Adeus ano velho, feliz ano novo!!! Meio clichê, aliás, totalmente... Mas é esse tema que me traz de volta às escritas. Os lucros e perdas de um ano que se foi e as esperanças sobre o ano que chega.
Esse ano que está se encerrando foi muito marcante para mim.
Teve perdas, ganhos, conquistas, sonhos realizados, reencontros, despedidas,
renascimentos, crescimento pessoal, enfim... Olhando daqui teve mais lucros do
que perdas, e olha que estamos em plena época de crise.
Ao contrário do desapego, (falo no sentido emocional) as
perdas acabam nos aproximando de certas situações que nem ousávamos mais viver,
quanto mais dividir, passar. E foi exatamente isso que aconteceu comigo: apego
emocional.
Meu amigo, ídolo,
confidente. Meu pai. Herói. Se foi na metade do ano. Não chegou a me ver
realizando antigos sonhos, não me viu feliz na minha nova morada, mas sabia o
quanto eu estava feliz. Certamente sabia o quanto eram importantes para mim
essas conquistas.
Meu pai não era o centro das atenções, não era um homem
politicamente correto, tinha seus defeitos sim mas era meu pai! Ao longo dos
seus 69 ano de vida terrena, 48 anos ao lado de minha mãe e 45 anos como meu pai, não teve nenhum fato
marcando sua passagem.
Mesmo assim, cresci usando muitos traços dele como
referência pessoal, ouvindo suas queixas, seus dissabores pela vida dura;
cresci vendo meu pai trabalhar em 3 empregos para dar conforto aos filhos. Influenciou
muito minha vida em músicas, filmes antigos e a maravilhosa memória de que tudo
sabia embora já estivesse dando sinais de cansaço.
Mas sua partida para o plano espiritual causou uma mudança
radical em muitas vidas. Por mais preparados que estejamos (ou dizemos estar)
para esse tipo de desenlace, é bem nessa hora que descobrimos que nunca
estamos. Foi duro, confesso.
No começo então... Você lembra-se de fatos, a
última frase que trocou; o último momento junto; entra no quarto adentro e
ainda sente seu cheiro; vê seu chinelo no chão, na mesma ordem, seus pertences
ainda no mesmo lugar, como se nada tivesse acontecido...
Imagino que para a minha mãe que só saía do lado dele por no
máximo uma semana, tenha sido pior. Desde que meu pai adoeceu, ela não fazia
outra coisa a não ser cuida-lo. A duras penas, ela tem se mostrado guerreira, e
tenta passar a todos a fortaleza que se tornou em função dessa perda.
Por mais dor aguda no peito, por mais choro que sai sem
controle algum, por mais saudade que tenhamos dentro da gente, a partida de meu
pai teve um lado muito positivo para todos. Ele sempre fora muito família,
criado entre 4 irmãos, contava histórias de sua infância em Artigas que
adorávamos ouvir diversas vezes. Parecia piada, de tanto que ele se divertia ao
lembrar.
Dos seus 4 irmãos, um já havia feito a passagem há muito tempo e o
caçula encontra-se na cama há quase 2 anos (coma). Mas somos primos pelo menos
15 primos - que temos notícias - e foi nesse momento de dor que houve o
reencontro. Estamos espalhados pelo Brasil e até fora, mas essa tal de internet
(bendita inclusão) nos uniu de tal forma, que hoje estamos ligados por apenas
um click.
A ordem para esse fim de ano seria o desapego. Desapegar de
tudo aquilo que não nos cabe mais, de tudo o que nos aprisiona, que não faz
bem. Mas estamos apegados sentimentalmente. O apego criado tem ajudado a
cicatrizar a ferida, criando uma casca de proteção chamada amor, vemos outras
dores, partilhamos outras situações e o ponto de partida passa a ser o imã de
tudo isso.
No momento da solidariedade de familiares foi que descobrimos
novamente o gosto pela velha infância. Rimos de muitas lembranças e dividimos
tudo isso como se fosse à coisa mais simples da vida da gente.
Perdi sim, perdi meu pai querido. Dividi a dor da perda com
primas que também perderam sua mãe. Mas ganhei de volta tios, primos,
confidencias, risos, aprendi lições de vida, vi uma prima renascer após passar
por um problema sério de saúde, estou acompanhando outro primo querido na mesma
batalha.
Não quero desapegar. Não quero perder todo esse carinho.
Quero um ano cheio de marcas, de trocas de afeto, de vencedores de plantão, de
sonhos realizados. Quero o pé molhado no rio, o banho de chuva, o riso solto e
frouxo no ar, quer o doce mais gostoso sendo degustado, a promessa da viagem
sendo cumprida e se não der pra esse ano que seja quando você quiser, puder...
