12 de janeiro de 2021

Sou econômico, não economista

Este título informativo é necessário porque vou dar pitacos em área para a qual não sou qualificado profissionalmente.

Trata-se do anúncio impactante para a economia nacional,  do fechamento das fábricas da Ford no pais, em São Paulo (Taubaté), Bahia (Camaçari) e Ceará (Horizonte, na região metropolitana de Fortaleza)

Para início de conversa trata-se, é bem de ver, de uma decisão estratégica da companhia, de caráter global. 

Muito se fala de problemas do ambiente de negócios no Brasil, que peca por falta de infraestrutura de transporte ferroviário, por exemplo, pois o país prioriza o rodoviário, de custos mais elevados; fala-se também da necessidade da tão aguardada reforma tributária, que não sai dos projetos (são três parados: do governo, da câmara e do senado); alega-se a queda das vendas da Ford no mercado brasileiro; e outras causas aventadas pela imprensa especializada e palpiteiros de plantão, como eu.

Mas a origem da decisão da Ford, os fatos concretos relacionados são outros, que ouso especular.

Desde há muito tempo o emprego de robôs na indústria automotiva relativizou, diluiu, a vantagem da construção e manutenção de plantas fabris em países de mão-de-obra farta e barata. Ásia em especial.

Claro que a robótica permitirá que carros sejam montados no pais onde se localizam as matrizes (no caso USA), posto que não haverá significativo impacto nos custos.

Ademais as impressoras 3D, cuja utilização está em franco crescimento, permitem reprodução rápida a precisa de peças e componentes diversos, também em necessidade de muita atividade humana.

No caso específico do Brasil, a montadora ainda pode contar com a existência de acordo comercial entre nosso país e a Argentina, o que permitirá a manutenção das vendas aqui de veículos fabricados na país vizinho, a custos gerais mais baixos.

A lamentar o grande número de brasileiros que perderão seus empregos. Mas a culpa é da miopia dos governos que temos tido que só visam a preservação do poder.

Cadê nossos programas de governo? O que temos visto são programas de poder. No momento, de reeleição.

Cá entre nós, quando a Ford fechou ha pouco mais de um ano a sua fábrica de caminhões aqui no Brasil, já sinalizava que seriam necessárias medidas urgentes na política tributária, na melhoria de nossa infraestrutura, atenção ao comércio exterior, de sorte a evitar o desastre de novos casos de fechamento de fábricas e consequentemente de agravamento do desemprego.

Vide:

https://www.contabeis.com.br/noticias/40949/reforma-tributaria-entenda-os-projetos-que-estao-em-tramitacao/

https://economia.ig.com.br/empresas/industria/2019-10-30/ford-fecha-fabrica-em-sao-paulo-e-trabalhadores-serao-demitidos.html

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/01/11/ford-fecha-fabricas-e-encerra-producao-no-brasil-em-2021.ghtml


Curiosidade: quando a Ford adquiriu a Willys Overland que fabricava aqui o automóvel Aero Willys, na década de 1960, a agência de publicidade que atendia a conta da Willys teve uma excelente sacada para incremento de vendas "Faça como a Ford, compre Willys".

Com o tempo a Ford priorizou o Galaxie que ocupava o mesmo nicho de mercado.

4 comentários:

Jorge Carrano disse...


Que empresa ou conglomerado iria investir ou se manter num país cujo presidente afirma que está falido?

Bem, haveria um outro viés a considerar hipoteticamente: a Ford está pressionando para obter benefícios fiscais ou financiamento a custo favorecido, estas benesses que os governos concedem para atrair investidores.

Não creio, neste momento, nesta hipótese. Não vejo como blefe.

Jorge Carrano disse...


Para arrematar:

1. A reestruturação d Ford é de âmbito global;

2. É impensável em face da crescente preocupação ambiental, manter o ritmo de crescimento da frota de veículos movidos a combustíveis poluentes;

3. O Bozo, cada vez mais patife, responsabilizou o governador da Bahia, porque é do PT, por falta de previsão do que poderia acontecer. Pergunto se o governo federal nada tem a ver com este assunto. Não há interesse nacional envolvido? Canalha é pouco.

RIVA disse...

Enquanto a FORD mama 350 milhões do BNDES em 2017 e sai fora, a GM anuncia 1 bi de investimentos no Brasil.

Precisamos entender melhor essa "estratégia" da FORD, se é que o nome certo é esse ...... e com quem fez essa mamada, em qual governo.

Eu, particularmente, não suporto os produtos FORD.
Aqui no Brasil só comprei GM e VOLKS por muitos anos, e estou de FIAT com o mesmo carro há 17 anos.



Jorge Carrano disse...


Nunca tive, não tenho, e nunca terei um carro FORD ou de qualquer outra marca.
Desde 2010 deixei de ter automóvel.
Mas é inegável a história desta indústria e mais ainda a de seu fundador, o cara que bolou a produção em série, em linha de montagem.
Se está no DNA da montadora, então foi acertada a decisão deles, embora lamente a perda de empregos no Brasil, não só de empregados da própria empresa senão também das fornecedoras de equipamentos e peças, terceirizados.

“Henry Ford (1863-1947) talvez seja uma das pessoas mais conhecidas do mundo da Administração moderna, iniciou sua vida com um simples mecânico chegando a ocupar o cargo de engenheiro chefe de uma fabrica, porem o seu maior feito foi ter constituído a Ford Motor Company cujo um dos maiores sucesso foi o Ford Modelo T, que no Brasil ficou conhecido como Ford de Bigode, foi o produto que popularizou o automóvel e revolucionou a indústria automobilística, foi produzido por 19 anos entre os anos de 1908 e 1927 era um veiculo um veículo confiável, robusto, seguro e principalmente barato qualquer um era capaz de dirigi-lo ou consertá-lo.
Em 1913 a fábrica já produzia 800 carros por dia, com a implantação da linha de montagem Henry Ford criou um sistema de esteira, que movimentava o carro de forma que cada operário executasse a sua operação, isto aumentou em muito a produtividade, um carro ficava pronto a cada 98 minutos, a produção em série, revolucionou a indústria automobilística. Em 1926 já tinha 88 usinas e produzia 2.000.000 de carros por ano.”(wikipédia)

Está no Brasil há mais de cem anos. Mas acho que veículos movidos a combustíveis fosseis já eram. E no segmento de carros elétricos, por exemplo, os asiáticos estão na frente.