15 de abril de 2016

Coitada da geração que nasceu na década de 40, no século XX

Coitado do Gusmão, que por último abordou o assunto aqui no blog. Coitados de nós, eu mesmo e o Carlos Frederico, que também fizemos muito cerol.

Vejam que a Câmara Municipal de Niterói, proibiu o cerol na cidade. 

Cá entre nós, é muita falta do que fazer, não é não? Com tantos problemas na área de  urbanismo (ocupação racional do solo, gabaritos nas construções, coleta e tratamento de esgoto),  ensino, saúde, transporte e  limpeza da cidade (vias públicas e coleta domiciliar, inclusive a seletiva), os caras perdem um enorme tempo cuidando de cerol.

As perguntas que não querem calar:

- A lei tem dois anos completos de vigência, quantas vezes foi aplicada, seja para apreensão, seja para multas? 
- Quais são as autoridades que controlam, fiscalizam e impõem as mutas?
- Qual o destino da receita originária da aplicação de multas?
- Anotaram o nome do vereador autor do projeto transformado em Lei? Não deixem de sufragar seu nome no próximo pleito municipal. É muito preocupado com o bem-estar da população da cidade.

Vejam o texto da lei:

LEI N° 3074 DE 27 DE JANEIRO DE 2014 Proíbe a produção e o uso de cerol e de linha chilena no âmbito do Município de Niterói. A CÂMARA MUNICIPAL DE NITERÓI Decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1° Fica proibida a produção, comercialização, guarda, o transporte ou o uso de cerol e de linha chilena no Município de Niterói. §1° Entende-se por cerol, o produto originário da mistura de cola de madeira com vidro moído, comumente utilizado nas linhas de “pipas”, “cafifas”, “papagaios”, “pandorgas” ou semelhantes. §2° Entende-se por linha chilena a produzida com composto de quartzo moído, óxido de alumínio e cola de madeira. 

Art 2° Ao infrator, do disposto no artigo anterior, serão impostas as seguintes penalidades, observando-se os critérios: I – se estabelecimento comercial: a) Apreensão do material instrumento da infração – refratário com o cerol, linha, pipa, manivela e/ou similares; b) Multa no valor equivalente à referencia M20, constante no Anexo I, do Código Tributário Municipal; e c) Em caso de reincidência, aplicar a multa em dobro e assim sucessivamente. II – se vendedor ambulante: a) Apreensão do material instrumento da infração – refratário com cerol, linha, pipa, manivela e/ou similares; b) Multa no valor equivalente à referencia M3, constante no Anexo I, do Código Tributário Municipal; e c) Em caso de reincidência, aplicar a multa em dobro e assim sucessivamente. III – se maior de idade: a) Apreensão do material instrumento da infração – refratário com cerol, linha, pipa, manivela e/ou similares; b) Multa no valor equivalente à referencia M3, constante no Anexo I, do Código Tributário Municipal; e c) Em caso de reincidência, aplicar a multa em dobro e assim sucessivamente. IV – se menor de idade: a) Apreensão do material instrumento da infração – refratário com cerol, linha, pipa, manivela e/ou similares; b) Advertência, por parte da autoridade fiscalizadora, por escrito e registrada com aviso de resposta, direcionada aos responsáveis pelo menor, com as especificações desta Lei, além do aviso da multa em caso de reincidência; e c) Em caso de reincidência, encaminhar multa, direcionada aos responsáveis pelo menor, no valor equivalente à referencia M3, constante no Anexo I, do Código Tributário Municipal; e d)Repetida a reincidência, aplicar a multa em dobro e assim sucessivamente. Parágrafo único. Na hipótese de os materiais a que se refere o caput do art. 1º desta Lei serem encontrados de posse de usuários, serão apreendidos e destruídos, não cabendo qualquer indenização.

Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições contrárias em especial o Decreto n° 11485/2013, publicado em 24/09/2013.

PREFEITURA MUNICIPAL DE NITERÓI, 27 DE JANEIRO DE 2014. RODRIGO NEVES - PREFEITO (SUBSTITUTIVO N° 03/2013 AO PROJETO DE LEI N° 230/2013 - AUTOR: LEONARDO GIORDANO) Omitido no D.O. do dia 28 de janeiro de 2014

13 comentários:

Jorge Carrano disse...

Esqueci.
Alguém aí tem visto cafifas no ar, ao vento?
As crianças ainda "soltam pipas"?

Jorge Carrano disse...