A minha paz interior, o meu sossego, as condições para uma
saúde melhor, um futuro melhor realmente só vai depender de mim.
Então, quero pra
você tudo que quero para mim: entre a vida que se surge e a continuidade do que
está tudo bom, dê direitos aos seus sonhos, suas vontades. Priorize-se, ame-se,
cuide-se. O resto é lucro. A vida é breve e num instante que passa, cicatriza
também.
Seja feliz. Essa parte só cabe a você.
Tudo de bom para todos.
10 comentários:
Alessandra,
Eu e Wanda estamos acabando de comemorar a virada do ano e nossos 51 anos de casados.
Obrigado por ter voltado ao blog.
Feliz Ano Novo!
Alessandra,
O novo visual confere mais jovialidade e é mais condizente com o início de um novo ano, quando em geral renovamos nossas esperanças, nossa fé, num mundo melhor.
Alessandra, sim, que o novo ano seja super generoso com todos nós, no seu sentido mais amplo.
Aqui em casa passamos por essas perdas 4 vezes, pois tanto eu quanto a matriarca vascaína perdemos nossos pais. Já até por aqui deixei uma mensagem maravilhosa do Artur da Távola sobre a perda do pai, que pode ser resgatada.
O tempo acalma, e a tristeza dá lugar à saudade. O foco passa a ser relembrar os momentos bacanas juntos.
Num rápido overview sobre 2015 para mim, em termos de trabalho não posso reclamar. Consegui trabalho em 9/12 meses do ano. Já estou em busca de novos projetos.
Conseguimos viajar, comprei um violão novo, meus filhos estão bem, li bons livros, ouvi muita música boa, dei uma pancadinha na loteria também numa hora boa (rsss), enfim, foi legal. De "não legal" foi a saúde da matriarca; está em tratamento e o cenário está melhorando.
Não vou comentar a política do Planalto nem a corrupção no país, porque não quero pensar nisso por algumas semanas. Eu mereço um descanso disso tudo. Até eles foram descansar ! Por que não eu ?
Futebol não foi legal para o meu FLU, foi muito mal mesmo. E isso faz parte da minha vida, e como! rsrs Me afeta mesmo .... não desapego. Na verdade não desapego de nada, do meu passado, do meu presente, e tento agarrar o futuro também.
Esse ano tem urnas para votarmos .... mas tem candidatos ? Não, não tem. É um momento bem complicado para a nossa sociedade. Será que uma LUZ virá para mudar tudo isso ?
E hoje, além de ser o DIA MUNDIAL DA PAZ, é aniversário do meu irmão FREDDY. Vida longa, brother !!
Bom dia Jorge!
Gosto mto de vir aqui. Realmente parece um divã...fico tão bem depois q escrevo..rsrs
Você sempre tão gentil e compreensivo, espero voltar aqui com mais frequência.
Parabéns ao casal pelos 51 anos de amor, união, cumplicidade e respeito. Parabéns pela familia linda. Precisamos marcar um reencontro. Estamos com saudades!
Feliz 2016!!!
Obrigado Alessandra.
Entoemos, agora, o "Parabéns a você" em comemoração ao birthday do Freddy. Vamos lá: https://www.youtube.com/watch?v=dbt974GsXBs
Começar o ano mudando de idade é motivo dobrado para receber votos de saúde, paz e prosperidade.
E para não deixar passar em branco sem futebol, uma notícia super relevante de última hora :
O VASCO SEGUE INVICTO EM 2016 !!
Feliz Ano Novo para todos !!
Sim, desapegar é preciso. Mas desapegar do que é desnecessário surpléfluo ou que nos faz mal. Lembranças da infância, amigos, o livro predileto, são ítens para se guardar avaramente.
Mudando de assunto, quero aproveitar o espaço para parabenizar os 51 anos de união do Jorge e da Wanda. Que Deus os conserve com saúde e disposição por mais umas décadas.
Quero também deixar meus parabéns ao Carlos Frederico, um dos mais ativos comentaristas deste blog. Que Deus lhe conceda as bênçãos mais valiosas: saúde e paz.
Aproveito o espaço para parabenizar Freddy. Felicidades mil ao lado dos seus. Sucesso sempre!
Obrigado pelas mensagens de felicitações pelo meu aniversário.
Parece que terei acesso a algumas benesses, como poder estacionar em vaga de idoso e andar de catamarã de graça. Quem sabe deixar de descontar uma boa parcela de meu imposto de renda daqui para a frente...
É, envelhecer tem suas mazelas mas também algumas conquistas, como experiência e moderação.
Bom ano novo para todos.
A esperança é a última que morre.
Abraços
Não são benesses Freddy. São compensações.
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