25 de julho de 2016

Fair play, fair-play ou fairplay

Por parte de ser humano? KKKKKKKKK


É tudo hipocrisia, falsidade, esperteza, falta de ética. Perdoem-me o ceticismo em relação ao ser humano, mas definitivamente foi um projeto fracassado, se admitida a teoria criacionista, se aceita a tese da seleção natural das espécies, considero in(volutiva).



O homem da caverna era como era, e pronto. O homo sapiens é espertalhão. É dissimulado, egoísta, falso.

E cínico, cara de pau, como um certo jogador do Flamengo que após uma vitória de seu time, com um gol irregular, declarou para o mundo que "roubado era melhor".

E o dirigente que suborna árbitros, ou atletas adversários, para obter vitórias inglórias? Alguns são até louvados, tidos e havidos como espertos. Mas são repelentes.

O Barão de Coubertin foi um ingênuo, um crédulo, que imaginou ser possível adotar no mundo esportivo os ideais aristocráticos de lealdade e honra.

Quando um governo patrocina ou faz vista grossa, quanto ao uso de estimulantes por parte de seus atletas, sinto nojo. Lamento que bons atletas russos, que têm honra, fiquem impedidos de participar das competições olímpicas, mas por outro lado acho que deveriam reagir internamente, contra programas que objetivem vencer a qualquer preço.

Nesta mesma linha, entendo que o corporativismo alimenta alimenta o maucaratismo, a fraude, o estelionato. Quando um Conselho de Medicina, ou de Engenharia, ou a OAB, acobertam um mau profissional, estão contribuindo para a degeneração do ser humano, que é muito mais grave do que o simples comprometimento da imagem da categoria profissional.

Muita gente duvida da integridade de advogados, com uma certa dose de razão. Mas em outros ramos de atividade humana o ato ilícito, escuso, é praticado em nome do dinheiro, do lucro fácil.

Vejam no terreno esportivo. O mesmo jogador que simulou ter sido derrubado dentro da área adversária, para obter uma vantagem ilícita (marcação de uma penalidade), não demora exige que a bola seja jogada para fora do campo de jogo porque há um companheiro precisando de atendimento medico.

E o pior, é só observar, o mais das vezes o jogador caído está simulando, porque quer ganhar tempo, se sua equipe está ganhando, ou porque havia iminência de contra-ataque do adversário.

Ganhar com fraude pode trazer real alegria? A honradez, a decência, valem menos do que uma medalha de ouro, do que o prêmio em dinheiro, quando se trata de competições de boxe, por exemplo?

O atleta dopado, que obtém resultado que não conseguiria se estivesse "limpo" de substâncias estimulantes, pode ter satisfação interior? Pode olhar-se no espelho e se orgulhar.

Nós, meros expectadores, desconhecendo a fraude, aplaudimos e vibramos com marcas fantásticas obtidas por alguns atletas, mas ele sabe que não foi ética, não foi honesta sua participação. E aí? Se ainda assim ele fica feliz, para mim é um animal irracional.

A musa deste blog, na área esportiva, a russa Maria Sharapova causou uma enorme decepção ao ser flagrada no uso de substância vetada para esportistas em competições. Fiquei triste, e cada vez mais descrente da possibilidade de haver fairplay no mundo esportivo, mister se envolve dinheiro como premiação direta ou indireta.



Sim, porque por vezes não há prêmio em dinheiro para os vencedores, mas estes conseguem patrocínios importantes em função de suas performances.

O caso de Lance Armstrong causou-me náuseas porque ele não se achava errado. Se não conhece o caso, leia aqui:



Em suma, às vésperas do início da Olimpíada no Rio de Janeiro, fico pasmo como uma das maiores preocupações do Comitê é com o doping.

Ou seja, a descrença no comportamento de atletas é uma prova inequívoca de que fairplay é utopia.


Notas do autor:
1) não sou um poço de virtudes, mas não sou um ser ignóbil. Não sou paladino da dignidade. Entretanto prefiro ficar com a honra do que com a glória imerecida.
2) este texto já estava escrito, quando uma decisão do COI, tomada pela manhã de domingo, resolveu não banir a delegação russa dos jogos olímpicos. Achei legal porque inocentes seriam punidos
3) Onde há muito dinheiro envolvido não se pode esperara lisura, honestidade.

5 comentários:

Jorge Carrano disse...

O assunto ainda rende:

http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2016/07/wada-reprova-decisao-do-coi-de-nao-banir-russos-da-olimpiada-do-rio.html

(copy and paste)

Ana Maria disse...

Existe um antigo ditado que "paga o justo pelo pecador.". A punição (aparentemente revogada), foi aplicada aos dirigentes da equipe soviética e os atletas para competir devem estar vinculados a uma entidade representativa do país. Logo, por uma questão de justiça, a Rússia deveria ser banida. Mas, como as Olimpíadas serão realizadas no país da impunidade, parece que foram liberados.
Quanto a sua sugestão de que os atletas "deveriam reagir internamente", certamente num lapso de memória esqueceu que estamos nos referindo ao país que não permite livre trânsito de seus cidadãos e, seguramente, não tolera dissidências internas.

Jorge Carrano disse...

E a glasnost?

Ana Maria disse...

Eu não acredito mais em papai Noel, embora creia que duendes existem.
Leia este artigo:

Snowden critica limitações à liberdade de expressão na Rússia

05 de SETEMBRO de 2015 - 22:20

Snowden está há dois anos na Rússia, país que lhe deu asilo mas para onde "nunca teve intenção de ir". O ex-consultor informático diz que nunca esperava estar livre. "Esperava estar na prisão", acrescentou.
O ex-consultor informático norte-americano Edward Snowden criticou este sábado as limitações à liberdade de expressão na Rússia, país onde se refugiou e para onde explicou que "nunca teve intenção de ir".

Alvo de um mandado de captura por ter revelado pormenores dos programas de vigilância eletrónica dos Estados Unidos da América, Snowden falava por videoconferência por ocasião da sua distinção, em Mølde, na Noruega, com o prémio Bjørnson para a liberdade de expressão.

Inquirido sobre a situação dos direitos humanos e, em particular, sobre o controlo da internet pelas autoridades do país onde reside há dois anos, Snwoden mostrou-se pessimista.

"É dececionante, é irritante. Esta decisão do Governo russo de controlar cada vez mais a internet, controlar cada vez mais o que as pessoas veem, incluindo alguns aspetos da vida privada, para decidir qual é a forma adequada ou inadequada de expressarem o seu amor uma pela outra, não está apenas totalmente errada como não é o papel de qualquer Governo", sustentou.

Snowden recordou que residir na Rússia não foi uma escolha sua, mas uma vicissitude. "Nunca tive intenção de ir para a Rússia, esse nunca foi o meu plano. Estava apenas de passagem, em direção à América Latina. Infelizmente, o meu passaporte foi congelado, foi cancelado pelos Estados Unidos", explicou.



Jorge Carrano disse...

Situação da atleta russa Yulia Stepanova, responsável por fornecer documentos que permitiram a revelação do escândalo de doping que atinge o país.

Leiam:
http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/07/26/russa-que-delatou-escandalo-de-doping-recorrera-de-banimento-da-rio-16.htm