26 de dezembro de 2010

Filhos escolhidos pelos curricula

Faz muito tempo, nem sei precisar, estava assistindo o Sem Censura, programa da TV Educativa (agora TV Brasil).

Para quem nunca assistiu, trata-se de um programa de entrevistas e, eventualmente, debates. Quatro ou cinco convidados por programa, de atividades bem diversificadas.

Entre vários convidados e assuntos interessantes, vez ou outra aparecia um ilustre desconhecido para falar de tema enfadonho ou desinteressante.

No dia a que me refiro, um dos participantes era um cantor/compositor de nome Paulinho Moska, de quem jamais ouvira falar. Num dado momento a Leda Naegle – apresentadora - ia dar início a entrevista com o mencionado convidado. O ato reflexo foi pegar o controle remoto, instrumento utilíssimo. Considerando o nível de programação de TV, indispensável. Isto no mundo todo, não se iludam.

Não sabia quem era o tal e pretendia continuar na santa ignorância, para manter meu padrão seletivo.

Ocorre que a primeira pergunta da Leda, estava relacionada a paternidade, tema que me agrada (família e amizade me interessam). O Paulinho Moska acabara de ser pai. A pergunta foi simples e direta. Como é ser pai ?

O convidado passou a dissertar sobre a emoção e para descrever como o filho era bonito e saudável, usou a seguinte imagem: ele é um bebe de supermercado. E explicou: é como se eu tivesse ido a um supercado que vende bebes e tivesse escolhido. Quero aquele ali, gordinho, rosado...ele é lindo!

Eu simplesmente adorei a definição. Simples e criativa maneira de descrever o quanto seu filho era bonito e saudável.

Refletindo sobre minha vida, família, trabalho, nestes dias que antecedem o final de mais um ano, no decurso do qual completei setenta anos, ao trazer à memória os filhos que tenho, lembrei do Paulinho Moska.

Não é o caso de parafrasear ou fazer analogia, e dizer que foram escolhidos em supermercado. Não; se pudesse agora escolher os filhos que gostaria de ter, o critério seria o de exame dos curricula. E, por este critério, os escolhidos seriam exatamente os mesmos que tenho.

A história de cada um, valores éticos, inteligência, formação moral, firmeza de caráter, senso de responsabilidade, espírito de luta e capacidade de amar, não me deixariam outra escolha.

Sou um homem feliz porque o destino me deu a família que eu escolheria, se pudesse selecionar num universo sem limites.

Jorge e Ricardo são os filhos que qualquer pai dotado de bom senso e formação moral dentro dos padrões convencionais escolheria, sem pestanejar. São meu orgulho.

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