Os cronistas, em especial os que devem publicar seus trabalhos periodicamente, queixam-se, por vezes, de falta de assunto ou inspiração. É recorrente aproveitar inclusive este fato como tema do que estão escrevendo no momento.
Assim, é natural que se repitam ou façam variações sobre um mesmo tema.
Quem me acompanha (são poucos, mas fiéis), sabe de meu respeito e admiração pelo Veríssimo. Pois não é que flagrei o mestre prosador se repetindo, sobre um assunto que é uma de suas paixões (leitor assíduo fica sabendo de tudo da vida dos cronistas), no caso o jazz e, em especial, os saxofonistas. Não fora ele próprio um tocador do instrumento.
No dia 23 de janeiro de 2000, em sua coluna de O Globo, publicou uma bela análise comparativa, entre dois astros do sax, sob o seguinte título “Hawkins e Young”.
No caso, falava de Coleman Hawkins e Lester Young.
Pois não é que em 19 de novembro de 2006, ou seja, quase sete anos depois, na mesma coluna e mesmo jornal, já agora sob o título “Prolixos e lacônicos”, publicou uma análise comparativa dos estilos do Hawkins e do Young e de seus respectivos seguidores, pois fizeram escola.
Ninguém perdeu com este bis in idem, muito antes pelo contrário, porque o cronista/jazzófilo deu uma roupagem nova ao tema abordado anteriormente, enriquecendo seus leitores.
Devo explicar que estou compulsando meus alfarrábios por causa do Primeira Fonte e por isso encontrei os dois recortes de jornal.
Coleciono alguns textos do Veríssimo, e estes dois, em especial, pelo tema abordado, fazem parte de meus “papeis velhos e amarelados”, como se queixam aqui em casa.
Quando eu morrer o destino desta papelada será a incineração e o Veríssimo ficará livre deste leitor que, atento e interessado, fica patrulhando que ele se repetiu.
Mas os dois textos são excelentes. As comparações são muito ricas em detalhes e além de tudo feitas no incomparável estilo de fina ironia.
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