8 de dezembro de 2010

Inglaterra

As primeiras informações que tive sobre a Inglaterra, se me não falha a memória saturada, davam conta da pontualidade dos ingleses. Desde menino ouvia falar da pontualidade britânica.

A seguir tomei ciência da existência de um grande relógio, a que chamavam big ben e fazia parte da reputação de pontualidade. Desde que o vi, pela primeira vez, em foto de revista, passei a admirar aquele exemplar de relógio, que, ademais, fica num prédio imponente.

Com o tempo, e a cronologia a partir deste ponto não é seguida à risca, vieram as informações sobre Robin Hood, que na floresta de Sherwood, roubava dos ricos para dar aos pobres. Grande herói, representado nas telas pelo galã Errol Flynn. Tempos do Ricardo Coração de Leão, que me empolgou pelas histórias a seu respeito, principalmente como um dos líderes da 3ª Cruzada, a mais importante de tantas quantas foram organizadas.

E a Carta Magna e o João Sem Terra.

Já mais crescidinho, e nas aulas de história geral, aprendi sobre as infindáveis guerras contra a França, chamando minha atenção, em especial, a dos 100 anos. E foi aí neste momento que fiquei sabendo  que o padroeiro do país é São Jorge. Se já não bastassem os outros motivos, este, por si só, já me colocaria ao lado dos ingleses naquelas medievais e em quaisquer outras disputas.

Os Tudors, com Henrique VIII destacando-se como grande monarca que enfrentou a poderosa Igreja, e dela se afastou, criando o anglicanismo e fazendo-se chefe da nova religião, impressionou o adolescente. Do citado rei, vale lembrar, guardo na memória o fato de haver casado inúmeras vezes e de ter vivido muitos anos (no momento está sendo exibido um seriado sobre este período histórico), bem acima da expectativa de vida na época, sem contar as traições e assassinatos por envenenamento, que faziam com que a sucessão no trono ocorresse em curtos períodos de tempo.

Alguns anos mais tarde outro líder inglês chamou minha atenção e a do mundo, quando ao assumir as funções de premier disse nada mais ter a oferecer senão sangue, suor e lágrimas.

Os ônibus de dois andares, vermelhos como as cabines telefônicas me encantavam.

No terreno esportivo o Arsenal, de Londres, se destacava como uma das melhores equipe de futebol no mundo. E mais, veio ao Brasil para uma partida amistosa com o Vasco da Gama, que venceu com goal de Nestor. No longínquo 1949. Meu coração, até hoje, fica repartido entre estas duas equipes.

Ouvia falar, com certo encantamento, dos pubs e dos clubes fechados (only for men), com toda aquela tradição, pompa e circunstância.

Shakespeare era encenado em todo o mundo e alguns de seus personagens e seus bordões se popularizaram logo: to be or not to be?

Sonhava então em um dia ter um mordomo, que eu achava ser o sumo da sofisticação e elegância e seu nome seria Thomaz, numa homenagem ao homônimo, escritor e ex-chanceler do Henrique VIII, por uma associação de idéias. Era uma utopia eu um dia poder me dar ao luxo de ter um mordomo inglês. O motorista seria James.

O menino cresceu e um dia pode ir conferir, in loco, algumas das coisas atribuídas aos ingleses. Seus hábitos e tradições. Sua história.
Nâo precisei de mais do que um dia, para me certificar que a Inglaterra é o país e Londres a cidade onde moraria com o maior prazer.

Nem vou falar, porque seria covardia, de minha visita a Oxford.

Vou me limitar a dizer que no dia seguinte a minha chegada a cidade, como não poderia deixar de ser, resolvi remeter cartões postais para amigos e parentes. Comprados os postais e os selos, localizei a caixa coletora de correspondência numa esquina nas cercanias do hotel. Uma plaqueta presa na lateral chamou minha atenção. Apontava os horários de passagem das viaturas que recolhem a correpondência depositada na citada mail box. Eram 3 diferentes horários e um deles, o primeiro, apontava 9h:32seg. Ri comigo mesmo pela absurda precisão de 32 minutos e resolvi, como faltava pouco tempo, cerca de 20 minutos, esperar e conferir. Fomos, eu e minha mulher, para aproveitar o tempo faltante até as 9:32h, até uma  daquelas pequenas praças que são particulares, fechadas, e cuidadas e administradas como um condomínio por moradores do local. Um charme.

As 9:32, nós e a viatura dos correios chegamos até a esquina onde estava a caixa coletora. Tenho foto.

Preciso dizer mais alguma coisa? Para quem como eu é amante da pontualidade nos compromissos, como respeito às pessoas e como dever social, aquilo foi um prato cheio.

Poderia citar que lá se toma a verdadeira e incomparável Guiness, mas não o farei porque ela é irlandesa. Só está mais próxima.

Tenho uma nora que também gosta muito de Londres, cidade onde viveu por breve período, estudando. Se ela vier a visitar o blog e ler este post, é provável que meta a colher, porque quando falei aqui da derrubada das bananeiras, criticando, ela se manifestou. E, sendo o caso, poderá me corrigir ou reforçar minha opinião.

2 comentários:

Tea with Erika disse...

Concordo com tudo (exceto pelo Arsenal!) em gênero, número e grau. Amo a Inglaterra de paixão, não só pela pontualidade (meu ônibus para a escola passava exatamente às 8h02 todos os dias!), mas também pelo humor refinado, pelo clima, pelas tradições e inúmeras outras razões que não citarei para não me alongar muito. Viveria lá o resto da minha vida sem sombra de dúvida!
Só corrigindo, não eram bananeiras e, sim, jaqueiras...

Jorge Carrano disse...

Valeu! Erika,
Obrigado por lembrar-me do humor refinado.
Obrigado, também, pela correção. Com efeito foram as jaqueiras que defendi, numa causa que nada tinha de nobre. Esposei a tese errada.
Beijo