Pela primeira vez na minha vida, irei exercer meu direito de voto. Sim, porque nas eleições passadas, desde 1958, portanto há 52 anos, votei porque era obrigado. Agora aos 70, estou alforriado.
Então, vou exercer minha cidadania, como dizem os analistas políticos, de minha livre e espontânea vontade, porque confio no candidato que irei sufragar.
O voto é secreto, mas com a mesma ênfase que o presidente Lula afirma que irá votar na Dilma, eu reafirmo que votarei no Serra.
Acho que se trata do candidato mais bem preparado, de tantos quantos foram eleitos direta ou indiretamente nos últimos anos. Inclusive Juscelino que fez um bom governo, admito.
Desta feita não comparecerei às urnas com receio de não poder renovar o passaporte ou ter que pagar multa.
É uma sensação de efetivo exercício de um direito.
Aos poucos vou me livrando de aborrecimentos, obrigações, perda de tempo, tais como votar quando não se tem opções de nomes confiáveis. Comentarei num próximo post outras obrigações desagradáveis.
Lembro que, num dos cursos que fiz, relacionados à área de recursos humanos, aprendi sobre um sistema oriental de seleção*, que tinha por base escolher o melhor disponível, mesmo que este que seria o homem ideal não fosse candidato à posição. O trabalho da comissão de seleção seria convencer o homem talhado a que aceitasse a incumbência.
Se não me falha a memória, coitada, tão desgastada pelo uso contínuo, no caso tratava-se de escolher um embaixador para um país do ocidente.
Eram óbvias as premissa básicas: conhecimento e domínio do idioma do país onde comandaria a representação diplomática; conhecer bem a história do seu país e a do país onde serviria; regime de governo, formação étnica, religião, lendas e tradições locais, etc.
Examinando os curricula dos pretendentes, os membros da comissão selecionadora sempre identificavam restrições em relação aos candidatos. Até que um dos avaliadores mencionou que o Fulano teria o perfil ideal, pela cultura, inteligência, caráter, etc., ao que outro selecionador comentou: - mas Fulano não se inscreveu. Aquele que sugerira o nome então respondeu: - pois tratemos de convencê-lo a aceitar.
Bem que poderíamos, por outras vias, melhorar as casas do congresso, rejeitando de tal sorte os candidatos que se apresentam, de modo a que as instituições legislativas ganhassem respeito e credibilidade, e, como consequência, depuradas, passassem a atrair pessoas de bem para a política, e não, como hoje, apenas bandidos em busca e imunidades parlamentares e ganhos escusos.
*Será necessário conferir, mas acho que esta história é um apêndice introduzido na obra Parkinson's Law, or The Pursuit of Progress, C. Northcote Parkinson, 1957.
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