, existe o Japan Airlines Safety Promotion Center, com um museu em homenagem a tudo que envolve essa tragédia – partes do avião, inclusive um detalhe impressionante : os passageiros sabiam do seu destino final, e tiveram tempo de escrever bilhetes de despedida para seus amados. Alguns desses bilhetes estão expostos nesse museu.

O Japão também criou uma infraestrutura de acesso ao local do impacto, para visitantes (foto abaixo).





A parede diafragma, reconstruída, no Museu

Estou tentando contato com as sobreviventes, e se conseguir, farei mais um post sobre essa impressionante tragédia, e sobre a ótica dessas sobreviventes em relação a tudo isso que aconteceu em suas vidas.

5 comentários:

Jorge Carrano disse...

Outro acidente aéreo:

http://www.dailymail.co.uk/news/article-2891137/AirAsia-plane-carrying-153-people-overshoots-runway-Philippines-forcing-passengers-evacuate-emergency-slides.html

Jorge Carrano disse...

Localizados destroços:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/12/indonesia-confirma-localizacao-dos-destrocos-de-voo-da-airasia.html

Rodrigo L disse...

Olá Jorge, qual livro você leu sobre esse acidente? Tenho interesse e saber mais.

Jorge Carrano disse...


Rodrigo,

Estou repassando sua pergunta para o confrade Riva, autor do texto, também ele pessoa interessada neste assunto.

Vamos aguardar a resposta dele.

Grato pela visita virtual.

RIVA disse...

Prezado Rodrigo, boa noite.

Desculpe a demora no retorno. O livro é de uma coleção espetacular que vende nos EUA, veja esse link da AMAZON pra pedir :

https://www.amazon.com.br/Air-Crash-Investigations-Deadliest-Aircraft/dp/1257835084

(copiar e colar na sua barra de navegação)

À disposição. Sds !