25 de fevereiro de 2011

Apicultura hindu no século XIII


Não tenho qualificação para escrever sobre apicultura hindu. Mas por outro lado, quem poderia se interessar pelo tema ?

Logo, temos um denominador comum, que no caso é zero.

Se apicultura já é um tema de interesse limitado, restrito aos produtores de mel, geléia real, propólis e outros produtos secundários, obtidos a partir dos favos das abelhas com ferrão, imaginem o interesse por esta atividade no século XIII e na Índia.

Se recorresse às enciclopédias ou wikipédia certamente obteria informações quaisquer que me colocariam acima dos comuns dos mortais, a propósito desta atividade.

Poderia começar falando dos sumérios e dos babilônios que já utilizavam o mel para fins medicinais, e daria para citar até Aristóteles, que fez estudos sobre este néctar. Isto daria ao texto um certo caráter erudito e a mim prestígio junto ao público leitor.

Que público leitor?

Confesso que pretensiosamente imaginei plagiar uma idéia de Lima Barreto, autor do famoso conto intitulado “O homem que sabia javanês”, que trata de tema parecido, ou seja, um universo absolutamente restrito de pessoas interessadas naquele idioma aglutinante do grupo malaio-polinésio.

A diferença fundamental é palpável: Lima Barreto tinha enorme talento, principalmente para textos de humor e sarcasmo, e conseguiu criar um fio condutor para a história, criando o personagem Doutor Manuel Feliciano Soares Albernaz, Barão de Jacuecanga, que precisava aprender a língua malaia.

Mais não digo, mas asseguro que vale a pena ler este e outros contos deste autor formidável, que “descobri” em 1961, ao me preparar para o vestibular de ingresso na Faculdade de Direito da UFF.

Naquele ano, excepcionalmente, o vestibular teve uma regra bastante salutar, depois abandonada. A prova do idioma português era eliminatória, e a nota mínima de aprovação era 6.
Não fossem os apadrinhamentos de praxe e as facilidades de contato entre os candidatos, que trocavamos informações durante as provas, aproveitando a falta de uma rigorosa fiscalização, e outros truques mais ou menos censuráveis, e teríamos, certamente, uma turma de calouros de muito bom nível. O que acabou não acontecendo.

A prova de português compreendia duas partes: literatura portuguesa, subdividida em autores portugueses e brasileiros; e gramática.

Entre os autores listados estavam: os Andrade (Oswald e Mário), Graça Aranha, Lima Barreto, Cruz e Souza, Joaquim Manoel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Artur Azevedo e outros brasileiros, e do lado dos portugueses além dos clássicos Camões e Gil Vicente, gente do porte de Alexandre Herculano, Antonio Feliciano de Castilho, Camilo Castelo Branco (o dos amores de salvação e perdição), Guerra Junqueiro, Almeida Garret, Bocage (o das piadas pornográfica) e outros.

Lima Barreto foi para mim uma grande “descoberta” por causa do vestibular, pois dele não tivera notícia antes.

As obras “Triste fim de Policarpo Quaresma” e “Recordações do Escrivão Isaias Caminha” são de leitura obrigatória.

Ah! Se você não conhece o conto “O homem que sabia javanês”, corra e leia. É uma delícia, seja na forma, seja na idéia central.

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