Por que coitados de nós?
Porque tivemos que viver numa época cheia de perigos: guerra de mamona com estilingue; cerol nas linhas; jogar futebol sem calçado, nas ruas;
pular carniça e outras brincadeiras e folguedos perigosos.

Por isso somos uma geração perdida, que não demos certo. Vejam só, a maioria acabou como médico, dentista, engenheiro, advogado, professor, diplomata ...

Se o cerol tivesse sido proibido em 1940 certamente eu seria outra pessoa, mais educada, mais culta, mais bem informada, e melhor profissional do que fui.

Jorge Carrano disse...

Dunga não caiu, ainda. E Dilma?
Cartas para a redação.

Freddy disse...

O Pé Pequeno e Santa Rosa eram grandes redutos de cafifas, com predominância de piões, mas também com morcegos e algumas arraias.
O Fonseca também fervilhava, basicamente só havia morcegos.
Dizem que lá para os lados de São Gonçalo imperavam as arraias.

Hoje em dia não vejo nada... Ou quase nada, uma aqui e outra ali. Diria que o cerol é até desnecessário pela falta de desafios nos céus.

Quanto ao perigo do cerol... talvez Riva tenha mais a dizer que eu. Motociclistas são as maiores vítimas de linhas esticadas em vias públicas, em geral depois que alguma cafifa voa e seu dono tem de recolhê-la.

Os acidentes são terríveis, admito. Por isso é altamente recomendado que toda moto tenha uma "antena protetora" sobre o guidom. Ou duas...

Proibir o cerol... Sim, há coisas muito mais importantes e que poderiam ocupar o tempo dos parlamentares de forma mais produtiva. Não nos esqueçamos, contudo, que o único projeto de um monte deles é apenas trocar o nome de uma rua, o que configura, aí sim, uma inutilidade total.

Freddy disse...

Quem cai primeiro?
A disputa é dura, porque mesmo afastada já agora, Dilma terá um tempo pela frente porque o processo de julgamento do impeachment é demorado - 180 dias, pelo que me contam. Pode ser que o Dunga consiga cair antes, já que tem uma prova dura já em junho.

Será que Dilma cai mesmo?
O placar do Globo me deixa ainda inseguro (posição de 6ª feira à tarde): apenas 344 intenções de voto em 342 necessárias. Já o Senado está mais confortável: 45 intenções em 41 necessárias, sem contar que ouço aqui e ali que o Senado não pretende desdizer a Câmara caso a votação seja expressiva a favor da saída de Dilma.

Acho, sim, que o Exército terá de se manifestar para manter a ordem pública. E não será nem Dilma nem Lula que irá convocá-lo, pois que são os mandantes da baderna. A coisa vai ferver mesmo é depois, caso Dilma caia e o PT se exploda!

Muita adrenalina nos espera nos próximos dias. E ainda tem Vasco x Fluminense...

Jorge Carrano disse...

Muitas emoções nos aguardam neste final de semana.

Muito refresco de maracujá, para acalmar, relaxar e hidratar porque o calor está demais da conta.

Jorge Carrano disse...

Quanto a troca de nome de rua, Freddy, são deste mesmo vereador, de orientação comunista (é do PT), os seguintes projetos:
- No Centro, altera o nome da rua Presidente Castelo Branco para Presidente João Goulart.
- Na Boa Viagem, altera o nome da Av. General Milton Tavares de Souza para Av. Telma Regina.

ARGH!!!

Jorge Carrano disse...

Entre o cerol e o motoqueiro prefiro proibir o motoqueiro (KKKKKK).

Jorge Carrano disse...

Porque estou confiante com a aprovação, na Câmara, de abertura do processo de impeachment no Senado.

Toca o telefone hoje, sexta-feira, por volta das 17 horas. Atendo e uma voz feminina diz que está falando da clínica tal, onde tenho uma consulta marcada na segunda-feira, às 8 horas e queria confirmar minha id
Fiz uma galhofe: e se for aprovado o impeachment domingo, terá a consulta?
Sem hesitar muito a atendente respondeu: "provavelmente será mantida a consulta ... é o que espero."
Rimos os dois e ficou confirmada a consulta. É a voz das ruas, das pessoas que não recebem o kit da CUT ou do MST:
boné, camisa, bandeira vermelha e trinta pratas. As vezes um sanduiche de mortadela e transporte até o local da manifestação.

Riva disse...

