21 de janeiro de 2013

Violência contra a Mulher na Índia




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Eu conheço muito pouco da Índia, dos hábitos de sua sociedade e da sua religiosidade, digamos que apenas os estereótipos mais difundidos.


Monges budistas esmolando (foto: UOL)

Rituais hindus no Rio Ganges (foto: UOL)
As recentes notícias começaram, contudo, a abrir um pouco mais o cenário interno daquele imenso país para o mundo. É uma vergonha.

Eu pensava que a prática de abortar fetos e matar recém nascidos quando do sexo feminino fosse exclusiva da China, por conta de programas governamentais que praticamente obrigam os casais a terem apenas um descendente. Como lá também a situação da mulher é muito inferior, principalmente no interior do país, a maioria dos casais resolve optar por ter filhos homens.

Para minha surpresa, isso também acontece na Índia. O resultado é que hoje em dia já há predominância percentual do número de homens na população, situação simplesmente contrária à Natureza.

Não bastasse desprezá-las, o mundo agora vem tomando consciência de que lá elas são perseguidas e agredidas sexualmente por bandos e isso acontece há muito tempo, com conivência (mesmo que velada) das autoridades e da polícia. Uma consideração a fazer é que essas autoridades e policiais são em esmagadora maioria homens e, portanto, educados sob a ótica da discriminação.

De minha parte, tenho a testemunhar que venho agindo no meu âmbito de atuação pela inserção cada vez maior da mulher na sociedade. A revolução sexual e de costumes dos anos 60 estava sedimentando nos anos 70 quando comecei a gerenciar a operação e manutenção do Centro de Telex do Rio de Janeiro, na Embratel, mas ainda havia polêmicas. Afirmava-se que os postos técnicos não eram adequados a mulheres. As justificativas eram diversas, indo da dificuldade de elegê-las para plantões noturnos ao fato delas engravidarem, reduzindo sua capacidade funcional nas duras lidas diárias junto aos equipamentos de telecomunicações, para não falar das licenças que a lei preconiza.

Agi imediatamente em defesa delas: fui dos primeiros chefes a aceitar transferência interna de moças e, em seleção de pessoal externo (rara na época por política governamental do setor), a optar pela escolha de mulher em vez de homem. Nunca me arrependi, pode ter sido até coincidência mas todas as técnicas e engenheiras que tive foram excelentes e dedicadas profissionais. Casaram? Sim. Ficaram grávidas? Algumas sim, sem problemas. A vida segue.

Admiro mulheres nas artes, especialmente na música. Apreciador que sou de rock pesado e heavy metal, minha surpresa foi descobrir que na Europa continental apareceu a partir da década de 90 uma vertente desses gêneros que implica na presença de mulheres na linha de frente (em inglês: female fronted metal). Tornei-me fã e divulgador dessas bandas. Luto por sua ascensão num cenário onde os homens (incluindo a maioria da plateia) predominam e discriminam.

Epica (foto de divulgação da banda)

Gosto tanto de mulher que Deus foi justo e me agraciou com duas lindas filhas. Eu não saberia criar filhos homens, ao menos assim penso. Na encolha torço pela vinda de netas, dado que até hoje ainda não me vejo tratando com guris. Pode ser que esteja confessando nas entrelinhas que concordo que os homens deveriam ser criados de uma forma mais rude.

Isso seria um paradoxo. Mas não. Eu tenho uma opinião muito bem formada de que os homens têm uma constituição física, mental e emocional diversa das mulheres, de sorte que são, de fato, diferentes. Isso não implica que os ache superiores ou inferiores. Apenas diferentes.

Penso que na sociedade homens e mulheres têm de conviver lado a lado, complementando-se e aproveitando ao máximo suas características naturais. Assim como não concordo com o machismo que alija as mulheres do poder ou das decisões, também não concordo com o feminismo radical, no qual os papéis são absolutamente iguais. Não vejo como.

Isto posto, tomei conhecimento com extrema indignação dos fatos divulgados de estupro habitual, com ou sem morte, de mulheres na Índia. Clamo por levante popular de âmbito mundial em defesa delas, para que essa vergonha seja de tal maneira explicitada que as autoridades daquele país cumpram efetivamente as leis (que parecem existir de fato) e punam com rigor exemplar os recalcitrantes. A Humanidade assim exige.

19 comentários:

Helga Maria disse...

Por que ir tão longe para denunciar violência contra a mulher.
Aqui nem a lei Maria da Penha reduziu os casos de agressões de toda ordem.
Helga

Jorge Carrano disse...

Freddy,
Já disse alguém, com muita propriedade, que "de perto ninguém é perfeito".
Conheci um monge budista e foi uma enorme decepção.
A filosofia, mais do que religião budista, é instigante.
Mas monges, padres, pastores, reverendos e rabinos e são farinha do mesmo saco.

Ana Maria disse...

Parabéns, Carlos Frederico pelo post. Iniciamos um debate interessante. Eu pretendia escrever algo sobre o assunto de uma maneira mais próxima, como quer a Helga e todas nós mulheres.
Por hora, aguardo os comentários. Será que nossos colegas irão colocar a culpa na cor do vestido ou nos pés desnudos das indianas?

Gusmão disse...

A causa das mulheres mobilizou as mulheres.
Ei-las participantes aqui no blog, não é Carrano?
Abraços

Jorge Carrano disse...

Verdade Gusmão, não se pode mexer com elas. Agora cá entre nós, quando elas mexem é que fica gostoso, não é?

Ana Maria vai me ligar 109 vezes hoje, reclamando da pilhéria de mau gosto, com assunto sério, que sou um machista inveterado, essas coisas.
E deverá ficar ficar par de dias sem visitar o blog, em represália.
Bem, vai sobrar pra todo mundo.

Fernandez disse...

