2 de junho de 2017

Sobre Fluminense x Grêmio e o ATO DE TORCER



Por
RIVA
(reproduzindo texto do Dr. Sena, médico cardiologista de Nikity)








"Cheguei cedo ao Maracanã como nunca aconteceu antes. Faltava ainda uma hora para o jogo e entre rampas e túneis, escolhi ficar em um local não muito comum. Sei lá, não queria muvuca hoje. Talvez fosse um sinal.


E então o jogo começou: o juiz expulsa um nosso, o Grêmio faz um e logo depois faz dois. Mata o jogo. Mata a classificação. O Maracanã murcha.

De repente do meu lado esquerdo ouço gritos desenfreados de NENSE enquanto do meu lado direito ouço vaias e xingamentos de todos os tipos.

Eu, bem ali no meio, sou um pouco dos dois naquele momento. Quero cantar, mas quero xingar quem tá cantando. Quero xingar, mas quero aplaudir quem canta. A dualidade me deixa confuso e no intervalo eu simplesmente escolho descer ao setor inferior, coisa que raramente fiz nesse tal "novo" Maracanã. Foi a melhor decisão.


Assisto o segundo tempo sentado, sem forças para cantar e nem para ir embora. Quero só estar ali. Marcar presença.

Mas aí aqueles torcedores que ficavam ao meu lado esquerdo não querem saber disso. Cantam. Apoiam. Empurram.

De repente, todo o Maracanã parece estar jogando junto. Menos aquele lado direito que ainda insiste em xingar e vaiar. Penso: torcer é realmente uma coisa de maluco! Antes eu tava puto com tudo.

Agora tô rindo com o menino de uns 3 anos que tava na minha frente pulando e cantando todas as músicas. O jogo parece não existir mais.

Estamos ali simplesmente pelo ato de torcer. Cantamos todas as músicas. Gritamos o nome dos jogadores que merecem. E, ironicamente, gritamos olé quando conseguimos trocar uns 5 passes.

Saio do estádio com um sentimento que não sei definir.

Na saída encontro um grupo de torcedores do Grêmio antes de entrar no metrô. Eles me parabenizam pela "minha" torcida e dizem que nunca viram isso antes na vida. E que na "Arena isso jamais aconteceria".

Ainda não sei o que pensar. Depois eles perguntam como é "aquela música do meu coração acelera", eu os ensino. Eles agradecem e me parabenizam de novo. Eu os parabenizo pela vaga. Um deles me abraça e diz: nós ganhamos o jogo, mas os verdadeiros vencedores hoje foram vocês.

E só sabe disso quem entende que torcer é algo inexplicável. Vou embora agora entendendo as coisas. E transbordando de orgulho daquele lado esquerdo."

PS: esse texto, autorizado, foi esplendorosamente escrito pelo meu amigo Sena, sob forte emoção, após testemunhar a atitude da torcida do meu FLUMINENSE no Maracanã, na quarta-feira, com o time perdendo e sem nenhuma chance de classificação logo no início do 1º tempo do jogo.


Mas ficaram lá, até o final, demonstrando seu amor pelo clube do seu coração. É realmente inexplicável, uma paixão que muitos não compreendem. Eu compreendo.....e como !

13 comentários:

Jorge Carrano disse...

Nelson Rodrigues, retrucando o José Maria Sacassa, na "Grande Resenha Facit" definiu categoricamente: Meu querido Scassa, futelol é paixão. Sou um dramaturgo, por isso entendo muito desta coisa".

Isso a propósito de uma crítica ácida do Scassa (flamenguista) dizendo que o Nelson nada entendia de futebol e que não palpitasse.

É isso aí, meus caros Riva e Dr. Sena, futebol é paixão.

Jorge Carrano disse...

Desde ontem tenho ouvi e lido muitas loas em honra da torcida do Fluminense.

Disse o técnico Abel Braga: "A torcida fez o Fluminense ganhar um time" e prosseguiu prometendo muita disposição, muita luta e muita entrega do time nas próximas partidas.

