14 de janeiro de 2011

Minhas fontes secaram

Lembro com saudade do tempo em que garimpava discos de jazz, na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, São Paulo, na feira de antiguidades dos finais de semana.

Eu morava num flat, bem pertinho, na Rua Cardeal Arco Verde e fiz boa camaradagem com um dos feirantes. Além do preço baixo, ele me permitia levar os discos escolhidos para ouvir “em casa”. Se eu gostava, pagava; se não, devolvia.

Comprei muita coisa boa, usada. Não diria raridades, mas preciosidades. Por vezes confabulava com meus botões: por que alguém se desfaz de um disco deste?

Não preciso dizer que estou falando dos bons e velhos LP, que em boa hora estão sendo ressuscitados.

O problema é que não tenho mais vitrola. Acho que com a volta dos vinis, valerá a pena investir num toca-discos, até porque poderei voltar a ouvir o que tenho em vinil e não adquiri em CD. Sim, porque com o fim dos LPs e a inutilização, por tempo de uso, de minha vitrola (não achava mais agulhas de cristal adequadas), passei a comprar álbuns que já possuía, influenciado pelos discursos de que alguns registros remasterizados tornavam o som mais limpo, sem ruídos, nos CDs. Que saudades dos chiadinhos e até empenos dos meus discos de 33 totações.

Outra fonte de abastecimento que acabou, foi a cadeia internacional de lojas de discos Tower Records, que fechou suas portas no ano de 2006.

Nas viagens de meus filhos a NY, sempre encomendava alguma coisa que não estava disponível no mercado brasileiro. Conseguí, deste modo, muito antes de serem importados pelas lojas especializadas aqui no Rio de Janeiro, as únicas 4 gravações feitas em estúdio pela fantástica dupla Ella Fitzgerald&Louis Armstrong.

Agora no final de 2010 fechou suas portas uma das mais tradicionais e respeitadas lojas de discos da cidade do Rio de Janeiro, a Modern Sound. Funcionou não sei exatamente por quanto tempo, mas certamente por mais de 30 anos.

Atualmente as músicas são “baixadas” na internet e são ouvidas em traquitanas as mais variadas, até mesmo telefone celular.

Eu continuo com meus discos, minhas fitas cassete, minhas fitas de vídeo VHS, contendo shows e festivais, ocupando espaço, empoeirando e mofando.

Nos dias que correm, o poeta guardaria em sua casa de campo, os amigos, seu Kindle e seu IPad, e nada mais.

Mas relíquias devem ser preservadas, senão o questionamento que eu fazia quando comprava na feira de antiguidades obras que eu achava valiosíssimas sob o ponto de vista artístico, não entendendo como alguém poderia descarta-las, alguém fará (o questionamento) a meu respeito.

Um comentário:

Juliana Carrano disse...

Acompanho seu blog e posto comentários que são, na mesma hora, disponibilizados para você autorizar a publicação, em certo ponto, a tecnologia abre portas e torna tudo mais simples, mas, eu mesma, não dispenso o VHS. hahaha
Bjs