4 de novembro de 2010

Peocesso eleitoral - parte final

O título acima bem que poderia e deferia ser “festival de besteiras que assolou o país”, com a devida licença do saudoso Sergio Porto.*

O que presenciamos foi um festival de absurdos, bizarrices, agressões e baixarias, protagonizadas por ninguém menos do que o presidente da república e seus ministros, ministros do Supremo Tribunal Federal, candidatos, institutos de pesquisa e mídia.

O presidente da república abdicou de vez de governar (???) para se torrnar garoto-propaganda da candidata oficial. Ninguém pode tirar da presidente seu direito de ter uma preferência. O que não faz sentido é se transformar num cabo eleitoral vulgar, que em desprezo a liturgia do cargo, troca farpas com correligionários do candidato da oposição. Utilizando-se descaradamente da máquina governamental, colocou ministros nos palanques da candidata Dilma e fez até mesmo uso abusivo de recursos de empresas estatais (partidarizadas) que veicularam, ad nauseam, muita propaganda oficial, travestida de institucional.

O governo parou, porque o chefe da nação e seus ministros formaram um séquito acompanhando a candidata oficial em seu périplo pelo país.

Nunca na história deste país, um presidente se engajou tanto, de corpo e alma, para eleger seu sucessor.

No Supremo Tribunal Federal, o que aconteceu foi de uma bizarrice sem limites. Julgando a aplicação da lei batizada de ficha limpa, que exclui a possibilidade de registro de candidatura de pessoas com vida pregressa condenável, ou seja, condenados pela prática de crimes ou que tenham renunciado a seus mandatos para escapar da cassação, os senhores ministros divergiram em discurso jurídico e formação ideológica e foram incapaz de uma decisão; por duas vezes, em dois processos distintos, deu empate no julgamento. Isto certamente pode acontecer, na hipótese, como no caso atual, de haver um número par de ministros. Mas deveria haver uma regra clara e de aplicação compulsória, para o desempate. E o visto, ao vivo, numa sessão transmitida pela TV, é que não houve consenso nem na decisão sobre a regra a ser aplicada para desempate.


E ouvimos pérolas do seguinte gênero: nem mesmo o clamor popular nos permite passar por cima do devido processo legal.

Ora, o clamor popular era no sentido de que corruptos, fraudadores ou criminososem geral condenados, os ficha suja, não pudessem disputar eleições. Desde já.

Este era o espírito da alei, a chamada mens legis, que deve ser o parâmetro único para a hermenêutica.


Mas os senhores ministros, seja por consciência (livre formação de juízo), ou de maneira tendenciosa, através de filigranas jurídicas, e encantados com os fócos de luzes sobre suas figuras no plenário, sabendo-se alvo dos olhares de milhões de brasileiros, conseguiram complicar uma coisa simples que era: nós, o povo, não queremos rorizes e renans. E desde já, não daqui a dois anos. Simples assim.

Por sua vez, por escolha equivocada de metodologia, por falha na interpretação de dados ou por tendenciosa opção, erraram bastante em suas previsões. No primeiro turno e na boca de urna do segundo turno. Margens muito largas nas previsões, tendem a ajudar quem está na frente. É psicológico.

Tivemos o cacareco da século, uma figura grotesca de nome artístico Tiririca, que se elegeu com mais de um milhão de sufrágios.

Quem perdeu as eleições? Fácil a resposta, foi o Brasil. Serra era o mais preparado dos dois candidatos, embora tenha feito uma campanha de baixo nível, acompanhando, equivocada e desnecessariamente, o padrão imposto pala equipe da candidata do governo.

Torcer contra a DIlma, para que seu governo não seja bem-sucedido, seria de uma cretinice sem tamanho. Seria, mal comparando, o mesmo que torcer contra a seleção brasisleira, porque o técnico não convocou um jogadaor de sua preferência.

Mas continuo achando que o Serra seria melhor para o país.



* om o pseudômino de Stanislaw Ponte Preta, o brilhante jornalista/escritor e mulherólogo, publicava em colunas de alguns jornais o FEBEAPÁ, que viria a ser o Festival de Besteiras que Assola o País.

Um comentário:

ana laura diniz disse...

Prezado Jorge Carrano,

Muito prazer; como vai?

Sou Ana Laura Diniz, jornalista, e sócia da Esther Lucio Bittencourt no JORNAL PRIMEIRA FONTE, que tem versão em site e, recentemente, também em blog. http://primeirafonte.blogspot.com

Entro em contato porque somente ontem ela descobriu que fora citada em seu blog. Acabo de achar o post do dia 27 de novembro de 2009, intitulado "Antiguidades".

Claro que ela mesma entrará em contato contigo, mas antecipo aqui porque depois de tanto tempo, considero mais que importante o reencontro dos amigos.

Respondendo à dúvida do seu post, ela é mesmo jornalista. E aqui acabo de imprimir o teu post para dar a ela.

Então é isso. O e-mail dela é esthermaria@gmail.com

Além do jornal, outro contato foi o já realizado no blog dela, o Porcas & Parafusos.

Aproveito a oportunidade para dizer que me deliciei em seu blog. O senhor escreve muito bem! E ri em dobro com a história do Neil Sedaka, que ela já me contara algumas vezes. Que época de ouro!

Atenciosamente,
Ana Laura Diniz