30 de janeiro de 2018

Estamos em guerra, é só admitir

Passaram de uma centena as mortes de policiais militares no Estado do Rio, no ano passado. Este ano, ainda nem terminado o primeiro mês, já passam de uma dezena os policias mortos.

Homenagem em sepultamento.  

Assassinados em combates com traficantes em sua maioria. Não divulgam, ou não vi, as estatísticas sobre marginais mortos por policiais em confrontos.

Aposto meus colhões, que ainda prezo muito, inobstante o desgaste pelo tempo de atividade metabólica, que o número de bandidos mortos é bem inferior ao de policias.

Seria muito melhor para a sociedade que as manchetes estampassem, diariamente: “Dez bandidos mortos no dia de hoje.”

E ainda assim levaríamos alguns anos para acabar com eles. Porque eles se proliferam como cogumelos, de forma espontânea. Alastram-se como erva daninha, contaminando as comunidades periféricas e os morros da cidade.

E não será com os meios ora empregados de combate a criminalidade que obteremos um resultado satisfatório.

Precisamos admitir que estamos vivendo num estado de  guerra civil. E se é guerra, precisamos agir como se age numa guerra, sem contemplação com o “inimigo”. Inclusive com suspensão de algumas garantias individuais.

Moradores reclamam contra invasão de suas casas, mas não admitem que são obrigados a acoitar bandidos, dar-lhes  abrigo, para que fiquem a salvo das incursões da polícia. E nem sempre são “obrigados”.

Não há gente honesta, decente e trabalhadora nas comunidades carentes? Claro que há, mas precisariam colaborar denunciando e, principalmente, protegendo seus filhos das influências e das seduções da marginalidade.

A Globo, em suas produções, o mais das vezes glamouriza bandidos e dá-lhes  protagonismo. A teledramaturgia, mesmo na ficção, é um espelho da sociedade, sim, mas é preciso ser exibida sempre de forma a valorizar as forças do bem, aquelas que se arriscam para nos proteger. Bandido não pode ser herói. Nem mesmo  Robin Hood.

Errol Flynn, como Robin Hood

Roubar para distribuir com pobres também é condenável. Esta visão romântica, e por vezes hipócrita, é que nos deixa longe de soluções. Tolerância zero não é admitida pela maior parte da população.

Querem exemplos? O que acontece quando a fiscalização tenta apreender mercadoria geralmente de origem criminosa (roubo e contrabando)? Os transeuntes iniciam protestos a favor do camelô, do tipo: "coitado está trabalhando."

O outro rouba no supermercado e a notícia veiculada é: “furtou para comer”.

Não se podem tolerar pequenos delitos. Você levaria para casa um encantador filhote de urso? Ele cresce não é? A impunidade aumenta a atividade criminosa, em número e em audácia.

Para amenizar a crueza e o veneno destilado no texto, encerro com uma piada a respeito de guerra, ou melhor, da expressão guerra é guerra, que justifica todos os atos  reputados inadequados ou condenáveis politicamente.

Consta que numa pequena cidade tomada por tropas inimigas, um soldado agarra a força uma velhinha e tenta estupra-la. Um sargento presenciando o fato grita e repreende o soldado: “largue a velhinha, não se envergonha?”

Ao que a velhinha, carcomida, poucos dentes e fala fraca retruca: “deixe ficar sargento, afinal guerra é guerra.”

Por que não admitir e declarar que estamos em guerra contra traficantes de drogas e armas, contra assaltantes de cargas e caixas de bancos?

Rudolph Giuliani

E como consequência empregar medidas de exceção, tipo “olho por olho, dente por dente”.

Tolerância zero foi um bom nome adotado pelo prefeito nova-iorquino.

12 comentários:

Riva disse...

Estamos em guerra sim , há muito tempo, porém sem estratégia de guerra. Já escrevemos muito sobre isso por aqui. Bem como sobre o porque do sucesso do Tolerância Zero em NY - pacto apolítico, união total das mídias, inteligência.

Aqui, nessa cleptocracia, isso é simplesmente impossível ... só pode talvez sofrer alguma alteração se uma pessoa muito importante for diretamente atingida. O povo está literalmente entregue às baratas.

Pergunta : existe caminho constitucional para tirar todos esses caras do STF, antes que eles destruam a nossa sociedade ? Se existe, qual é ? Através do Senado ? Como funciona isso ?

Jorge Carrano disse...

