29 de janeiro de 2011

Mudando de assunto

Tenho abordado aqui, ultimamente, um mesmo assunto, o que afasta o blog de sua essência, de seu conceito original de tratar de generalidades.

Deixarei o jazz confinado no espaço que ocupa no PÊÉFE, e hoje tratarei de política. Melhor, de justiça.

Nunca fui de esquerda ou de direita. Fui e sou, assumidamente, pelo direito, que tanto pode ser num dado momento uma posição de esquerda, quanto em outro de direita.

Nesta linha, acho absurda a posição do governo brasileiro de dar abrigo político ao tal de Cesare Battisti, bandido vulgar, assassino covarde, rejeitado até mesmo por antigos militantes do movimento ao qual  alega ter pertencido.

No seio da família, ouço uma voz discordante, de meu filho Jorge, que entende que ele, pelas informações disponíveis, teria sido julgado à revelia e que na verdade estaríamos diante de um clássico caso de perseguição política.

Em que pesem os argumentos do brilhante advogado Luis Roberto Barroso*, a quem meu filho citado conhece de perto, respeita e admira (eu também o respeito), para mim é um tremendo desrespeito com o sistema judiciário italiano, achar que ele (o Judiciário italiano), não é independente, sério e eficiente, capaz de julgar com isenção.

Ora, se foi julgado e condenado lá, colhidas todas as provas, como assassino comum, como é possível ao governo brasileiro, ou mesmo ao nosso STF,  entender diferentemente, não tendo conhecimento das circunstâncias, dos detalhes e das provas produzidas?

O STF só pode exminar o caso à luz de tratados internacionais, que o Brasil estaria desrespeitando.

Estamos diante de um caso em que o direito deu lugar a ideologia política, ao alinhamento automático, em detrimento da justiça.

Lamento pelos parentes das vítimas deste bandido, um dos quais teria sido assassinado pelas costas, covardemente.

Se a tortura de presos políticos no Brasil foi um capítulo vergonhoso de nossa história recente, é igualmente vergonhoso colocar num mesmo nicho, em igualdade, este italiano assassino.


* advogado de Cesare Battisti, respeitado constitucionalista, que sempre faz bonito na tribuna do STF, e a quem aprendi a admirar por sua posição no julgamento da licença para utilização de células tronco embrionárias para fins de pesquisa científica.

3 comentários:

esther disse...

concordo plenamemte.

Jorge Carrano disse...

Querida Esther,
Sua concordância, por toda história de vida e bagagem política que carrega, dá mais consistência a minha opinião.
Obrigado pela visita e pelo comentário de endosso.
Beijo
Carrano

Jorge Carrano disse...

Tomara que seja verdade:

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/03/dodge-defende-que-presidente-pode-extraditar-cesare-battisti.shtml