Quando entrevistados antes de uma partida de futebol, os dois
técnicos terminam dizendo que “se Deus quiser” faremos uma boa partida e
sairemos com o resultado.
Se o jogo termina empatado, tudo bem; Deus ficou em cima do
muro e preferiu não favorecer nem a um e nem ao outro.
Mas e se o jogo termina com vitória de um dos oponentes? Deus
privilegiou um deles, dando uma forcinha, por que razão?
Um rezou mais, rezou com mais fé, foi a cor da camisa, foi o
grito da torcida?
Num desastre automobilístico, morrem o pai, a mãe e uma
criança de dois anos. A babá sobrevive e agradece a Deus por ter se salvado.
Por que razão Deus preservaria a vida da babá? Você dirá que os patrões eram
injustos, autoritários, e outros depreciativos, e a babá uma pobre
doméstica. E a criança de dois anos? Que
pecados teria cometido?
Há uma cena inesquecível, num filme nacional. Um pai sai de
casa, uma choupana de pau a pique (taipa de sopapo), pequena, com uma criança inerte
no colo. Olha e verifica que pouco adiante tem um pregador, com alguns fieis a sua volta.
O pai, com o filho no colo, caminha em direção ao beato - como eram chamados estes pregadores – e indaga: seu Deus mata criancinhas?
O pai, com o filho no colo, caminha em direção ao beato - como eram chamados estes pregadores – e indaga: seu Deus mata criancinhas?
Eu me arrepio, você não?
E o que me resta? Aceitar que “Deus escreve direito por
linhas tortas”?
Ou que “os designos de Deus são vedados à compreensão humana”,
como cansei de ouvir ao tempo de coroinha, na igreja dos Sagrados Corações, na
Vila Pereira Carneiro?
É justo, “graças a Deus”, você estar empregado, e milhões de
outros brasileiros não terem emprego fixo? Você está pensando com seus botões
que Deus nada tem a ver com isso - e tem razão – mas muitos destes
desempregados, quando conseguirem uma ocupação rentável, com carteira assinada,
agradecerão apregoando que “graças a Deus arranjei um emprego.”
São pessoas inocentes, crédulas, de muita fé? Então porque
amargaram o sofrimento do desemprego?
Existe um Deus que criou tudo e a todos julgará?
Vou parar com este meu ceticismo, meu agnosticismo - porque não admitir - minha dúvida sobre a existência de um Deus, afirmando de cabeça em pé, pés no chão e mente arejada – sem álcool ou fumaça – tenho uma enorme fé em São Jorge. Em sua existência.
Ele não me dará - nem poderia - a imortalidade, a falta de sofrimento, nem me livrará de inseguranças e angústias, mas ao fim ao cabo saberei que ele
fez o que era possível e eu merecia.
2 comentários:
Não duvido da existência de vida inteligente em outros planetas, outras galáxias.
Posso até acreditar na imortalidade da alma, do espírito. E da reencarnação.
Mas creditar no Deus bíblico, que criou o mundo e vai nos julgar a todos quando de nossa passagem, é difícil para mim.
Sou evolucionista e aceito, se houver, a tese de maior desenvolvimento e elevação também do espirito. Senão como acreditar na força protetora de santos e orixás?
O comentário acima contém incorreções de escrita... não de conteúdo, que mantenho..
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