Toni Platão cumprimentou o povo tricolor: "O que vocês fizeram será responsável por todas as vitórias e conquistas que chagarão neste ano."

Unknown disse...

Nossa torcida não é a maior, mas com certeza é a melhor. Primamos pela qualidade e não quantidade. Prova disso é o texto de autoria do Dr Sena, tricolor do mais alto escalão, que nos faz a torcida mais bela, mais inteligente,;composta por tricolores de coração. SAUDAÇÕES TRICOLORES! !!

Riva disse...

Gostaria de aproveitar esse momento do blog de um post tão bem escrito, e regado a tanta emoção, independente da sua natureza, para postar um texto da minha esposa, comemorando e me homenageando hoje nos meus 65 anos, com um texto que escrevi há 2 anos, sob a emoção da idade, a mesma que levou meu amado pai. Gostaria de compartilhar com vcs o texto, que tudo tem a ver com muitos da nossa geração, seus sentimentos, vivências, cicatrizes de uma época super feliz. Então .....no próximo comentário .....

Riva disse...

Hoje é o aniversário dele, Paulo March !!!
E para comemorar, aí vai, esse lindo texto que ele fez quando completou 63 em 2015 !!!!
Te amamos do tamanho do céu !!!!

Texto do Paulo March : no próximo comentário

Riva disse...

Sobre fadas e 2 de junhos
Nasci em um dois de junho, numa 2ª feira, às 2 horas da madruga, em um ano de final 2.
Signo ? Gêmeos !
Lembro com alegria dos meses de junho da minha infância, aquele friozinho começando a entrar às 18h no final das tardes, quando soavam as Aves Marias em uníssono pelas casas do meu bairro. Lembro dos lindos céus azuis de junho, e das belas noites de céu absolutamente estrelados, limpos, únicos em todas as estações do ano.
Lembro do cheiro dos dias de São João, dos balões inofensivos naquela época. Ainda sinto o cheiro das batatas doces assadas nas fogueiras das quadrilhas em terrenos baldios, do milho cozido, dos salsichões assados na brasa e passados na farinha, do caldo verde servido nas quermesses anuais do Instituto Abel, meu colégio no Ginásio e Científico em Niterói (de 1963 a 1969).
Lembro também da simplicidade nas comemorações, sem festas, alguns presentes que nem me lembro mais, nada de especial ... pelo menos que eu me lembre. Uma camisa de banlón (é assim que escreve?), uma calça, uma botinha estilo Beatles ... um reforço na mesada !
Ah, sim, meu tio e padrinho, Tio Gui, uma vez chegou lá em casa com seu lindo Citroen, e me deu de presente um maço de balões japoneses, que acendíamos com muita alegria, e ficávamos torcendo para que pelo menos alcançassem a rua Itaperuna, adjacente à minha rua, a rua Itaocara, no fantástico bairro do Pé Pequeno, em Niterói.
Esses balõezinhos não tinham força nenhuma para subir, mas eram uma festa entre nós. A melhor parte era correr atrás deles quando apagavam. Os mais loucos e ousados subiam nos telhados das casas e árvores para conquistar o troféu da captura de um deles. Não raro tascavam um, quando dois os pegavam ao mesmo tempo !
Buscapés eram para os mais corajosos, ou pelo menos, para soltarmos escondidos dos nossos pais. E os vulcões ? Demais ....... bombinhas bebé, estalinhos ... estou sentindo o cheiro da pólvora queimada, impressionante !
Meu irmão Carlos era baloeiro, e nos meses de junho juntava sua tchurma de asseclas para a confecção de balões maiores, para desespero do meu pai, e euforia da minha mãe. Havia uma certa competição entre os baloeiros de Niterói na época, o que dava um certo glamour ao evento da subida/ascensão e queda dos balões, alguns com acessórios (rs).
Meus dois de junho foram se acumulando, acumulando, sem grandes comemorações. Afinal, a gente casa, tem filhos, e essas datas são mais comemoradas pelos e para os nossos filhos, não por nós, perde um pouco o sentido ... é assim com vocês ?
Nós passamos mais a comemorar bodas disso e daquilo, mas aniversário, não. A não ser passagens especiais como os famosos e perturbadores 40, 50, 60, chega !!!!!
Esse dois de junho me é especial, pois faço 63 anos, a idade que meu pai tinha quando me deixou. E por isso um marco, naturalmente especial.
Meu querido pai não conseguiu curtir sua passagem por aqui no lindo Planeta Azul, por fatos que se tornaram desafios em sua vida pessoal e profissional, desde cedo. Foi uma pessoa muito especial, um ser de LUZ, como também o foi minha saudosa e querida sogra, Dna. Edith, uma pessoa muuuuito especial !
Por isso tudo faço uma avaliação nesse momento.
Tive até hoje uma vida maravilhosa , em todos os sentidos. Uma infância e juventude saudosa de tão boa que foi, apesar dos problemas que vivenciávamos em casa, com a cegueira da minha mãe. Surgiu uma fada em minha vida, minha avó Carolina, que me deu muito carinho e amor nesse período complicado para todos nós.

