18 de agosto de 2019

Dúvida e certeza



Quando entrevistados antes de uma partida de futebol, os dois técnicos terminam dizendo que “se Deus quiser” faremos uma boa partida e sairemos com o resultado.

Se o jogo termina empatado, tudo bem; Deus ficou em cima do muro e preferiu não favorecer nem a um e nem ao outro.

Mas e se o jogo termina com vitória de um dos oponentes? Deus privilegiou um deles, dando uma forcinha, por que razão?

Um rezou mais, rezou com mais fé, foi a cor da camisa, foi o grito da torcida?

Num desastre automobilístico, morrem o pai, a mãe e uma criança de dois anos. A babá sobrevive e agradece a Deus por ter se salvado. Por que razão Deus preservaria a vida da babá? Você dirá que os patrões eram injustos, autoritários, e outros depreciativos, e a babá uma pobre doméstica.  E a criança de dois anos? Que pecados teria cometido?

Há uma cena inesquecível, num filme nacional. Um pai sai de casa, uma choupana de pau a pique (taipa de sopapo), pequena, com uma criança inerte no colo. Olha e verifica que pouco adiante tem um pregador,  com alguns fieis a sua volta.



O pai, com o filho no colo, caminha em direção ao beato - como eram chamados estes pregadores – e indaga: seu Deus mata criancinhas?

Eu me arrepio, você não?

E o que me resta? Aceitar que “Deus escreve direito por linhas tortas”?

Ou que “os designos de Deus são vedados à compreensão humana”, como cansei de ouvir ao tempo de coroinha, na igreja dos Sagrados Corações, na Vila Pereira Carneiro?

É justo, “graças a Deus”, você estar empregado, e milhões de outros brasileiros não terem emprego fixo? Você está pensando com seus botões que Deus nada tem a ver com isso - e tem razão – mas muitos destes desempregados, quando conseguirem uma ocupação rentável, com carteira assinada, agradecerão apregoando que “graças a Deus arranjei um emprego.”

São pessoas inocentes, crédulas, de muita fé? Então porque amargaram o sofrimento do desemprego?


Existe um Deus que criou tudo e a todos julgará?

Vou parar com este meu ceticismo, meu agnosticismo - porque não admitir - minha dúvida sobre a existência de um Deus, afirmando de cabeça em pé, pés no chão e mente arejada – sem álcool ou fumaça – tenho uma enorme fé em São Jorge. Em sua existência.

Ele não me dará - nem poderia - a imortalidade, a falta de sofrimento, nem me livrará de inseguranças e angústias, mas ao fim  ao cabo saberei que ele fez o que era possível e eu merecia.

2 comentários:

Jorge Carrano disse...


Não duvido da existência de vida inteligente em outros planetas, outras galáxias.

Posso até acreditar na imortalidade da alma, do espírito. E da reencarnação.

Mas creditar no Deus bíblico, que criou o mundo e vai nos julgar a todos quando de nossa passagem, é difícil para mim.

Sou evolucionista e aceito, se houver, a tese de maior desenvolvimento e elevação também do espirito. Senão como acreditar na força protetora de santos e orixás?

Jorge Carrano disse...


O comentário acima contém incorreções de escrita... não de conteúdo, que mantenho..