Segundo uma revista encartada no Globo, numa conversa entre duas mulheres num supermercado, teria sido ouvido o seguinte: "Acredito muito no que ensinam na minha igreja. Mesmo nos dias de hoje, a mulher deve ser sempre submersa ao homem."
Ah! Essas igrejas...e a falta de educação (instrução) dessas mulheres.
:D Fernandez

Jorge Carrano disse...

Para arredondar o assunto, comento o ótimo artigo de Dorrit Harazim, publicado na edição do dia 13 deste mês, em O Globo.
Na citada matéria, a autora revela, com números oficiais de estatísticas, que o que aconteceu em Nova Délhi é uma coisa bestial, mas não é ato local isolado. Também em países, digamos, mais evoluídos acontecem casos bárbaros de estupros.
E narra o caso da jovem, ocorrido em agosto do ano passado,nos USA, na pequena cidade (19 mil habitantes)de Steubenville, que já foi chamada de Sin City. Pois bem, a jovem de 16 anos embriagada virou brinquedo sexual nas mãos dos jogadores do time local de futebol americano (Big Red). Consta que teria sido violentada em três diferentes casas, sendo levada de uma para outra no muque, feito saco de batata.
Na Índia as estatística são assustadoras, tendo sido registrados 625 casos em 2012.
Mas o problema tem amplitude maior, não estando restrito ao território indiano.

Riv4 disse...

Esse assunto vai pegar fogo !
O que fala a Bíblia a respeito ? #prontofalei

Freddy disse...

É onde tudo começou! Eva fabricada a partir de uma costela de Adão para servi-lo e fazer-lhe companhia. Depois teve filhos, transou com eles, e...

Volta e meia eu paro e penso quando foi que a Humanidade começou a errar. Seria porque a mulher tinha de ficar nas aldeias tomando conta da prole enquanto o homem saía e caçava e lutava, passando a ser o arrimo (e dono) da família?

Mas e depois? Será que seria por medo? Por autodefesa passou a humilhar quem realmente é mais forte e dotada pela Natureza da graça de poder gerar descendentes?

Largue uma população de homens e um banco de óvulos, e a raça humana acabará em uma geração. Junte um monte de mulheres e um banco de esperma e a raça continua.

Isso tudo se mistura em minha cabeça (religião, história, sociologia, psicologia de massas) e não chego a resposta alguma.

A única coisa que sei é que tenho de fazer minha parte para preservá-las e ajudá-las a conseguir um lugar a nosso lado. Não acima nem abaixo, mas ao lado.

Falei.
Abraços.
Freddy

Riv4 disse...

Não pegou fogo ..... :(

Freddy disse...

A participação das mulheres foi inibida, a meu ver, pelos próprios comentários alusivos a elas. Temos de manter a naturalidade, elas se manifestarão sempre que sentirem vontade e não quando forem chamadas a depor.
<:o)
Freddy

Helga Maria disse...

Pois é, senhor Carlos Frederico, depois do comentário debochado do senhor Carrano, vocês queriam o que?
Nossos agradecimentos pela preocupação com nós mulheres?
Ora, faça-me um favor!
Helga

Riv4 disse...

Carrano, e agora ? ......

Jorge Carrano disse...

Meninas, mil perdões. Foi apenas um chiste.
Aliás plagiado do Millôr, que no ápice dos movimentos femininos pilheriou que o melhor movimento feminino é o dos quadris.
Agora lascou de vez, né?

Riv4 disse...

Millor, e agora ?

Freddy disse...

Hoje saiu notícia de que 4 dos acusados de terem estuprado uma jovem num ônibus na Índia e a jogado nua do veículo em movimento, tendo ela vindo a falecer, foram condenados. Não consegui saber o tamanho da pena. A justiça divina foi feita com um quinto, que se matou na prisão. No entanto, como acontece no Brasil, o menor de idade foi condenado apenas a 3 anos de confinamento num centro de recuperação.
=8-/
Freddy

Freddy disse...

A situação parece mais grave no Iêmen... Casamento entre homens maduros e crianças são permitidos e ontem uma de 8 anos morreu após ter seu útero perfurado na "lua-de-mel". Parece que não é o primeiro caso e nem será o último, pelas notícias que vêm de lá...
Até quando mulheres serão tratadas como objetos?
Espero que a globalização da informação traga rejeição mundial a essas sociedades medievais.
=8-(
Freddy

Freddy disse...

A onda se espalha...
O Globo de hoje dá ênfase a constatação da ONU que está havendo o chamado “feticídio” de meninas em diversos países do leste europeu. Práticas reconhecidamente existentes na China e na Índia, como abordei no desenvolvimento de meu post, agora se espalham em outras regiões, outras culturas.
Há inúmeras razões (não as considero como justificativas) para que homens sejam a escolha em países com graves problemas econômicos e sociais, quando não religiosos. A medicina veio “ajudar”, pois hoje se consegue conhecer o sexo do feto com bastante antecedência, permitindo a realização de abortos com menor risco. As meninas são simplesmente mortas antes de nascer...
A proliferação do movimento gay vem em consonância com esses novos tempos, dado que não demora não haverá mulheres para todos, de sorte que a união homossexual (especialmente a masculina) se mostra uma solução conveniente para a sociedade.

O link no Globo, ativo quando deste comentário, é:

http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/aborto-de-meninas-se-espalha-no-leste-europeu-como-epidemia-alerta-onu-14527936

Freddy disse...

A coisa na Índia, como eu relato no texto, é séria! Acessem o link abaixo e vejam estarrecidos o que um pai pretendia fazer com a filha:

http://oglobo.globo.com/blogs/pagenotfound/posts/2015/01/17/indiano-tenta-enterrar-filha-viva-so-por-ela-ser-menina-558908.asp