Já quase perdi um amigo motociclista por causa desse maldito cerol.

A esposa de um amigo meu, na Contorno, com o braço na janela do carro, quase teve o braço amputado por uma linha chilena com cerol. Desespero com os dois filhos no banco de trás.

Eu uso antena com navalha na minha motocicleta, e rezo para não encontrar uma FDP de uma linha com cerol atravessada no meu caminho.

Usar cerol se não é, deveria ser crime hediondo. Soltar balões também.

Uma questão de sustentabilidade, em sua abrangência total.

Vejam como um simples assunto impacta alguns e não impacta outros. Por aí temos uma amostra da dimensão de uma discussão sobre impeachment de um presidente.

Jorge Carrano disse...

Fiz piada, Riva, dizendo que se há de se proibir, para evitar acidente, entre o cerol e o motoqueiro prefiro que se proíba o
segundo.

Na minha infância e adolescência jamais tomei conhecimento de acidentes sérios provocados por cerol. Pudera, eram pouquíssimas as motos. Digo mais, eram pouquíssimos os automóveis.
Como já contei aqui, jogávamos pelada na Rua São Diogo, uma partida de 10, virando em 5, sem que passasse um só automóvel.
Esta rua, na época de terra batida, hoje é asfaltada e por ela transitam ônibus.
O cerol é o mesmo, então o que se modificou foi o surgimento de mais motoqueiros (rsrsrs).
Na verdade, os únicos acidentes que ocorriam eram com nós mesmos, os usuários. O dedo indicador da mão direita (para os destros), as vezes ficava cortado na dobra da falange. Claro. Principalmente quando era preciso recolher a linha, rapidamente, nos casos de tosa. Puxar a linha as carreiras poderia causar corte no dedo.
As estatísticas de morte no trânsito dão conta de que a maioria acontece com participação de motoqueiro (ou motociclistas) no acidente.
Bala perdida mata mais, muito mais, e não vejo ação concreta e eficaz para acabar com o uso de arma de fogo.
E o cigarro? Como gera impostos, é tolerado em certos locais.
Deixem o cerol em paz. É cada vez menor o número de meninos que soltam cafifas, estão todos de olho no smartphone. O problema se resolverá rapidamente, por desuso.
Bem, a sério, sou contra o cerol, atualmente, por outra razão de natureza mais, como direi, de piedade, de maldade.
Conto um caso concreto: Minha sobrinha Fernanda queria uma pipa. O pai comprou e a levou até a praia de Gragoatá, onde também tinha um gramado. Bom local para colocar cafifa no ar. Só que muitos meninos usavam o mesmo lugar e com cerol em suas linhas.
A Fernanda, com cafifa nova, recém-comprada, carretel de linha novo acabado de ser comprado, não usava cerol por motivos óbvios.
Foi ela conseguir empinar a pipa e em menos de dois minutos uma outra de um garoto, dando dibiques, cruzou sua linha com a da sobrinha e zapt, cortou-a fazendo a cafifa voar, como uma folha morta, ao sabor do vento. Conclusão prantos da menina que só queria se divertir sem competição.
Agora, escrevendo, tive um lampejo. Ao invés de acabar com o cerol ou com motoqueiros, vamos acabar com vereadores.

Riva disse...

Infelizmente não. Soltar pipa/cafifa é uma das diversões preferidas de todo o nosso entorno. Os maiores impactos/acidentes são na Contorno e Manilha, com linhas com cerol atravessadas na pista. Não está diminuindo. Pelo contrário.

Há pouco tempo tiveram que proibir a reunião nas areias de Icaraí às 5as feiras de centenas de praticantes do esporte/brincadeira. Impressionante as fotos que vi da praia, de madrugada !

Concordo que na nossa época nem lembro de uma moto passando na minha rua. Novos tempos, e consequentemente, novas leis, decretos, procedimentos, etc. O fato é que está matando !!

Nossa consciência coletiva em relação a mortes é ridícula, acho que porque a morte já é uma banalidade, como era na Colômbia na década de 70-80.

Certa vez estávamos no Blizzard Beach, em Orlando, parque aquático, e de repente soou uma sirene e todos foram obrigados a sair das águas. Conversando com um funcionário do parque, ele me disse que era um procedimento para quando havia uma probabilidade XPTO de raios, tendo em vista que a média de mortes por estarem dentro da água já era de 9 pessoas por ano.

(pano rápido)

Jorge Carrano disse...

É! Ando mal informado.