Riva disse...

Um belo dia surgiu na minha vida uma outra fada, deslizante com seus cabelos negros compridos até a cintura, aquele vestidinho básico e lindo, aquela cintura fininha, aquele passinho e aquele sorriso ...... o coração quase saltou pela boca, congelei, capitulei definitivamente. Deve ser um presente de Papai Noel, pensei .... era Natal de 1970. E minha vida se transformou completamente, se acalmou, tinha agora um norte.
ISA, minha LUZ, uma vida só para admirar e me orgulhar com ela, com nossos três filhos maravilhosos. Tanta coisa boa para relembrar, e tanta coisa boa ainda por vir, juntos.
Amo vocês demais, Isa a Fátima, Rodrigo, Breno e Paulinho, um amor do tamanho do Céu, sem limites ! Eterno ...
Valeu !! Tim Tim !

Maria Cecilia disse...

Torcer é um ato de fé, seja contra ou a favor de algum resultado.
As pessoas amadurecidas entendem que, ao escolher uma agremiação como alvo de sua admiração, estão criando espectativas dependentes de tantas variáveis que poderíamos comparar a um jogo de azar.
As pessoas amadurecidas se comportam como as descritas no post. Divertem-se e cumprimentam os adversários pelo belo espetáculo.
Os inseguros, imaturos, revoltados e/ou passionais, perdem-se em gritos, provocações, brigas, palpitações, surtos e outras tantas atitudes belicosas e destrutivas.
Saudações aos tricolores.

Jorge Carrano disse...

Com que então você passará a economizar o dinheiro despendido em passagens de ônibus.

Amigo, o texto é de veras bonito e cumprimento toda a família.

Mas uma coisa que muito me chocou; saber que há entre nós uma abissal diferença de 12 anos.

Acredite, Riva, você sentirá muita saudade dos seus 65 anos de idade. Portanto, aproveite muito. Com moderação, mas com intensidade.

Ana Maria disse...

Parabéns Riva. Pelo aniversário e pelo texto. Bonita a homenagem da Isa. Saúde e amor na vida de vocês.

Riva disse...

Grato por dividirem comigo esse momento.

Carrano, ontem eu no ponto do ônibus cedo, e pergunto ao motorista que abriu a porta :

-Ainda não tenho o Bilhete Senior,só a identidade, como faço ?
-Entre pela porta traseira e mostre a ID para a câmera no teto do ônibus.

Entrei, estiquei o braço com a ID para a câmera, e aí ouço uma voz :

- Já está nessa, amigo ?

kkkkkkkkkkkkkkkk .... um antigo amigo sentado no último banco me viu naquela, e me sacaneou. Assim foi a minha estréia.

Jorge Carrano disse...

KKKKKKKKK

Mas vale a pena. Duas passagens de ônibus e duas de barcas por dia, no fim do mês pagam o JW.

Riva disse...

hehehe tim tim, bom domingo para vcs