14 de novembro de 2025

Sapere Aude

Ou, em português, "atreva-se a saber", bandeira empunhada, e repto lançado, por Kant, filósofo alemão, conclamando ao inconformismo, contra o comodismo da ignorância e desafiando a que busquemos a emancipação da ignorância  e persigamos a autonomia intelectual, em prol do saber.

Passei ao largo das lições, dos pensamentos de Immanuel Kant, porque tangenciam a metafísica, a epistemologia, que estão acima e além de minha disposição para emancipação  da  ignorância crassa neste particular. E em outros também, mas que não vêm ao caso no momento.

Da frases, locuções e provérbios latinos popularizados, fico mais próximo do aconselhamento do poeta Horacio: carpe diem.

Observem na Ode a seguir, como ele se insurge contra a necessidade de saber - em relação ao futuro - por exemplo, propondo tirar proveito do momento que estamos vivendo.

Muito bom conselho.

Eis em latim a íntegra da Ode 11. Para sua comodidade, pois pode acontecer de não ter a cultura linguística do João Ubaldo Ribeiro,  que conhecia, além do latim, também o grego, coloco logo após a tradução:

"Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi

finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios

temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.

seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,

quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare

Tyrrhenum: sapias, vina liques, et spatio brevi

spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida

aetas: carpe diem quam minimum credula póstero."

Mais fácil para você, como foi para mim, a tradução de Heloísa Penna e Júlia Avellar, via UFMG), extraída de "Odes e Canto Secular", de Quintus Horatius Flaccus.

"Ode 11, de Horácio: Dos conselhos para o deleite da vida

Tu não questiones — é crime saber — o fim que para mim, que para ti

os deuses terão dado, ó Leucônoe, nem mesmo consultes

os números babilônicos. Quão melhor, o que quer que será, ser suportado!

Quer Júpiter te haja concedido muitos invernos, quer seja o último

o que agora quebra as tirrenas ondas contra as pedras,

sejas sábia, diluas os vinhos e, por ser breve a vida,

limites a longa esperança. Enquanto falamos, foge invejoso

o tempo: aproveita o dia, minimamente crédula no amanhã."


NOTA: 

Leucônoe é filha de Lúcifer na mitologia grega.

3 comentários:

Jorge Carrano disse...

"In vino veritas" é outra frase popular em latim, que muitos conhecem.

RIVA disse...

Bom conselho ..... comer o elefante aos poucos. Vocês preferem começar pela tromba ou pelo rabo ?

Jorge Carrano disse...

“Dum vita est, spes est” equivaleria em português a mensagem “Enquanto houver vida, há esperança”.
Um narrador esportivo, aqui no Brasil, cunhou uma espirituosa e informal analogia, a partir do clássico ditado latino.
Seria: “enquanto houver bambu, tem flecha”, significando que enquanto o árbitro não apitar encerrando a partida, haverá esperança de alteração no placar.