Sim, Riva, existe, e o caminho está definido na lei abaixo. Deixo de colocar todo o texto porque é longo, mas basta a leitura de seu artigo 2º.

LEI Nº 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950.

Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta eu sanciono a seguinte Lei:

PARTE PRIMEIRA

Do Presidente da República e Ministros de Estado

Art. 1º São crimes de responsabilidade os que esta lei especifica.

Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da República.

Jorge Carrano disse...

Veja, ainda, o art. 52 da Constituição Federal:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
.................
II- processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade.

Riva disse...

Desculpe o termo, mas estamos F....... !!

O Senado ? Eu temia por isso. A Cleptocracia envolve o Senado Federal.

Ou seja, constitucionalmente, não há chance.

Vc viu hoje no JN a fragilidade da presidente do STF, tentando responder às perguntas simples e objetivas (incrível) do repórter daquela grobo ?

Na web hoje rolou que o tal evento que o molusco disse que era na Etiópia é na verdade no Sudão ! Mas ele iria para a Etiópia, por não ter esse país tratado de extradição firmado com o Brasil !!

Vai ser difícil superar tudo isso normalmente ....

Ana Maria disse...

Acho que Jorge não entendeu a pergunta do Riva da mesma forma que eu entendi.
Não podemos contar com o presidente ou com o Congresso. Logo, só existe uma forma de destituir o STF constitucialmente. Seria a Ministra Carmen "Lúcida" entender a importância de seu cargo e chamar a cavalaria.
Creio que encontrariam meios legais de criar um governo provisório e afastar todos os atuais envolvidos. Poderiam convocar juizes e desembargadores para eleição de novo STF. E outras medidas a serem discutidas com o povo.
Eu, pessoalmente, preferia a intervenção militar pura e simples, por uma geração pelo menos.

Jorge Carrano disse...

Rio de Janeiro hoje:
Vias expressas interditadas quase o dia inteiro. Pessoas acuadas. Tiroteio. Um caos na cidade.
Se isso não é guerra civil, falta só descobrir o pelo no ovo.

Jorge Carrano disse...

Ana Maria, querida irmã. Pinçando um trecho de seu comentário: "E outras medidas a serem discutidas com o povo."

Isso é discurso da esquerda. O povo que decide com alguma sabedoria é o civilizado, educado, com consciência política. Mas não estamos na Dinamarca, ou Suécia.
Estamos num Brasil, que tem um povo que se dispõe a votar (segundo pesquisas) num candidato condenado em duas instâncias, por corrupção.

E que pretendia fugir do país, conforme matéria que você mesma me enviou. Está no link abaixo:
https://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/lula-inventou-a-reuniao-na-etiopia-para-escapar-da-cadeia/

Meu intuito, ao responder ao Riva, foi só confirmar que o impeachment de ministro do STF é da competência do Senado, nos termos da Constituição Federal.

Ana Maria disse...

O povo esclarecido tem discutido via redes sociais
E essas discussões e protestos fazem diferença. Fiz este comentário apenas para acalmar a esquerda. Visto que havia sugerido intervenção militar.

Jorge Carrano disse...

Noticiário sobre os problemas de segurança no Rio:

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/entre-as-9-comunidades-com-mais-tiroteios-no-rio-4-tem-upps-cidade-de-deus-lidera.ghtml

Jorge Carrano disse...

Será que São Paulo descobriu o caminho das pedras?

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/02/01/numero-de-mortos-por-policiais-dobra-na-gestao-alckmin-e-e-o-maior-em-22-anos.htm

Riva disse...

Cliping de 09 fev 2018 :

- arrastão às 6:30h na Moreira César, com troca de tiros
- assalto 8h na Rua Nóbrega com troca de tiros
- 4 vagabundos num carro branco barbarizando o Gragoatá às 7h da manhã (possivelmente os mesmos da Moreira César)
- ontem assalto de dia à loja da Claro na Moreira César. Bando armado invadiu e limpou a loja, que não abriu hoje

Icaraí infestado de pessoas estranhas ao bairro, circulando, nitidamente com más intenções. Ruas desertas depois das 21h.

Kd o prefeito ? Covarde e omisso.

Jorge Carrano disse...

Riva,

Com parte da polícia envolvida com a criminalidade, com desembargadores até ministro do STF concedendo liberdade a marginais de todas as estirpes, não vejo solução.

A não ser com estado de exceção (suspensão das garantias individuais) e mão-de-ferro, tipo "Wanted: Dead or Alive".