Viagens de trem

Nada se compara, num percurso entre países e/ou cidades, porque lá chegando o melhor é andar a pé.

Ressalvo a hipótese de viagens a negócios, quando o avião propicia viagem rápida, limpa e, dependendo da disponibilidade $$$, confortável.

Mas, voltando ao título, nenhum outro meio para uma viagem de lazer, turística, se compara a feita por trem, mesmo o "maria fumaça" que ainda guarda seu charme.

Passam em sua janela as mais deslumbrantes paisagens. São montanhas, vales, rios, plantações, gado pastando, túneis, formações rochosas, imagens vão se alternando e alguns percursos oferecem penhascos, cachoeiras, ou  horizontes que se perdem de vista.

Tudo através da janela, como numa tela de cinema.

E o apito nas curvas, tem algo mais charmoso?

Linda ponte de pedra, na Eslovênia (imagem via Google)

E os cargueiros são um meio de transporte barato

Fiz muitas viagens de trem, com meus pais, durante minha infância. O destino mais comum era Miguel Pereira, então ainda distrito de Vassouras. Havia baldeação, não recordo bem em que estação, por causa da bitola dos trilhos.

Outro destino recorrente foi Cachoeiro de Itapemirim - ES, onde durante quatro anos namorei e noivei, até me casar em 1964. A razão aqui era econômica, pois a viagem era longa e cansativa. Embarcava em Niterói mesmo, na antiga estação ferroviária, na Av. Feliciano Sodré.

Curti muito, passeando em viagens curtas, como turista, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.

Serra Gaúcha

Não fiz, como meus filhos mochileiros, na década de 1990, pela Europa, deslocamentos entre países, viajando à noite, para economizar também uma diária de hotel.

Em tempo, devo me corrigir pois atravessei o Canal da Mancha, pelo Eurotúnel, mas esta viagem não se inclui entre as charmosas.

"And last but not least", tivemos o "trem de prata" que ligava as duas maiores metrópoles do Brasil, a preços módicos e com relativo conforto, em oposição à "Ponte Aérea".

O "Trem de Prata" era um trem de luxo que operava entre o Rio de Janeiro e São Paulo entre 1994 e 1998, oferecendo uma experiência semelhante a um hotel sobre trilhos, com cabines-dormitório, vagão-restaurante e serviço de bordo. O serviço foi extinto devido a atrasos frequentes causados pela má conservação da ferrovia e pela concorrência com a ponte aérea. Atualmente, existe um projeto para um novo trem-bala de alta velocidade entre as duas cidades, com previsão de operação para 2032. 

Trem de Prata era um trem-hotel noturno de luxo com o objetivo de oferecer uma viagem requintada entre as duas capitais.

Ligava as estações Barão de Mauá (Rio de Janeiro) e Barra Funda (São Paulo) e tinha cabines-dormitório com banheiros, vagão-restaurante com jantares finos e um vagão-bar.

Recorro a Milton Nascimento, em "Encontros e despedidas" :

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Todos os dias é um vaivém

A vida se repete na estação

Tem gente que chega pra ficar

Tem gente que vai pra nunca mais

Tem gente que vem e quer voltar

Tem gente que vai, quer ficar

Tem gente que veio só olhar

Tem gente a sorrir e a chorar

E assim, chegar e partir

São só dois lados da mesma viagem

O trem que chega é o mesmo trem

Da partida

A hora do encontro é também despedida

A plataforma desta estação

É a vida desse meu lugar

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