5 de agosto de 2010

Mulheres

Depois do surto de ontem, acho melhor falar de coisas mais amenas, mais agradáveis e menos complicadas. Por exemplo, mulheres. Como? Mulheres são complicadas? Não aquelas com as quais não convivemos e não temos acesso.


Atribuo à feijoada do jantar de anteontem, que certamente não caiu bem, o ter perpetrado tanta tolice em relação ao destino.

Vamos, então, às mulheres.

Que eu saiba e lembre, o primeiro cronista a dar espaço e importância às vedetes, atrizes, modelos e mulheres bonitas em geral, foi o Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do saudoso Sergio Porto. Em sua coluna no extinto jornal diário intitulado Última Hora, em meio a personagens que celebrizou, tais como a tia Zulmira e o primo Altamirando, ele publicava fotos de vedetes do teatro de revista, então em voga, e atrizes conhecidas, sempre trajando maiô, que era o máximo permitido.

Pela coluna desfilaram Carmem Verônica, Virginia Lane, Mara Rubia, Nélia Paula, Angelina Martinez, entre muitas outras. Eram chamadas de “as certinhas do lalau” e ao final do ano ele elegia as dez mais.

Algumas freqüentaram a coluna por um bom tempo, como a Carmem Verônica; outras tiveram passagem efêmera.

As mulheres não eram, necessariamente, bonitas, mas sim desejaveis, tipo gostosonas ou, se me permitem a linguagem mais chula, verdadeiros tesões. A Nélia Paula, por exemplo, nem tinha rosto bonito, mas tinha um par de pernas de deixar as minhas bambas.

Bem, entendam que eu tinha entre 16 e 20 anos de idade, e ia assisti-la no Teatro Recreio, em revistas musicais produzidas pelo Walter Pinto. Além de ter que enganar a idade (o Porteiro fingia que acreditava), eu precisei matar aula para asssitir à sessão da tarde de "Tem bububú no bobobó".

Minha vedete preferida, entretanto, foi a Rose Rondeli.

Mais adiante surgiram as chamadas revistas masculinas, tipo Playboy e Status. Em suas capas e páginas centrais, desfilaram lindas e cobiçadas mulheres. Casos típicos de Vera Fisher (na época nova ainda), Luma de Oliveira, Magda Cotrofe, Rose Di Primo, Cida Costa, Claudia Egito, Milla Christie, Joana Prado e muitas mais.

Vale ressaltar que as primeiras que fizeram os chamados ensaios fotográficos, não eram retocadas por photoshop, não eram turbinadas com silicone e, melhor ainda, não tinham piercings ou tatuagens. Era tudo natural e sem desnecessários enfeites que caem bem nas índias xavantes. Estas, com seus peitos caídos e barrigudas, precisam sim de colares, miçangas, espetos no nariz e nas orelhas, para melhorar o visual.

Algumas mulheres são inesquecíveis, tais como Alcione Mazeo, mãe do Bruno, que herdou todo o talento do pai Chico Anysio. Ela interpretava, entre outros papeis, nos humorísticos do ex-marido, a personagem Dadinha, que deixou saudade. Por onde, santo deus, andará a Alcione Mazeo?

Se estiver como a Kate Lyra, a quem com todo respeito e pedindo licença ao Carlos eu admirava, é melhor não voltar às mídias. O tempo foi cruel com a Kate, que reapareceu numa novela em exibição. Que marmanjo não se lembra do bordão “brasileiro é tão bonzinho” com a aquele gostoso sotaque ainda conservado. Pena que só o sotaque.

O padrão Playboy de qualidade caiu um pouco. Vejo um anúncio de que a próxima capa será com a atriz Cleo Pires. Acho que a atriz não deveria ir além das novelas, como o sapateiro não deveria ir além das sandálias*.

É verdade que a revista já deu (ou perdeu, eu acho) espaço para “celebridades” passageiras, como algumas ex-BBBs, e outras como a bandeirinha Ana Paula, ou a ex-lider dos sem-terra chamada Débora Rodrigues. Quem se lembra delas? Estou citando porque li esta semana, na revista dominical encartada nas edições  d’O Globo, uma matéria sobre a Playboy e suas musas.

Quanto ao futuro, parece haver uma unanimidade de que a Fernanda Lima deveria ser convidada, a qualquer preço, para posar. Estou incluído, claro, nesta unanimidade. Mas acrescentaria outros dois nomes que muito enriqueceriam a revista, aumentariam sua tiragem e seriam, estou seguro, um deleite para meus olhos: Patricia Poeta (apresentadora do Fantástico) e Luciana Villas Boas (apresentadora do Jornal da Band).

*Segundo Plinio, o Velho, a célebre frase: “Sapateiro, não vá além da sandália” [Ne sutor ultra crepidam [judicaret], é de Apeles, famoso pintor da Grécia. Apeles, que costumava expor suas pinturas na porta do ateliê para observar a reação dos passantes, notou que um sapateiro examinava o pé de uma figura. Ao indagar-lhe o que tanto atraiu sua atenção, foi avisado que tinha se enganado quanto à fivela da sandália. Apeles agradeceu o reparo e apressou-se a corrigir o erro. Porém, o sapateiro não conteve a vaidade e fez outras censuras ao quadro, mas Apeles o criticou com a frase que se tornou lapidar.

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