15 de junho de 2017

ALHEADO

Sou de fases. Acho que desde a infância. Não fui garoto de rua, mas brinquei muito na rua. E obedecia, assim como todos os demais vizinhos dos arredores: Morro da Penha, Vila Pereira Carneiro, Ponta D’areia, as fases de cada uma das nossas diversões preferidas.

Alguém poderá dizer, não sem um tantinho de razão, que sempre era época para soltar cafifa, para jogar bola de gude ou rodar peão. Verdade! Mas por alguma razão, fossem as condições climáticas, fosse a moda que ia e voltava, pular carniça, brincar de escambida (pique), guerra de mamona com atiradeira, as bolas de gude, as pipas, tinham fases mais agudas.

Dependia do sol, do vento, de estarmos ou não de férias. No colégio nem tudo era possível, então as férias ditavam normas.

Adulto, ou mais velho, continuei com as mudanças de amor, de paixão ou prazer com uma ou outra atividade cultural ou de puro lazer. Tive a fase cinematográfica. Ir ao cinema era a diversão preferida. A fase do entusiasmo pela leitura, em especial dos clássicos (graças a Biblioteca Pública Estadual agora reaberta com administração municipal); depois migrei para a literatura latino-americanos (Borges, Vargas Llosa, Garcia Marques, Cortázar, Sabato). Já havia, por necessidade (vestibular), passeado por literatura em língua portuguesa (Machado de Assis, José de Alencar, Cruz e Souza, Eça de Queiros, Antero de Quental) .

Vargas Lllosa
Garcia Marquez
Sabato





A música sempre me deu prazer. Como já mencionei ad nauseam, em muitos dos mais de dois mil posts publicados, por razão que não sei explicar sempre gostei do jazz, a começar pelas big bands e pelo estilo New Orleans. Anos 1940 e 1950.

Mas a fase de surgimento dos talentos Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime, Caetano e Gil,  e outros, muitos outros, e dos sambistas de bom nível que popularizaram o gênero Zé Keti, Monarco, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, também me levou a comprar discos e cassetes. E ouvir muuuinto. Meus filhos se lembram da fase até hoje.

Bem, o jazz me levou aos periféricos, as adjacências, blues, gospel. Tenho muita coisa em vinil, com os mais renomados bluesmen americanos.

Buddy Guy
John Lee Hooker

BB King

Aqui no Brasil alguns artistas nacionais tiveram êxito no jazz e no blues. A “Traditional Jazz Band” é muito boa, assim como a “Blues Etílicos”. E em carreira solo o Celso Blues Boy.

Ouçam, jazz e blues interpretados pelos versáteis e virtuosos músicos brasileiros. O Celso Blues Boy com a participação luxuosa do BB King (é mole?)







Ocorre que quando voltei de São Paulo fui morar na roça (São José de Imbassai) e afastei-me da literatura e do jazz. Virei um homem rude, do campo (rsrsrs).

Não, não há relação direta.  É que minha vida mudou muito. Quintal para varrer, plantas e jardim para molhar, banho no cachorro, lavar o varandão, consertar a casa (casa está permanentemente com reparos para fazer).

Voltei para a cidade e voltei a trabalhar. Com pouca grana, fui ficando alheado, sem frequentar shows ou comprar discos e CDs.

Estando por fora não conhecia a banda Blues Beatles, que o Paulo teve e gentileza de me apresentar enviando um link.

Ouvi, e tornei a ouvir com muita satisfação. Fui ao Google e  ao YouTube em busca de mais informações. Os caras são fenomenais, do vocalista ao baterista. Todos músicos de nível internacional, acreditem. Fariam bonito mesmo nos USA.

E eu pensava que apenas o Eric Clapton, branco e britânico iria me surpreender com voz e alma negra.




Aproveitem para admirar, se não conhecem, o talento destes brasileiros da banda Blues Beatles, uma harmonização do gênero blues com os Beatles. Fiquem com duas faixas para curtir:







Nota do autor: mais sobre a banda em https://www.bluesbeatles.com.br/

Um comentário:

Jorge Carrano disse...

A música "A Hard Day's Night" esta na trilha de uma novela que minha mulher está acompanhando.

Desta forma tenho ouvido com muita regularidade.

Só que a versão da novela, fui verificar, foi gravada pelo Skank.

A performance da banda Blues Beatles é bem melhor. Opinião pessoal, claro.