19 de fevereiro de 2011

Meu sogro

A história contada no post anterior sobre o pensamento de meu sogro despertou o interesse e a curiosidade de minha neta, sobre o bisavô do ramo da avó paterna.

Então vamos lá. Uma outra boa história, que ele contava como verdadeira, hoje é tida e havida como uma piada. Não sei se por fruto da propagação da história real, que acabou incorporada ao folclore popular ou se ele próprio – João Campagna – já havia se apoderado da versão em curso na boca do povo e assumido como fato verdadeiro ocorrido com empregado dele.

Meu sogro, às páginas tantas de sua vida virou fabricante de sandálias e botinas rústicas. Boa parte do trabalho era artesanal, feito à mão ou em máquinas rudimentares.

Ele contava que um certo empregado aprendera a fazer o calçado. Durante algum tempo a botina era fabricada com couro (vaqueta) marron, mais comum naquele tipo de calçado.

Deu-se que num dado momento meu sogro resolveu fabricar o mesmo calçado com couro preto. Foi procurado pelo empregado: - Seu João, eu não sei fazer aquela botina que o senhor pediu. Retruca meu sogro: - Mas como, você já fez mais de uma dezena delas. E o Argemiro, um negro “da casa”, que trabalhava lá há muitos anos, tomando o café matinal e almoçando na casa do patrão argumentou: - Mas nunca fiz com couro preto.

Também ri muito num dia em que discutíamos – eram muitas pessoas na roda – os perigos da motocicleta. Cada um contando sua experiência com relação a acidentes ocorridos com o próprios ou presenciados. Vai daí que alguém comenta: - Eu tenho muito medo de motocicleta. Foi a deixa para o velho Campagna falar: - Pois eu não tenho nenhum medo de motocicleta. Ontem mesmo tinha uma parada aí na porta, e eu passei a mão nela, no guidon e no assento sem qualquer receio. Espírito de humor nunca lhe faltou. Só era sério de verdade e severo com os namorados das filhas.

Para encerrar, lembro a história do judeu que, segundo ele, morreu afogado porque não quis DAR a mão. Alguém na margem pedia, ”me Dá a mão” e o judeu não atendia. A correnteza o levou.

Mais tarde, relatando o fato, a pessoa que tentou salvar o fulano do afogamento, teria ouvido de meu sogro a seguinte pérola: - Você deveria ter dito “TOMA a minha mão”. Judeu não dá nada.



N do A: meu sogro não era racista, mas não perdia uma piada.

Um comentário:

Juliana Carrano disse...

Muito boas mesmo as histórias! Que figura meu bisavô! Adorei!
Obrigada por ter atendido o meu pedido!
Bjs